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Rui Moreira fala sobre a importância do Hospital de Campanha no dia em que começou a angariação de fundos com o apoio da RTP

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A RTP começou nesta sexta-feira uma campanha de angariação de fundos para ajudar a Câmara do Porto e os hospitais da cidade com o Hospital de Campanha, que vai abrir na próxima terça-feira. Rui Moreira, em entrevista ao canal estatal, salientou a importância deste equipamento de retaguarda para acudir à população mais frágil, em especial à mais idosa. "Não podemos perder esta geração. Portugal não pode ser um país sem velhos", declarou.

O presidente da Câmara do Porto considera que este não é tempo para relaxar e que devemos "estar preparados para situações de extrema gravidade". Alerta também que não se deve acreditar nos otimistas, num dia em que o número de novos casos no território nacional voltou a subir a fasquia dos 10%, depois uma semana com níveis de crescimento mais reduzidos.

Comentando o "drama que existe nos lares" e a responsabilidade que o Estado tem de defender a "população que está mais frágil e mais exposta" à doença da COVID-19, Rui Moreira frisou hoje na entrevista conduzida pelo jornalista Carlos Daniel, que o Hospital de Campanha será especialmente útil a idosos em convalescença ou em início de infeção, estando claramente preparado, com o apetrechamento de equipamentos hospitalares, para aliviar as unidades de cuidados intensivos dos hospitais de São João e Santo António e do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que esta semana também se associou ao projeto.

Apto a abrir na próxima terça-feira, o Hospital de Campanha Porto. tem a partir de hoje uma angariação de fundos a decorrer, com a ajuda da RTP, através do telefone 761 10 10 50, sendo imediato o contributo de um euro. Em alternativa, é possível fazer um depósito na conta criada para o efeito (PT50078101129112000018026).

Questionado sobre a falta de testes de que outros autarcas do distrito do Porto se queixam, Rui Moreira confirmou à RTP que também na cidade do Porto faltam testes, mas que o Município tem procurado, por meios próprios, garanti-los, para seguir a recomendação que, há mais de um mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem vindo a fazer: "testar, testar, testar", e a que só mais tarde a Direção Geral de Saúde (DGS) aderiu.

Com efeito, a Câmara do Porto já conseguiu obter 5.000 testes, doados pela Fundação Fosun e pela Gestifute, recordou o autarca. Foram canalizados para o programa pioneiro de rastreio a todos os idosos institucionalizados em lares e residências coletivas na cidade e a todos funcionários destes equipamentos. A iniciativa foi desenvolvida pela Câmara do Porto, em articulação com o Hospital de São João e com o apoio dos agrupamentos dos centros de saúde da cidade.

"Temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para proteger os mais velhos e não perder esta geração", vincou Rui Moreira, que deu ainda como exemplo o envolvimento municipal na montagem do primeiro centro de rastreio móvel do país, localizado no Queimódromo, onde já foi testada cerca de 4% da população da cidade, avançou. Ou ainda os ventiladores que a autarquia comprou a Shenzhen, graças às excelentes relações da cidade do Porto com o Governo de Macau. Os primeiros 10 ventiladores já chegaram aos hospitais esta semana e mais 40 deverão chegar entretanto.

Para o presidente da Câmara do Porto, o esforço de combate à COVID-19 está, no geral, a ser bem conduzido, e para isso muito contribuíram as medidas tomadas no âmbito do Estado de Emergência Nacional que, na sua opinião "resolvem grande parte das questões". Segundo Rui Moreira, a maior parte das pessoas tem acatado as decisões governamentais e neste âmbito elogiou o "papel fundamental" do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, no controlo do movimento das pessoas.

Hospital de Campanha abre com 150 voluntários

Esta unidade de retaguarda hospitalar resulta da necessidade manifestada à Câmara do Porto pelos Conselhos de Administração dos dois centros hospitalares do Porto, em articulação com o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

O Município prontamente identificou o Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota como a infraestrutura adequada para receber um hospital desta dimensão, com capacidade para 320 camas, e logo o consórcio Círculo de Cristal se disponibilizou para apoiar a iniciativa. O Exército Português também ajudou cedendo as camas e ajudando à sua montagem, havendo ainda um vasto número de empresários e anónimos, que contribuíram para pôr de pé o Hospital de Campanha  Porto., com generosos donativos.

Por enquanto, há cerca de 150 voluntários inscritos, entre médicos, enfermeiros, estudantes e outros profissionais de saúde, informou hoje na reportagem da RTP, António Araújo, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos. O hospital pode ficar em operação durante três meses e meio, até ao final de julho, caso seja necessário.