Cultura

A vida e obra de Paulo Cunha e Silva

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Desde o momento que se soube da sua partida, que a
comunicação social portuguesa foi inundada com comentários e homenagens a Paulo
Cunha e Silva, caraterizado, por várias personalidades dos mais diferentes
quadrantes da sociedade, como inovador, criativo e contemporâneo, entre muitos
outros adjetivos. Uma das mais marcantes figuras da Cultura, responsável pela
dinamização, sem precedentes, do Porto partiu, deixando à sua "feli(z) cidade"
a obra de uma vida, para agora preservar e dar continuidade.


Ontem, o Jornal 2 da RTP 2 realizou uma edição especial de
homenagem a Paulo Cunha e Silva, que contou com a presença de várias figuras da
cultura portuguesa, como foi o caso de Gabriela Canavilhas, ex-Ministra da
Cultura, Tiago Guedes, diretor Artístico do Teatro Municipal Rivoli, e Odete
Patrício, da Fundação Serralves.


Para Gabriela Canavilhas, Paulo Cunha e Silva conseguiu "a
reconciliação do Porto com a cultura" e deixa como herança futura o "cimento
que é a solidificação das pessoas com a política cultural da cidade".


Tiago Guedes descreve Paulo Cunha e Silva como "apaixonado"
pelo seu trabalho, sempre dedicado a 100%, com energia, "um verdadeiro
independente" para quem "a solução estava nas ideias e na proatividade", um
homem que defendia que era preciso acreditar em nós mesmos.


Visionário, inquieto e irrequieto. É assim que Odete
Patrício define Cunha e Silva, "um ser humano ímpar", que fazia da cultura a
sua vida e que não aceitava um "não" como resposta.


"A Felicidade não é qualquer coisa que se imponha. Toda a
intervenção política deve propor a felicidade. A Felicidade é simultaneamente
duas coisas - é intangível, não conseguimos apanhá-la, não conseguimos chegar
lá. No entanto aquilo que nos move sempre como atores políticos ou de qualquer
território é a busca da felicidade. Uma sociedade mais iluminada, mais
clarividente. Uma sociedade que tem a capacidade de discutir de forma intensa
os seus problemas". Esta frase foi proferida por Paulo Cunha e Silva, numa
entrevista dada a este mesmo jornal, um dia antes da abertura da segunda edição
do Fórum do Futuro e relembrada nesta edição de homenagem.


Na imprensa, são inúmeros os artigos sobre Paulo Cunha e
Silva. Uma "figura maior da vida cultural portuguesa" com "pensamento
contemporâneo e multidisciplinar" é assim que Sebastião Feyo de Azevedo, reitor
da Universidade do Porto, carateriza Paulo Cunha e Silva, dizendo mesmo que era
"difícil ficar indiferente à sua energia, determinação e erudição". Também
Sasha Grey, uma das convidadas para a edição do Fórum do Futuro 2015, que se
realizou entre os dias 4 e 8 de novembro, publicou uma homenagem no seu
facebook, dizendo que "o Mundo deve dizer adeus a um homem cheio de energia,
gentileza e curiosidade".


"O melhor da sua geração". É assim que o escritor Francisco
José Viegas destaca o Paulo Cunha e Silva, "aquele que foi capaz de correr
riscos sem deixar de ser brilhante" com "uma energia que os aborrecidos de
todas as idades e condições classificariam como adolescente". O presidente da
Fundação de Serralves, Braga da Cruz, refere-se ao homem que "revolucionou a
cultura no município". Também Luís Valente de Oliveira, presidente do Conselho
de Fundadores da Casa da Música, destaca Cunha e Silva como um "grande agitador
cultural, com enorme capacidade de divulgar atos e manifestações de
criatividade, de cultura e de cidadania". Para Pedro Abrunhosa perdeu-se "um
dos melhores políticos e um excelente ministro da Cultura".


"Um cometa", "uma máquina de viver, de imaginar, de incitar,
de partilhar, de pensar, de alucinar" e uma "rara" capacidade de "contaminação
e mobilização da imaginação, das energias, e invenção criativa, envolvendo
grupos muito alargados de artistas e pensadores que pudessem ser chamados à
dinâmica cultural permanente que era a sua vida e pensamento", "uma espécie de
vulcão em erupção constante de ideias interessantíssimas", "um verdadeiro
antídoto contra a mediocridade", são outras metáforas para caraterizar Paulo
Cunha e Silva.