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VCI e transporte individual são travões à ambição de descarbonização do Porto

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A adesão do Município do Porto à Aliança para a Descarbonização dos Transportes, que será formalmente lançada em Leipzig na quinta-feira, foi aprovada por unanimidade em reunião da Assembleia Municipal. O consenso revela a importância da redução das emissões de CO2 na agenda urbana, desígnio a que o Porto responde com várias medidas. Há, contudo, travões à ação local: a opção excessiva pelo transporte individual e o tráfego de passagem na VCI, duas realidades que escapam à possibilidade de intervenção da autarquia.

Aos deputados municipais, o presidente da Câmara informou que até 2014 a cidade reduziu em 28% as emissões de carbono, uma percentagem acima da meta estipulada para 2004-2020 que encontra justificação na política de energias renováveis adotada pelo país e na extensão do metro há alguns anos. A substituição da frota da STCP por autocarros elétricos e a gás e o prolongamento da rede de metro, no futuro próximo, terão também "um impacto fundamental", salientou Rui Moreira. A estes projetos juntam-se medidas locais válidas - como a eficiência na iluminação pública ou a opção por veículos municipais não poluentes - que se tornam "gotas no oceano quando se mantém a grande pegada do carbono" que é o transporte individual, grande parte dele de passagem.

Reconhecido o busílis, o autarca assinalou que serão necessárias medidas pouco populares, sobretudo "quando nos encaminhamos para  eleições legislativas", para se contrariar o uso excessivo de viatura própria, e medidas de mobilidade de âmbito metropolitano, o que se está a negociar com o Governo. Nesta matéria, torna-se fundamental o alívio da Via de Cintura Interna (VCI), com o desvio do tráfego de passagem para a CREP.

O deputado municipal Rui Sá (CDU) considerou a utilização da CREP um objetivo "estratégico", mas apontou a "falta de medidas para melhorar a circulação na VCI", onde um acidente "embarrila o trânsito na cidade". É um facto, responderia o presidente da Câmara, para quem os dados de sinistralidade na VCI "são absolutamente impressionantes".

O problema, lembrou Rui Moreira, é que o Município nada pode fazer. É certo que na VCI "há uma confluência de trânsito de passagem com trânsito pesado e trânsito urbano", são por isso necessárias medidas urgentes, mas a Infraestruturas de Portugal (IP) "continua a recusar falar com a Câmara" sobre esta matéria.

A ausência de comunicação ficou patente há dias, com a notícia da reativação dos radares na VCI: "Soubemos pelo jornal", disse o autarca, lamentando a falta de respostas da IP sobre esta via, mas também sobre a Estrada da Circunvalação, igualmente em destaque no mapa da sinistralidade, ou a Ponte Luís I, a precisar de obras urgentes de conservação (aqui com o problema a ser passado, também sem respostas, para a Direção Geral do Património).

Reconhecidos os obstáculos, todas as forças políticas com assento na AM manifestaram a importância da redução das emissões de CO2, aprovando a adesão à Aliança para a Descarbonização dos Transportes - em que o Município entra com Vila Nova de Gaia e Matosinhos, como Frente Atlântica do Porto.