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Do sucesso do programa de rastreio aos lares à obra do Matadouro, saiba o que disse Rui Moreira na RTP

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O presidente da Câmara do Porto esteve hoje no Jornal da Tarde da RTP para anunciar, em primeira mão, os resultados finais do programa que, na cidade, testou utentes e funcionários de lares e de outras instituições, que cuidam pessoas com deficiência, sem-abrigo e acolhem jovens e infetados com HIV. Com números francamente positivos, que detetaram apenas 1,4% de infetados num universo de quase 5.000 pessoas, o programa de rastreio soma-se a outras medidas que o Município agilizou, como o hospital de campanha e o centro de rastreio móvel. Rui Moreira falou ainda sobre a DGS, a TAP, as assimetrias regionais nos apoios, e terminou a entrevista destacando a importância do projeto do Matadouro, cuja construção vai ajudar a cidade e a Região a ultrapassar a crise.

O autarca iniciou a entrevista com a nota de que ficará atento às medidas governamentais que vão acompanhar o desconfinamento, previsto a partir do início da próxima semana, considerando que "vai haver muitos movimentos pendulares" e que é necessário olhar "ao universo das nossas deslocações", para que as medidas funcionem.

Mas o que levou Rui Moreira especificamente esta tarde aos estúdios do Monte da Virgem foi principalmente a partilha do sucesso do programa de rastreio a todos os idosos institucionalizados, seus funcionários, e unidades residenciais que cuidam pessoas com deficiência, sem-abrigo e acolhimento de jovens e infetados com HIV.

Em 73 lares de idosos e em 25 daquelas unidades, apenas foram detetados 73 casos positivos. O rastreio iniciou a 29 de março e ficou nesta segunda-feira integralmente concluído. Contou com o apoio do Hospital de São João e dos dois Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da cidade, e distinguiu-se, porque, além de ser pioneiro, previa a resposta imediata de segregação de idosos que necessitassem de temporariamente sair dos seus lares, por ali terem sido identificados testes positivos. "O rastreio foi acompanhado de segregação com o encaminhamento dos idosos para a Pousada da Juventude", onde ainda estão 26 idosos, revelou Rui Moreira. 

Também a Diocese do Porto disponibilizou o Seminário de Vilar para o mesmo fim, mas dado os resultados francamente positivos do programa de rastreio, não se verificou essa necessidade.

"Não temos um sistema de saúde paralelo. Estamos a apoiar o Sistema Nacional de Saúde para não falir"

O programa de rastreio foi uma das iniciativas que a Câmara do Porto tomou por mote próprio no combate à disseminação da COVID-19 no concelho, mas não a única que serviu para complementar respostas do Estado Central, indicou Rui Moreira.

A Câmara do Porto montou um hospital de campanha no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, depois de conhecidas "as dificuldades que havia no São João e no Santo António relativamente a doentes menos graves", tendo obtido o apoio da Secção Regional da Ordem dos Médicos, do Exército Português e do setor privado. Neste momento, cuida de cerca de 30 doentes, um corpo de profissionais de saúde, todos em regime de voluntariado.

Antes disso, Município do Porto envolveu-se na montagem do primeiro centro de rastreio móvel do país, localizado no Queimódromo. "Já foram rastreadas mais de 12.500 pessoas", desde o dia 14 de março, lembrou o autarca.

"Acho que é razoável que os municípios sejam supletivos, ou seja, que possam ir além daquilo que faz o Estado Central; não é contra, é um complemento", considerou Rui Moreira na entrevista conduzida pelo jornalista Hélder Silva.

Embora na cidade do Porto o combate à crise esteja a ser superado com nota positiva, sem recurso a outros apoios, porque "temos uma sociedade civil muito ativa e uma Câmara com boas contas que também ajuda", Rui Moreira apontou o dedo a instituições que alocam grande parte dos seus recursos para intervir na Região de Lisboa. Mais tarde, "o país terá de olhar para essas assimetrias com atenção", analisou o presidente da Câmara do Porto, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cujas verbas dos jogos são provenientes de todo o país.

Questionado quanto à reação da Câmara do Porto sobre a criação de cerca sanitária à cidade, ponderada pela diretora da Direção Geral da Saúde, Graça Freitas, numa conferência de imprensa, o autarca esclareceu que essas declarações não deviam ter sido feitas, porque não é uma questão da sua competência, mas sim do "senhor ministro da Administração Interna", a quem destacou a proatividade nesta crise. À diretora da DGS, Rui Moreira reconhece autoridade "naquilo que são as competências".

Sobre a TAP, o presidente da Câmara do Porto exigiu que o regresso à operação "se faça de forma equilibrada pelo país. Não admito que possa ter outra vez uma operação só baseada em Lisboa", assinalou. Tanto mais que na Região Norte "as empresas exportadoras vão precisar de continuar a viajar para fazer negócios", considerou.

Para Rui Moreira, "a TAP vive, de facto, e vai continuar a viver cada vez mais do apoio do Estado português". No entanto, num cenário em que a companhia aérea portuguesa não queira ter o apoio do Estado, "então pode fazer o que quiser. Eu já não me posso pronunciar e teremos é que procurar outras companhias aéreas. Mas não admito que a TAP pura e simplesmente concentre a operação em Lisboa e não atenda às necessidades de serviço público", assentou o autarca.

Rui Moreira reúne esta semana com a Mota Engil

Dias após o Tribunal de Contas ter dado luz verde ao projeto do Matadouro, o presidente da Câmara do Porto revelou na RTP que ainda esta semana vai reunir "com a empresa concessionária", a Mota Engil.

"Até agora não temos nenhuma razão para acreditar que o projeto não avance, bem pelo contrário. Creio que a empresa está muito interessada. Faz agora em maio dois anos que fizemos a adjudicação. O projeto esteve dois anos 'de molho' no tribunal", recordou o autarca, destacando o papel facilitador do Presidente da República e do Primeiro-Ministro na resolução de um problema que considerou "político".

Depois deste calvário, Rui Moreira só espera que a obra possa arrancar rapidamente. "Agora temos de pôr este projeto em marcha. É exatamente nesta altura que precisamos de investimento (...) Haver um investimento de 40 milhões de euros, ainda por cima naquela zona da cidade, é fundamental", declarou o presidente da Câmara do Porto, destacando que tanto a reconversão do antigo Matadouro Industrial como o Terminal Intermodal, "que está em construção e está a andar muito bem", vão mudar Campanhã.

"É nestes momentos de crise que precisamos ainda destes investimentos, porque vão criar emprego. E há toda uma fileira de fornecedores que vão aqui encontrar solução para uma crise que é muito grave na economia", disse Rui Moreira, destacando que para a obra vão ter de ser contratados arquitetos, projetistas, engenheiros, além da mão de obra considerável na construção civil.

Depois da obra, o Matadouro continuará a produzir efeitos positivos na economia local e na região, como catalisador de várias atividades, antevê Rui Moreira. "Acredito que vai ser um local privilegiado para a localização de novas empresas de base tecnológica, que precisamos muito que se venham a sediar na Região. Aliás, o crescimento da cidade do Porto tem sido muito feito através das empresas tecnológicas. E depois com as componentes cultural e social, também elas muito importantes para uma zona tão degradada como é Campanhã", concluiu.