Mobilidade

Um novo Porto está a nascer a oriente com o Plano de Urbanização de Campanhã

  • Paulo Alexandre Neves

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"Uma verdadeira revolução urbanística". Foi assim que o presidente da Câmara do Porto definiu hoje, nos Paços do Concelho, o Plano de Urbanização de Campanhã. Na presença do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que teve hoje o seu primeiro ato público depois de ter tomado posse no cargo, e de Joan Busquets, reputado arquiteto catalão autor do projeto, Rui Moreira reconheceu que o projeto para a Alta Velocidade, associado ao plano, vai operar uma profunda transformação na zona oriental da cidade.

“[O Plano de Urbanização de Campanhã] Vai, de facto, operar uma profunda transformação do espaço urbano, desenvolvendo uma nova centralidade na zona oriental do Porto", assumiu o presidente da Câmara, revelando que "o território que circunda a Estação de Campanhã ficará irreconhecível, no médio e longo prazo, em virtude da ampla intervenção urbanística motivada pela linha ferroviária de Alta Velocidade".

“Apesar dos problemas de coesão social e territorial, Campanhã é a freguesia com mais potencialidades de desenvolvimento da cidade do Porto", acrescentou. Por isso, este projeto permitirá eliminar barreiras físicas à mobilidade, melhorar as acessibilidades e estabelecer ligações entre áreas verdes. "[Campanhã] Tornar-se-á mais atrativa para o investimento público e privado em habitação, em comércio, serviços e start-ups, em iniciativas culturais ou em projetos ambientais", reconheceu o autarca portuense.

Masterplan define linhas estratégicas

Rui Moreira, que, para além do ministro das Infraestruturas, esteve também acompanhado do vereador do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, e do vice-presidente das Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes, lembrou, a propósito, que, em 2018, foi desenvolvido um masterplan que define as linhas estratégicas de atuação do Município na zona oriental da cidade.

“Em Campanhã, temos em curso um programa de intervenção municipal abrangente, multifacetado e com uma forte componente social. Mobilidade, habitação, ensino, saúde, cultura, desporto e ambiente são algumas das áreas abrangidas por este programa", disse Rui Moreira, perante vereadores do Executivo, o presidente da Assembleia Municipal e demais convidados, nomeadamente, o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, representantes da Infraestruturas de Portugal (IP), STCP, entre outros.

Na intervenção municipal há a assinalar a conclusão do Terminal Intermodal, a requalificação de escolas e equipamentos desportivos, a beneficiação dos bairros municipais, a melhoria da oferta cultural e a ampliação do Parque Oriental. Há ainda a intenção de construir uma esquadra da PSP e um centro de saúde, sem esquecer, conforme lembrou o autarca portuense, "o ambicioso projeto para o antigo Matadouro Industrial, com valências que vão desde a incubação empresarial à criação artística".

A tudo isto deve ainda acrescentar-se a construção da Ponte D. António Francisco dos Santos, que irá ligar Oliveira do Douro, no lado de Gaia, a Campanhã, no lado do Porto. "Como já tive a oportunidade de referir, vai ser necessário compatibilizar a nova travessia com o projeto da Alta Velocidade, de forma a acautelar os interesses da cidade e de Campanhã", afirmou o presidente da Câmara.

“A intervenção municipal vai muito para além da requalificação urbanística, sendo, sobretudo, uma operação que promove a interseção e as sinergias entre diferentes áreas fundamentais para a qualidade de vida urbana", vincou Rui Moreira, acrescentando: "Em suma, Campanhã é um território de futuro. Não voltará a estar à margem do resto da cidade. E a linha de caminho-de-ferro, que atravessa a freguesia, vai deixar de ser uma barreira para se tornar um horizonte de mudança. Um novo Porto está a nascer a oriente".

“Vamos criar cidade à volta da Estação de Campanhã”

No seu primeiro ato público enquanto ministro das Infraestruturas, João Galamba deixou a garantia de que "vai ser criada cidade à volta da Estação de Campanhã". "De ambos os lados da linha férrea numa nova centralidade com diferentes usos e serviços, muito para além do mero interface de transportes", apontou.

Por isso, afirmou João Galamba, "a Estação de Campanhã será intermodal, altamente funcional e cómoda para quem a frequentar", assegurando, por outro lado, que "o projeto da Alta Velocidade, cuja execução permitirá a requalificação da zona de Campanhã, será a maior transformação na ferrovia, em Portugal, no último século".

O novo ministro das Infraestruturas sublinhou, a propósito, que a aposta na ferrovia vai continuar "sem nenhuma hesitação ou mudança de rumo", corroborando a opinião do presidente da Câmara do Porto, de que o projeto de alta velocidade é, "por si só, uma verdadeira revolução".

“Mais e melhor infraestruturas resultam em maior coesão social, melhor qualidade de vida para as populações, aumento das trocas comerciais e maior desenvolvimento socioeconómico do país", concluiu João Galamba.

“Primeiro minuto" do plano

Para o vereador do Urbanismo e Espaço Público, este foi "o primeiro minuto" do Plano de Urbanização de Campanhã. "É tempo de virar a página, o paradigma de desenvolvimento deste território alterou-se com uma nova visão que se tem para o futuro desta zona”, frisou Pedro Baganha, adiantando que o plano irá criar um “’pequeno’ Plano Diretor Municipal para as zonas de Bonfim e Campanhã”.

“Estamos a falar de transformar uma área problema da cidade numa cidade de oportunidades”, acrescentou.

Já o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes, pronunciou-se sobre as linhas orientadoras da alta velocidade, projeto apresentado, em cerimónia pública na Estação de Campanhã, em setembro do ano passado. De recordar que a nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases, com via dupla e bitola ibérica.

“A Estação de Campanhã vai-se constituir como um dos principais 'hubs' [pontos centrais] ferroviários do país, senão mesmo o principal hub ferroviário do país", revelou Carlos Fernandes, acrescentando: "Ou seja, 200 estações ficarão ligadas a Campanhã por serviço direto de comboio, sejam para sul, sejam para Norte, sejam para Portugal e sejam para Espanha".

Coube a Joan Busquets apresentar as linhas mestras do Plano de Urbanização de Campanhã. Para o arquiteto catalão, trata-se de um desafio para toda a cidade: “É fundamental esta ideia que há uma ideia potente de uso do transporte público e criar centralidades, como vocês já tem aqui, no Porto”. “Campanhã será um lugar que terá muitas mobilidades, bem implementadas. Vai ser uma centralidade que vai jogar com outro tipo de virtudes, numa espécie de anel híbrido”, concluiu.