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"Verão de S. Martinho" em matéria económica exige consumo responsável

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"Estamos a viver, mais uma vez, uma situação de taxas de juro baratas, em que o dinheiro parece que nos aparece pela porta para proporcionar o consumo e, naturalmente, aquilo que temos verificado ao longo dos últimos anos é que isso é sempre um alçapão", classificou hoje Rui Moreira a atual situação económica do país. O presidente da Câmara do Porto falava na sessão de abertura da 9.ª edição do projeto "No Poupar Está o Ganho", na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.

Rui Moreira comparou o momento financeiro atual a um "verão de São Martinho" que, quando acabar, "começa a chover, as taxas de juro aumentam e as famílias ficam numa situação de enorme endividamento".

"É muito preocupante ver que o país continua a ter baixas taxas de investimento, públicas e privadas, e a ter, permanentemente, vagas de consumo e consumismo agressivo, muitas vezes para bens que não são de primeira necessidade e ou não conformam sequer com aquilo que é a nossa felicidade", sublinhou o autarca.

Rui Moreira considera "essencial" este projeto de educação financeira promovido pela Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, que a Câmara do Porto apoia desde a sua conceção, e que "pode, de facto, ajudar a ter uma sociedade mais equilibrada". 

O presidente da Câmara sublinhou, também, a importância da Universidade do Porto não só nesta iniciativa, em que confere o rigor científico à mesma, mas como o "instrumento mais importante de que a cidade dispõe".

Enquanto parceiro, cabe ao Município "proporcionar as melhores condições para que programas destes sejam divulgados e cheguem às nossas crianças, porque nesta área, como na área ambiental, aquilo que vai mudar o comportamento das famílias é o comportamento dos jovens", disse.

A presidente da fundação, Maria Amélia Cupertino Miranda, traduziu em números o impacto social que a iniciativa de educação financeira tem tido no território: desde 2010 e até agora, "No Poupar Está o Ganho" já formou 823 professores, contou com a participação de 480 escolas e de 17 284 alunos.

"É um projeto de educação financeira chave-na-mão, para alunos e professores do pré-escolar ao secundário, um projeto de continuidade - de outubro a junho - que apoia professores e alunos com todas as ferramentas de que precisam para abordar o tema", referiu.

António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto (U. Porto), salientou o papel da Faculdade de Economia (FEP) neste projeto, através do FEP Finance Club, que "garante qualidade e rigor científico aos conteúdos educativos".

"Estamos perante uma iniciativa de inclusão social, na medida em que prepara crianças e jovens para os desafios financeiros do mundo contemporâneo", sendo também, por consequência, um projeto promotor do desenvolvimento socioeconómico do país, uma vez que fornece competências financeiras às novas gerações com base em princípios de sustentabilidade", concluiu o reitor da U.Porto.

Mais 7000 alunos integram a 9.ª edição do projeto

A edição de "No Poupar Está o Ganho" que arranca formalmente nesta segunda-feira, referente ao ano letivo 2018/2019, integra mais 7000 alunos, do pré-escolar ao secundário, e 300 docentes, de 34 diferentes municípios.

Implementado desde 2010, o projeto é desenvolvido em contexto de sala de aula e tem por objetivo ajudar crianças e jovens a gerir o dinheiro, contribuindo para que sejam consumidores mais responsáveis. Inicia-se com a formação aos professores e engloba, entre outras atividades, uma visita guiada dos alunos ao Museu do Papel-Moeda.

A formação presencial dos professores é complementada com o acesso a uma plataforma de e-learning com material de apoio: conteúdos programáticos, fichas didáticas, planos de aula, filmes de animação pedagógicos, entre outros.

No ano passado, participaram 168 alunos do Porto, provenientes das turmas do 3.º ano das escolas básicas das Flores, de Montebello, de S. Roque da Lameira, das Condominhas, de Fonte da Moura, de S. Tomé, da Torrinha e das Campinas.

"No Poupar Está o Ganho" é cofinanciado pelo Programa Operacional Capital Humano, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Social Europeu.