Cultura

Porto é uma cidade ligada entre si, sem espaço para qualquer segregação

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Rui Moreira
acredita que "o Porto é uma cidade ligada entre si, sem espaço para a
segregação", uma ideia defendida como orador na conferência "Do Objeto Reinventado à Cidade Reinventada", promovida pela Escola de Artes e Design (ESAD) em
parceria com o jornal Público e que decorreu, ontem, no Terminal de Cruzeiros de
Leixões, em Matosinhos.


Como
exemplo, o presidente da Câmara do Porto referiu o projeto de recuperação doantigo Matadouro de Campanhã, que será reconvertido num espaço multiusos. O
edifício, que está numa zona que "foi sendo esquecida ao longo dos anos", terá
uma ligação ao metro do Estádio do Dragão, através de uma passagem coberta. O
autarca portuense vê nesta obra, "numa zona considerada, por muitos,
periférica", o ponto de partida para a integração da zona Oriental no resto da
cidade.


O

terminal intermodal de Campanhã foi outro dos exemplos apresentados, uma infraestrutura considerado
fundamental para a mobilidade da cidade e para o desenvolvimento daquela freguesia,
numa integração da zona oriental com a zona ocidental da cidade, permitindo
maior "permeabilidade" entre ambas.


A conferência
reuniu um conjunto de destacados especialistas nas áreas do design, arquitetura
e sociologia e realizou-se no âmbito da participação portuguesa na XXI Trienal
Internacional de Milão.


No mesmo
painel, onde participou Rui Moreira, José Bragança de Miranda, professor do
Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade de Lisboa, falou na
dificuldade para encontrar uma definição para cidade, na medida em que lhe é
inerente a condição de "hiper-objecto aberto em reconstrução permanente".


Uma tese também
defendida pelo arquiteto Paolo Deganello, que defende um modelo de cidade
assente na renovação do património edificado, em detrimento da expansão para
territórios desocupados da periferia, que podem ser usados para a prática da
agricultura. Itália, referiu, tem o recorde negativo de excesso de construção
na Europa: 8% contra a média europeia de 4,7%.


Deganello idealiza uma cidade construída em formato
circular, com ligações que partem do centro para toda a periferia, toda ela
composta por áreas verdes.


Nuno Valentim, autor do projeto para o Mercado do Bolhão salientou
a necessidade de trabalhar "no ensino e na visão da arquitetura um novo olhar,
junto com a classe decisora, os governantes, os políticos", fazendo parte do
processo de definição de uma estratégia. "É isso que eu tenho sentido com o Bolhão,
que quer ser o mercado de frescos municipal e não outra coisa.