Política

Valente de Oliveira fez das reivindicações bairristas um desígnio com fundamentos

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A temática da regionalização, o valor da competência e o estabelecimento de pontes entre diferentes pontos de vista foram recordadas por Miguel Cadilhe e Rui Moreira como três dos temas mais caros ao Professor Luís Valente de Oliveira, homenageado ontem na Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas. 

O papel desempenhado pelo antigo ministro na preparação da Lei-Quadro da Regionalização, no início dos anos 80, foi mesmo um dos temas principais evocados por ambos os oradores, já que representou uma das missões em que Valente de Oliveira mais se empenhou. Na opinião de Miguel Cadilhe, antigo ministro das Finanças e ex-colega de governo do homenageado, terá sido também a temática "que o fez sentir-se mais desconsiderado", quando o Executivo de Cavaco Silva "meteu na gaveta" o diploma.

Não obstante, foi esta questão que virou a discussão da regionalização, pois Valente de Oliveira "transformou a nossa reivindicação bairrista num desígnio e fê-lo com elegância", apontou por seu lado Rui Moreira, amigo de longa data do ex-ministro que, aliás, foi seu mandatário nas duas eleições que venceu para a Câmara do Porto. Foi mesmo exemplo inspirador para o autarca na sua ação à frente da Associação Comercial do Porto e, depois, também na Câmara, "pois constituiu um trunfo fundamental" nas duas vitórias.

O engenheiro civil, professor universitário e político que mais tempo exerceu funções de ministro após a Revolução de 1974 ouviu repetidamente as palavras "admiração", "apreço" e "gratidão" entre os vários elogios feitos, onde não faltaram também referências às suas qualidades diplomáticas e de entrega à causa pública.

Valente de Oliveira, que esteve ou está ligado a praticamente todas as importantes instituições do Porto e da região (da Casa da Música e Fundação de Serralves à Comissão de Coordenação Regional, entre muitas), considerou nos agradecimentos que "é quase uma injustiça homenagearem-me por ter sido um privilegiado". Isto porque, aos 80 anos, afirma sem hesitar que "não fiz nada de especial; sou é um privilegiado porque sempre fiz o que gostei e fui sempre muito feliz na minha vida".

Primeiro homenageado do ciclo "Retratos de uma cidade", promovido pela Árvore e comissariado pela Professora Isabel Ponce de Leão, Luís Valente de Oliveira reconheceu, porém, que é "naturalmente reconfortante" ser alvo de uma iniciativa como esta, ainda que pedindo um desconto aos elogios feitos por Rui Moreira e Miguel Cadilhe por estarem condicionados por "amizades muito velhas".

Ainda nos agradecimentos, o homenageado sublinhou a importância do estabelecimento e aprofundamento das relações entre as pessoas, mesmo quando têm opiniões divergentes. Elogiou ainda a determinação e competência dos oradores e em termos gerais ("a competência suscita o respeito e este traz a confiança") e voltou, por sua vez, também à temática da regionalização para mostrar satisfação por saber que "hoje existe um Poder Local forte e reivindicativo". E concluiu com as vantagens de ser (natural ou adotivamente) do Porto: a cidade é suficientemente grande para não nos sentirmos afogados ou apertados e termos horizontes, mas é suficientemente pequena para nos conhecermos todos uns aos outros.

Com este ciclo de homenagens "Retratos de uma cidade", a Árvore pretende relembrar em vida personalidades que se destacaram na edificação do Porto e prossegue a 8 de maio. Será então homenageado o médico, Professor e empresário Luis Portela (Bial), sendo oradores o reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, e o presidente da Associação Empresarial de Portugal, Paulo Nunes de Almeida.