Economia

Porto promove estratégia de atração de investidores privados para resposta na habitação

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Miguel Nogueira

A propósito da participação no MIPIM, em Cannes, o presidente da Câmara do Porto foi um dos convidados de um episódio do podcast “The Urbanist”, da Monocle Radio 24, onde falou sobre a estratégia de atração de investidores privados para dar resposta às necessidades de habitação, mas também da importância da futura linha de alta velocidade para a região norte de Portugal e a Galiza.

Em entrevista ao jornalista Andrew Tuck, que questionava sobre o equilíbrio necessário para dar resposta em termos de habitação ao crescendo de novos residentes e a quem, sendo cidadão do Porto, procura rendas acessíveis, Rui Moreira disse acreditar que a cidade tem duas opções: “ou matamos a procura ou aumentamos a oferta”.

Assumindo que a política do Município é a segunda opção, o presidente da Câmara afirmou que esteve no MIPIM, o maior evento mundial dedicado ao mercado imobiliário, para “encontrar investidores que queiram construir habitação acessível”.

“O que oferecemos é a modalidade “build to rent”, um sistema que os britânicos conhecem muito bem, de arrendamentos de longa duração, em áreas vazias da cidade das quais podemos despender”, explicou Rui Moreira, acrescentando que, como contrapartida, os investidores terão de considerar uma parte das habitações para arrendamento acessível.

Numa lógica de “devolver aos cidadãos os rendimentos que temos com os impostos na habitação”, o presidente da Câmara revelou que, durante o MIPIM, “já alguns investidores nos disseram que se querem juntar a nós”, construindo habitação e colocando-a no mercado, com a Câmara a pagar uma parte da renda por um período de cinco anos, ajudando à fixação de população jovem.

Rui Moreira não tem dúvida de que “temos que atrair os investidores privados para nos ajudarem a resolver o problema dos custos elevados de habitação”, diminuindo os seus níveis de desconfiança. “O Porto tem 13% de habitação municipal, fizemos o nosso trabalho, mas continuamos a precisar de mais habitação”, reforça, lembrando como a cidade mantém a tendência de atração de pessoas para as empresas tecnológicas que se vêm fixando no Porto.

À Monocle Radio 24, o presidente da Câmara falou, ainda, do impacto que o “plano ambicioso” do Governo para trazer a alta velocidade para o país terá na dinâmica da região, não só do Porto, mas do Norte de Portugal e da Galiza.

Para Rui Moreira, ficar com o aeroporto do Porto a 35 minutos de Vigo e a 1h15 de Lisboa, e com conexão a Braga por via ferroviária, “pode mudar a realidade da economia da cidade e prepará-la para ser um dos maiores hubs no Norte da Península Ibérica”. Além do “impacto importante no ambiente”, a alta velocidade irá refletir-se nos custos de deslocação, acredita o presidente da Câmara do Porto.

Este ano, o Município do Porto participou no MIPIM numa estratégia conjunta com Vila Nova de Gaia e Matosinhos. Em Cannes, a Frente Atlântica apresentou o Greater Porto, que, desde a sua criação, já foi capaz de atrair mais de 100 milhões de euros de investimento em projetos para a região.