Cultura

Prémio de artes Paulo Cunha e Silva

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Paulo Cunha e Silva, o vereador da cultura que o Porto
perdeu tragicamente em novembro, vai dar nome a um prémio internacional de
artes visuais, de que a Fundação Millennium será mecenas. Destinada a jovens
artistas portugueses e estrangeiros até aos 35 anos, a distinção foi ontem
anunciada por Rui Moreira, durante a homenagem que a Câmara do Porto fez ao
ex-vereador através da exposição "P. - Uma Homenagem a Paulo Cunha e Silva, por
extenso", ontem inaugurada na Galeria Municipal do Porto.


Rui Moreira, presidente da Câmara e responsável pelo pelouro
da cultura da autarquia, acompanhado por vários vereadores do seu executivo e
pelo presidente da Fundação Millennium, lembrou que foram muitas as propostas
para que, rapidamente, a Câmara homenageasse Paulo Cunha e Silva, mas que quis
esperar: "Sentimos que uma homenagem ao Paulo teria de constituir um gesto de
grande coerência, porque era um acto de uma enorme responsabilidade", disse,
acrescentando: "entendi que a homenagem que lhe prestaríamos teria que ser um
projecto artístico, que acrescentasse, e teria de ser desenvolvido no tempo, no
espaço e através do formato certos".


Rui Moreira explicou ainda que a exposição "foi assim que
idealizámos uma homenagem a partir de um ambiente e de um discurso que se
ligasse ao Paulo e que não nos desligasse do Paulo. Ou seja, uma homenagem que
conseguisse ser simultaneamente uma evocação da sua memória passada mas também
do seu futuro."


Numa das paredes da Galeria Municipal do Porto, onde está
patente a exposição até de 22 de maio, com entrada livre, podem também ler-se
palavras de Rui Moreira.


"Homenagear Paulo Cunha e Silva através de uma exposição
significa comissariar um discurso sobre todo um universo mais fácil de
vivenciar do que explicar. Significa revisitar impulsos cheios de luz e de
graça; redescobrir lugares construídos com humor e velocidade; absorver um
sistema munido de referências, pessoas e ligações; recriar um mapa composto por
caminhos vertiginosos, atentos ao abstracto e ao concreto; compreender
fascinantes rizomas de conceitos e propostas. Nada parecia ter fim. Só energia
e futuro", afirmou, acrescentando: "homenagear Paulo Cunha e Silva através de
uma exposição significa coerência e dificuldade. Significa saudade; também
justiça e orgulho. Connosco, fica aquele sorriso que nunca o abandonou. Até o
perdermos de vista. Ficam as suas ideias, a pairar, as de profundidade e as de
superfície, que por vezes eram as mais profundas - tal como a pele, como dizia.
E este ponto, tal como o do Porto, não pode por isso ser um ponto final; é um
ponto de partida para algo maior, incontornavelmente indefinível; para uma vida
que nunca abandonará a cidade e que a cidade jamais abandonará. Porque o seu
único horizonte era o que ainda estava por fazer."


Para além de um núcleo documental, a exposição apresentadas
obras dos seguintes artistas, comissariados por Paulo Cunha e Silva em
diferentes momentos do seu percurso: Alberto Carneiro, Albuquerque Mendes,
Cristina Mateus, Dalila Gonçalves, Gabriel Abrantes, Joana Vasconcelos, João
Leonardo, João Louro, João Onofre, João Pedro Vale, Julião Sarmento, Miguel
Palma, Pedro Tudela, Rui Chafes e Yonamine.


 

Miguel von Hafe, o curador da exposição, realçou a perceção muito singular que Paulo Cunha e Silva teve sobre o seu papel e vocação na vida e a capacidade para cruzar universos.