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Política cruza-se com economia e liberdade no Fórum do Futuro

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A líder da banda contestatária russa Pussy Riot, Nadya Tolokonnikova, é uma das convidadas da quinta edição do Fórum do Futuro que, de 4 a 10 de novembro, faz do Porto um espaço público de encontro para pensadores de diferentes disciplinas e diferentes públicos.

O festival de pensamento, neste ano sob o tema Ágora Club, propõe a reflexão sobre a manifestação do pensamento clássico na cultura contemporânea, problematizando simultaneamente o eurocentrismo ocidental na forma de conhecermos e compreendermos o mundo. 

Nessa perspetiva, Nadya Tolokonnikova, artista, ativista política, cofundadora do grupo Pussy Riot, partirá da ideia de que a Grécia é pátria não só da filosofia académica escrita de Platão e de Aristóteles, mas também de uma filosofia prática que deu origem a um "ativismo artístico".

Na mesma linha de reflexão estará Astra Taylor, realizadora de "What is Democracy?", filme que procura provocar e inspirar mudança, partindo do conceito grego de democracia.

Também Paul B. Preciado e Maurizio Lazzarato, dois grandes críticos da sociedade capitalista e tecnopatriarcal, apresentam ideias para uma possível revolução social. Preciado questionará o significado de transfeminismo, defendendo a criação de alianças na criação de um movimento coletivo "em transição", e o filósofo e sociólogo Maurizio Lazzarato falará de como a dívida, cada vez mais presente na nossa sociedade global, desvia a luta de classes do confronto entre o capital e o trabalho para a oposição entre credores e devedores.

Por sua vez, Margaret Atwood, mundialmente reconhecida pela presciência arrepiante do seu romance "The Hand-maid's Tale", revisita o papel das mulheres no mito clássico, que desconstrói e transforma nas suas obras, que considera de "realismo social" ou ficções especulativas.

No sentido de questionar a forma como julgamos conhecer o nosso passado e rever conceitos de beleza e narrativas geopolíticas, três outros convidados apresentarão o seu trabalho: Alexandra Pirici, artista e coreógrafa, foca a sua prática performativa na pilhagem imperialista de obras de arte, prática comum ao longo dos séculos, e apresentará "Pathenon Marbles"; o historiador, professor e arqueólogo Vinzenz Brinkmann esclarecerá que a maioria dos monumentos e estátuas eram intensamente coloridos, e que o branco que temos como referência resulta do desgaste do tempo, questionando se é correto associarmos o branco à estética clássica; Pankaj Mishra, ensaísta e romancista multipremiado, fecha a edição deste ano do Fórum do Futuro com um debate sobre a necessidade de rever a nossa compreensão do mundo, reexaminando as narrativas ocidentalizadas subjacentes e considerando os feitos de outras sociedades e civilizações.

Mais informações em www.forumofthefuture.com