Cultura

TNSJ usa a tragédia de Júlio César para questionar a História e o presente

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O Teatro Nacional São João (TNSJ) estreia nesta sexta-feira, pelas 21 horas, o espetáculo "A tragédia de Júlio César" que, partindo da história do imperador romano, pretende mostrar que "quando se abate um tirano, ergue-se a tirania".

O espetáculo, que marca a nova direção artística do Ao Cabo Teatro, resulta de uma releitura da tradução de Shakespeare por Fernando Villas-Boas, numa encenação de Luís Araújo.

Trata-se de uma peça sobre pessoas que cometem erros, erros custosos, para si próprias e para o seu país. Como se lê na ficha do espetáculo, "ninguém nesta peça escapa a interpretações erradas, decisões erradas e erros de cálculo. Ser governado por César significa a total submissão a um autocrata implacável, capaz dos piorescastigos. Porém, ser governado pelos homens
que o matam significa a total sujeição às vontades de homens corruptos e auto centrados, cujo slogan liberdade se refere exclusivamente à própria liberdade de acção e à ausência de consequências para os seus actos". 

É assim com referências históricas que o espetáculo estabelece analogias com a História contemporânea - "Imediatamente depois de assassinarem César, Cássio diz: Por quantos séculos irá esta nossa cena heróica ser representada, em países por nascer e línguas ainda ignoradas" - remetendo para assassínios mais recentes e os casos de Marat, Lincoln, Trotsky, Mahatma e Indira Gandhi, Kennedy, Martin Luther King, Anwar Al Sadat, Saddam Hussein, Kadafi, entre tantos outros.

Com "A tragédia de Júlio César", inspirada na peça de William Shakespeare, "o espectador cria a sua narrativa, não só pelos momentos públicos da peça, mas sobretudo pelos momentos privados, esses jogos de sombras e espelhos", diz Luís Araújo que, quando leu o texto, imaginou aquilo que se passaria nos corredores do Parlamento.

O espetáculo fica em cena no TNSJ até 20 de outubro: de quarta-feira e sábado, às 19h00; quinta e sexta-feira, às 21h00; e domingo, às 16h00.

Na récita do dia 18, está agendada uma conversa pós-espetáculo, moderada por Jorge Louraço Figueira, e na última sessão, a peça será traduzida em Língua Gestual Portuguesa. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros.

+info: A tragédia de Júlio César