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Rui Moreira dá entrevista a um dos mais importantes canais de notícias da China

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Aquando da sua visita oficial à China, o presidente da Câmara do Porto deslocou-se até aos estúdios da CGTN, em Pequim, para uma entrevista em que falou sobre a importância do investimento chinês na cidade e na Região Norte, que nos chega sob múltiplas formas, quer seja através dos negócios, do turismo ou da educação. Pode agora assistir à entrevista, difundida em mais de 100 países no mundo, que teve um alcance superior a 85 milhões de espetadores. 

Trata-se de um dos mais relevantes programas da grelha noticiosa da GGTN, emitido em horário nobre, e que apresenta uma análise aprofundada sobre vários assuntos internacionais. Aproveitando a visita oficial do presidente da Câmara do Porto à China (no âmbito das comemorações do Dia de Portugal), o "The Point" convidou Rui Moreira a refletir sobre o tema: "Porque é que Portugal defende conhecer melhor a China do que os outros países europeus?".

Numa conversa totalmente falada em inglês - partilhada com Victor Gao, vice-presidente do Centro para a China e Globalização, e Wu Jun, uma apresentadora de televisão que já viveu em Portugal - o autarca expôs vários argumentos suscetíveis de clarificar esta ideia.

Questionado sobre o crescimento do turismo chinês na cidade, o presidente da Câmara confirmou que os números demonstram esse forte poder de atratividade, não só do Porto mas de toda a Região Demarcada do Douro. Na realidade, "o segredo mais bem guardado da Europa" está a deixar de o ser, também graças a quem nos visita do oriente.

"Os turistas chineses chegam não só para conhecer a cidade, mas também a região do Douro, em busca do Vinho do Porto, da gastronomia e da tradição". Sobretudo, disse, porque "oferecemos experiências autênticas". E, do outro lado, também existe a vontade se entrar em contacto com a nossa realidade: "interessam-se pela forma como falamos, querem saber como vivemos e de que forma apreciamos a vida", algo que, sublinhou Rui Moreira, "deixa-nos muito orgulhosos e contribui para a nossa autoestima".

Além de que, enquanto importante motor da economia, o turismo "permitiu a criação de milhares de postos de trabalho", conduzindo a uma descida significativa da taxa de desemprego.

Mas não é só o turismo que marca as excelentes relações bilaterais entre os dois países. Aproveitando as palavras do embaixador de Portugal na China, José Augusto Duarte (também entrevistado no mesmo programa), o presidente da Câmara do Porto quis salientar "o significado que teve para os portugueses o facto de a China ter investido no país nos mais duros anos da crise". Considerou, por isso, haver margem também no ramo dos negócios para estreitar laços e garantir novas oportunidades de crescimento para o Porto e para a Região Norte, onde já existe há largos anos "uma larga comunidade chinesa residente" (que, aliás, também recebe frequentemente visitas de familiares, ajudando a aumentar o volume de turistas).

E, como terceiro vetor que tem proporcionado um conhecimento mútuo cada vez mais aprofundado, Rui Moreira destacou o papel da qualidade do ensino superior local. "Há cada vez mais chineses que chegam por causa da universidade. É algo que aplaudimos".

Posição geográfica privilegiada traduz-se em vantagem competitiva

O potencial de Portugal pode ser ainda mais explorado pela China, reconheceram todos os intervenientes na entrevista. Rui Moreira - com forte passado empresarial ligado ao setor portuário e, por essa razão, muito conhecedor nesta matéria - admitiu "que perdemos muito tempo do nosso lado" em divulgar as vantagens competitivas de um país virado para o Atlântico, que serve como porta de entrada na Europa e como hub de ligação ao continente africano e às Américas.

Mas, acredita, o tempo é de criar oportunidades. "Estamos espacialmente bem posicionados. Temos portos de águas profundas virados para o Atlântico, estamos na entrada do Mediterrâneo, no caminho para a África e com uma ligação excelente para o canal do Panamá", ressalvou. "Se observarmos a nossa linha costeira, vemos que há margem para expandirmos os nossos portos, ao contrário de outros na Europa, como o de Roterdão, que já não tem a mínima margem para crescer".

Deste modo, defendeu, assiste-se a um novo tempo de cooperação, mais sólida, entre China e Portugal. "Quando vemos acontecer estes grandes investimentos da China em Portugal não o vemos como mera tática económica. Encaramo-lo como desenvolvimento estratégico", concluiu.

Recorde-se que Rui Moreira esteve recentemente na China a convite do embaixador José Augusto Duarte, para participar nas comemorações do Dia de Portugal. Na visita, que teve como pontos de passagem Pequim e Xangai, estabeleceu importantes contactos com investidores locais e aproveitou para realizar, com a sua comitiva, uma prospeção sobre plataformas e projetos culturais suscetíveis de produzir futuras alianças com a cidade a este nível.