Cultura

Um “tesouro” escondido na Rua de Costa Cabral volta a abrir-se à comunidade

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As portas do antigo Cinema Estúdio, inserido no complexo do Perpétuo Socorro, voltaram a estar abertas para à população. Este espaço cultural vai acolher propostas que vão do cinema à música, ao teatro, ao pensamento.

As cadeiras em tom azul-escuro estão geometricamente alinhadas no antigo Cinema Estúdio, preparadas para voltar a receber espectadores. No momento em que o Porto. visitou o espaço, decorriam os últimos preparativos para a reabertura da sala: com nova identidade – agora chama-se Sala Estúdio_Perpétuo – o espaço inaugurado em 1966, inserido no complexo do Perpétuo Socorro, voltou desde esta sexta-feira a estar de portas abertas à comunidade. A instituição pretende promover ali sessões de cinema, concertos, exposições, oficinas, sem esquecer a vertente educativa que está na sua génese.

“A reabertura deste espaço cultural vem na sequência de um processo de refundação desta instituição, que passa pela reabilitação do seu edificado, pela reorganização administrativa e financeira, mas também, sobretudo, pela devolução desta sala à cidade, criando uma maior relação com a comunidade envolvente”, sublinhou o diretor executivo do Perpétuo Socorro, Fernando Gomes Perpétua.

O fechamento do edifício desenhado por Luiz Cunha, arquiteto portuense com estilo pós-modernista, representava um desaproveitamento, admitiu o responsável: “Percebemos que tínhamos aqui um enorme potencial, uma sala com uma beleza arquitetónica única na cidade, com uma dimensão muito significativa. É uma das principais salas de espetáculos, em termos de grandeza, do Porto. Estava fechada, e não pode estar fechada, tem de estar aberta, a produzir, a oferecer serviço público cultural à cidade.”

A população recebeu com entusiasmo a notícia da reabertura, acrescentou Fernando Gomes Perpétua. “Há uma grande expectativa também sobre aquilo que serão as propostas de programação cultural nos diferentes âmbitos, desde o cinema à música, ao teatro, ao pensamento. Estamos convencidos que esta refundação, que se iniciou há cerca de dois anos, vai agora ter um momento absolutamente marcante que é a relação mais intensa com a comunidade”, admitiu.

“Queremos que o Perpétuo Socorro seja um polo importante nesta zona alta da cidade do Porto, oferecendo estes serviços educativos, culturais, mas também sendo dinamizador de outras atividades. Não podemos estar fechados sobre nós próprios”, concluiu o diretor executivo da instituição.

“Um tesouro que não está à vista”

O desafio de reabrir o antigo Cinema Estúdio à comunidade foi acolhido sem hesitações na Opium, empresa com sede no Porto que trabalha na área da dinamização cultural e territorial e vai impulsionar a nova vida da Sala Estúdio_Perpétuo. “A sala esteve fechada, mas não esteve abandonada. Internamente foi tendo uso, não era um sítio abandonado nem degradado, nada disso. Mesmo em termos de equipamento de projeção de cinema a sala estava funcional e apetrechada”, explicou Carolina Rufino, coordenadora de produção e programação.

“Isto é um tesouro que não está à vista de quem passa na Rua de Costa Cabral. Sabe-se que existe aqui a instituição, ligada ao ensino, mas pouco ou nada se sabe deste cineteatro, que foi construído de raiz para ter uma oferta, à altura, só de cinema. É uma sala com mais de 400 lugares”, realçou.

O objetivo é ter uma programação “feita com parcerias”, disse Carolina Rufino: “Esta sala pretende estar aberta à comunidade, ser um espaço de partilha, de encontro, onde quem já faz coisas, quem dinamiza, quem tem projetos, artistas, criadores, promotores, possa encontrar-se. Em conjunto, queremos ter uma dinâmica ativa, dentro dos vários quadrantes de todas as áreas culturais, desde uma vertente mais clássica até propostas mais contemporâneas.”

A sala reabriu ao público na sexta-feira à noite, assinalando o Dia Mundial da Música com um concerto em que a Orquestra Filarmónica Portuguesa tocou bandas sonoras de filmes. O cinema regressou neste sábado de manhã, com uma sessão em que se assinalaram os 100 anos de “O Garoto de Charlot”, de Charlie Chaplin. Neste domingo, dia 3, às 17 horas, há concertos de Conferência Inferno e Baleia Baleia Baleia, e na segunda-feira, véspera de feriado, será projetado o clássico do cinema italiano “Ladrões de Bicicletas”.

“A partir daí, damos início à nossa programação regular, que está muito solidificada e focada na oferta de cinema e música”, acrescentou Carolina Rufino. A vertente educativa não será esquecida, assegurou: “Queremos uma aproximação às imensas instituições de ensino que existem nesta zona da cidade, para que os próprios alunos, dentro das suas atividades, possam fazer-nos propostas para apresentarem aqui. Idealizarem um ciclo de cinema, apresentações de música, pequenas performances, o que for.”