Sociedade

Histórias da Cidade: Marégrafo da Cantareira, a "sentinela" à entrada da foz do Douro

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

Em pleno Dia da Marinha vamos conhecer melhor um marco histórico do património da Foz do Douro e que, tantas vezes, passa despercebido a quem por ali passa, mas com uma importância primordial a marinheiros e gentes que fazem do mar a sua atividade profissional ou de simples lazer. Falamos do Marégrafo, que dá nome ao local – Cais do Marégrafo –, integrado na zona envolvente ao Farol-Capela de S. Miguel-o-Anjo.

Mas antes de falar sobre o monumento convém explicar, sucintamente, o que é um marégrafo. Trata-se de um instrumento científico, que permite registar a variação da maré ao longo do tempo e cujos resultados servem para determinar o nível médio das águas do mar e a elaboração das primeiras tabelas de maré. No caso do da Cantareira é um dos poucos marégrafos que, para além de registar a maré em papel, possibilita a visualização da mesma, através da escala existente no exterior.

Com efeito, as marés - inquietação astral e previsível dos oceanos - marcaram o ritmo de entrada dos barcos na barra do Douro ao longo de séculos. Os navios faziam um trajeto arriscado, manobrados pelos experientes pilotos orientados pelo facho que encimava o Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo e pelas balizas do rio e suas margens. Manobras sempre arriscadas e que obrigavam a uma atenção redobrada à entrada da foz do Douro.

Testemunha de tantos perigos desde finais do século XIX, o Marégrafo da Cantareira tornou-se "sentinela" desde há mais de 100 anos, registando o nível médio das águas da barra, através de uma bóia que flutua num poço. Este pontal, onde assenta a capela renascentista, ficou conhecido como “Cais do Marégrafo”, a que se junta também um anemógrafo (outro dos instrumentos ali existentes e que media a velocidade dos ventos).

O marégrafo envolve a zona do Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo, datado do século XVI e o primeiro edifício renascentista português. É também o mais antigo farol de Portugal, desativado no século XVII e classificado, em 1951, como Imóvel de Interesse Público.