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Viagem do coração de D. Pedro ao Brasil tem eco na imprensa internacional

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Guilherme Costa Oliveira

BBC, The Guardian, Rádio França Internacional, Euronews, El País, El Mundo, CGTN, Arirang. Em inglês, francês, alemão, espanhol ou coreano, dezenas de órgãos de comunicação social têm acompanhado o momento da transladação do coração de D. Pedro para o Brasil. Celebrações do Bicentenário da Independência Brasileira têm início esta terça-feira.

Desde o momento em que as cinco chaves que separam o olhar do público do tesouro deixado por D. Pedro IV à cidade do Porto abriram a urna que o tem guardado desde 1834, muita atenção tem sido dada à transferência temporária do coração para terras brasileiras.

“Coração do primeiro imperador do Brasil regressa após quase 200 anos para ‘visita de Estado’”, escreve o inglês The Guardian, publicando já a reportagem do momento em que o avião da Força Aérea Brasileira que transportou o objeto aterrou em Brasília, esta segunda-feira.

O jornal refere como “o coração, que é preservado num vaso de vidro dentro de uma urna de ouro, chegou com toda a pompa e circunstância” e terá uma “agenda cheia” em solo brasileiro.

A CGTN refere como “no seu leito de morte ele [D. Pedro] pediu que o seu coração fosse removido e guardado no altar da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto”. O canal internacional de notícias da China cita ainda Rui Moreira quando este afirmou que “o Porto é uma cidade de pertenças e afetos. Por conseguinte, compreende bem o valor sentimental que o coração de D. Pedro tem para o povo brasileiro”.

O sul coreano Arirang sublinhou como o coração de D. Pedro “recebeu as boas-vindas de um herói, o que incluiu uma saudação de canhão e outras honras militares”. “O coração, que chegou depois da permissão das autoridades da cidade do Porto”, continua a publicação, “foi retirado [ao rei] e levado para o Porto de acordo com o seu desejo final”.

Vários órgãos de comunicação social, como a BBC ou a francesa GEO, citam as palavras do chefe de protocolo do Palácio do Itamaraty, Alan Coelho, que, ainda antes de a relíquia deixar o Porto, afirmou que o coração seria “recebido como um chefe de Estado” e “tratado como se Pedro I estivesse vivo entre nós”.

Em espanhol, o El Mundo escreve que “a última vez que este coração esteve no Brasil era uma víscera ainda palpitante, viva. Desta vez, regressa muito mais calmo, flutuando em formol”, enquanto a agência EFE partilhou com toda a América Latina um vídeo do momento da chegada do coração a Brasília.

Um outro vídeo, desta vez pela edição alemã da Euronews, mostra as medidas de segurança do processo em que o objeto foi colocado em exibição no salão nobre da Igreja da Lapa, assim como a reação do público ao poder ver a relíquia pela primeira vez.

Polícia Municipal acompanha toda a estadia do coração no Brasil

Recorde-se que este foi um pedido do governo do Brasil ao Município do Porto, uma vez que D. Pedro é, para a história brasileira, o imperador responsável pela sua independência, a 7 de setembro de 1822.

No momento da assinatura do protocolo de transladação, no passado domingo, na Igreja da Lapa, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, reconheceu a importância deste empréstimo para que “os brasileiros percebam que há um respeito enorme de Portugal relativamente à independência do Brasil”, assim como “a ligação do Porto com esses acontecimentos e com D. Pedro”.

Depois de ter estado em exibição ao público no Porto, o coração do monarca viajou para o Brasil pelas mãos do presidente da Câmara do Porto e do comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva, onde foi recebido com honras militares.

Esta terça-feira, a relíquia estará presente na abertura das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, no Palácio do Planalto, sede da Presidência brasileira, em Brasília. Até 7 de setembro, o coração de D. Pedro será exibido ao público, regressando ao Porto logo de seguida para poder, novamente, ser visto na Irmandade da Lapa nos dias 10 e 11.

A segurança do objeto ao longo da estadia em solo brasileiro será garantida pela Polícia Federal, Polícia Militar do Distrito Federal, pelas Forças Armadas e pelos Dragões da Independência, com o acompanhamento permanente do comandante da Polícia Municipal do Porto.