Cultura

Centro Português de Fotografia acolhe "Sequestros de Luz"

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"Sequestros de Luz" é a exposição coletiva que se inaugura neste sábado, às 16,30 horas, no Centro Português de Fotografia. A mostra reúne trabalhos dos fotógrafos António Campos e Matos, Carlos Valente, Eduardo Martinho, Gaspar de Jesus, João Paulo Sotto Mayor, João Menéres, Jorge Viana Basto, José Carlos Matias Serra, Óscar Saraiva e Ricardo Fonseca.

No texto que acompanha a exposição, Matias Serra estabelece o contraponto entre o veloz compartilhamento de imagens através dos dispositivos móveis, neste tempo de "consumidores de instantes", e o desejo de suspender o momento, suscitando uma leitura que se torna pessoal. É neste último registo que se enquadra "Sequestros de Luz".

Como começa por registar o autor (e um dos fotógrafos desta exposição), só em 2016, segundo dados da consultora Deloitte, terão sido compartilhadas 2,5 biliões de fotografias, sendo que 90% foram de smartphones. Sem desconsiderar este fenómeno social de partilha da fotografias ou vídeos, "contínuas capturas de vida" com que o cidadão comum experimenta um processo de integração no coletivo, "não é contudo esse o fim desta exposição".

Por essência, lembra Matias Serra, "uma exposição é um local de abrandamento de ritmos, de pausa, de serenidade e de convite ao intimismo". Quem vê passa a ser parte daquela história.

"O singelo e o individual do ser humano que nos deslumbra e desperta o enorme desejo de estar bem ali, no lugar daquela pessoa fotografada ou de estar no local onde o fotógrafo captou uma imagem, são traços que nos preocuparam" - explica-se sobre o propósito da exposição.

Neste contexto, "dar vida aos objectos inanimados, realçar paisagens, sublinhar padrões e texturas originais, névoas ou chuva" pode criar "um descanso silencioso, um remover de distracções para o espectador se sentir sozinho e ver além da imagem. Este é o fim pretendido pelos autores".

Pela cor e a forma, pelo detalhe ou mesmo pela sua ausência, cria-se "uma mensagem individualmente interpretável" e estabelece-se "um caminho interior solitário destinado a uma convergência de emoções".

Em jeito de conclusão: "Se alguns fotógrafos tentaram fazer fotos grandiosas, recorrendo ao uso de artifícios impressionantes para nos sensibilizar, nestas fotos é o singelo e o individual que pretende deslumbrar". São, enfim, "Sequestros de Luz".

A exposição ficará patente no Centro Português de Fotografia, no edifício da antiga Cadeia da Relação do Porto, até dia 24 de junho. É acompanhada por um catálogo com textos em Português e Inglês, incluindo uma apresentação de Maria do Carmo Serém e do diretor do CPF, Bernardino Castro.