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Aniversário do Rivoli com casa cheia confirma a 100% este "projeto inalienável" para a cidade do Porto

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As palavras são de Rui Moreira. Mas podiam ser de outro munícipe, porque a apropriação da cidade sobre o Teatro Municipal é uma realidade que os seus 87 anos de vida não desmentem. Porta que se abre à cultura e à coesão social, recebeu na noite deste sábado o espetáculo 100% Porto, a presença do público em peso e a visita da ministra da Cultura.


"Este é um dia muito especial para o Porto. O Rivoli está de parabéns pelos seus 87 anos de vida", afirmou o presidente da Câmara do Porto que subiu ao palco do Grande Auditório, acompanhado da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e do diretor artístico do Rivoli, Tiago Guedes, minutos antes de o espetáculo "100% Porto" iniciar.

Até àquela hora de sábado, mais de 3 000 pessoas já tinham assistido a um ou mais espetáculos inseridos numa vasta e especial programação de celebração, número revelado por Tiago Guedes. Mas quem ontem não teve oportunidade de desfrutar de espetáculos que cruzam dança, teatro, música, literatura, performance, ainda vai neste domingo a tempo, já que pela primeira vez a festa de aniversário estende-se por todo o fim de semana.

Com uma longevidade que confirma a sua importante ação cultural, o Rivoli é para Rui Moreira "o barómetro do pulsar da cidade". Em 87 anos, o Teatro Municipal teve no seu percurso "momentos marcantes", que classificou de "bons e menos bons". Mas, mesmo durante os períodos menos bons, teve capacidade de resiliência e de reinvenção, constatou.

Hoje com uma "dinâmica intensa e vertiginosa", abriu-se à cidade, à região Norte, ao país e ao mundo, mas nem sempre foi assim. Desde que foi reativado pelo Município em setembro de 2014, o Teatro Municipal do Porto (Rivoli e Campo Alegre) já recebeu "mais de 500 espetáculos, que envolveram cerca de 3 500 artistas e que receberam uma afluência de público superior a 450 mil pessoas", informou o presidente da Câmara do Porto. Em 2018, contabilizam-se 121 espetáculos e 210 récitas.

Todos estes números e o desenvolvimento de projetos em rede, a diferentes escalas nacionais e internacionais, "atestam a vitalidade do teatro e o contributo para a criação artística do país". A nível local, as parcerias com o FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica), TEP (Teatro Experimental do Porto), FIMP (Festival Internacional de Marionetas do Porto), Porto/Post/Doc, Porta-Jazz, Trengo - Festival de Circo do Porto, e com companhias como a Erva Daninha, Sonoscopia, entre tantas outras, imprimem ainda mais qualidade ao "percurso vibrante" que o Teatro Municipal tem trilhado nos últimos anos.

Mas de vários pretéritos se faz uma trajetora e Rui Moreira não esqueceu que dela fizeram parte Isabel Alves Costa, Manoel de Oliveira e Paulo Cunha e Silva.

"Para quem duvidava, este projeto é hoje inalienável. Tenho a convicção de que a cidade nunca o vai alienar. Vê-lo assim cheio faz sempre algum calafrio", admitiu.

Para a ministra da Cultura, "ver um teatro não só cheio, mas com várias gerações reunidas" foi motivo de entusiasmo e sinal evidente da "vitalidade do Rivoli". Até porque a função social do teatro tem aqui um bom exemplo. "Há pessoas e comunidades invisíveis. A tarefa da política é torná-los visíveis", disse parafraseando o escritor Rui Lage.

Em noite de festa, Tiago Guedes explicou por que fazia sentido ser "100% Porto" a subir a palco. "É um ato de cidadania transformado em espetáculo", recordando que quem ali estaria, dali a breves minutos, seriam 100 habitantes da cidade, um mar de corpos e de vozes do Porto.

Para quem ontem não teve oportunidade de ver o espetáculo, há nova sessão este domingo, às 17 horas (a entrada é gratuita, mediante levantamento prévio de bilhete).