Cultura

O segredo do Velódromo

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Em 1894, quando a bicicleta se transformava num fenómeno social urbano, D. Carlos autorizou o Real Velo Clube a construir nos quintais do seu Paço, hoje Museu Nacional de Soares dos Reis, uma pista para velocipedistas.

O que resta deste velódromo, um dos segredos mais bem guardados da cidade, foi mote para a sessão do passado sábado, dia 30 de maio, do ciclo de debates, Um Objeto e Seus Discursos por Semana, promovido pelo Pelouro da Cultura da autarquia.

Cândido Barbosa, conhecido ciclista, e Carlos Fiolhais, proeminente físico, discutiram a modalidade desportiva mas também a questão da velocidade, a de hoje e a de outros tempos, numa sessão cheia no Museu Nacional Soares dos Reis. Presentes estiveram também o vereador da cultura, Paulo Cunha e Silva, e a diretora do Museu Nacional Soares dos Reis, Maria João Vasconcelos. A história do velódromo foi contada durante a sessão pela museóloga Paula Oliveira.

Vestígios do velódromo podem ainda ser vistos no Palácio dos Carrancas, edifício onde o Museu Nacional de Soares dos Reis se encontra instalado desde 1940.

Em 1893 foi fundado o Velo-Club do Porto, com sede no antigo Chalet do Palácio de Cristal. D. Carlos foi nomeado seu Presidente Honorário, passando a designar-se Real Velo Club do Porto. Na falta de um recinto para a prática da modalidade, em expansão em finais do séc. XIX pelas elites sociais na cidade, D. Carlos cedeu os terrenos da quinta do Palácio Real para a construção do Velódromo Maria Amélia.

O recinto era constituído por uma pista em macadame e ao centro albergava dois cortes de lawn-tennis. Considerado então o melhor do país, era completado por uma elegante bancada em madeira para cerca de 700 pessoas.

O Velódromo Maria Amélia foi inaugurado em 29 de Junho de 1894. Após a implantação da Republica, o velódromo esteve inativo. Em 1915 foi reativado pelo então designado Velo-Club do Porto e manteve a atividade no local até aos anos 30.

Os anos de abandono do Palácio até à instalação do Museu Nacional de Soares dos Reis em 1940 terão ditado a destruição do antigo velódromo. As obras de reabilitação do edifico que terminaram em 2001 incluíram a recuperação da sua memória, com a construção dos dois semicírculos nos topos que fechavam a pista.