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ISEP desenvolve sensor para verificar qualidade do peixe e evitar o desperdício

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Uma equipa do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver uma tecnologia que permite verificar a qualidade do peixe. O intuito é prevenir problemas para a saúde pública e reduzir o desperdício alimentar na indústria do pescado.

De acordo com nota informativa sobre o projeto FishBioSensing, a que a agência Lusa teve acesso, em Portugal "são desperdiçadas mais de 33 mil toneladas de peixe por ano, o que representa cerca de um quarto do que é capturado".

A maior parte desse pescado "é transformado em farinhas para alimentação animal, perdendo, por isso, valor monetário", indicaram à Lusa as investigadoras Cristina Delerue-Matos e Maria João Ramalhosa, do Grupo de Reação e Análises Químicas-Rede de Química e Tecnologia (GRAQ-REQUIMTE) do ISEP.

Para combater esse desperdício, está a ser desenvolvido um dispositivo eletroquímico "seletivo, sensível, descartável e de baixo custo", capaz de avaliar a segurança e a qualidade dos produtos da pesca, nas diferentes etapas da cadeia alimentar.

O sensor, "portátil e de simples utilização", permite obter um sinal elétrico diretamente proporcional à quantidade de histamina presente no peixe, um dos seus principais parâmetros de qualidade. Com efeito, explicam as investigadoras, os "peixes frescos e de qualidade possuem baixos níveis de histamina, que aumentam à medida que o pescado perde frescura. Este composto apresenta riscos para a saúde e pode resultar em intoxicação e reações alérgicas".

A monitorização da histamina em laboratório requer vários equipamentos e técnicos especializados, o que acaba por se traduzir "num processo muito moroso e com diversas e exigentes etapas". Caso o peixe seja analisado a partir do momento em que entra na lota, salientam as responsáveis, é possível avaliar a frescura numa fase inicial da cadeia de produção.

Este sistema permitirá disponibilizar informação sobre a conservação dos produtos, tendo como consequência a redução de desperdício, "o que acontece constantemente, independentemente de o peixe ainda se encontrar em boas condições".

Além de evitar o desperdício, este projeto, defende a equipa do ISEP, contribuirá para uma maior consciencialização da qualidade do produto, evitando problemas para a saúde pública.

Embora a comercialização não seja o objetivo primordial do projeto, as responsáveis pelo projeto acreditam que o sensor em desenvolvimento "terá um grande impacto no dia-a-dia", podendo ser utilizado pelos laboratórios de controlo de qualidade, indústrias alimentares, distribuidores e autoridades reguladoras.

No projeto, iniciado em junho de 2017 e com conclusão prevista para 2019, participam também uma empresa a WeDoTech, sediada no Porto, o Instituto Politécnico de Leiria e o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia.