Inovação

Tecnologia e criatividade desenham o futuro da experiência turística na cidade

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Que indicadores servem para medir o dinamismo do Turismo na cidade? Que soluções podem melhorar a experiência dos turistas que visitam o Porto? Para encontrar resposta a estas e outras questões, a Câmara do Porto disponibilizou um conjunto de dados aos cerca de 120 participantes do Hackacity, que os trabalharam para encontrar ideias inovadoras.

No Estádio do Dragão, que nesta sexta-feira acolheu a quinta edição do evento, a tranquilidade das bancadas vazias contrastava com a atmosfera criativa que se vivia no interior. Cerca de três dezenas de equipas e aproximadamente 120 participantes procuravam resposta ao desafio lançado pela organização: criar um indicador que meça o dinamismo do Turismo na cidade, utilizando uma combinação de conjuntos de dados que permita visualizar o seu atual impacto.

“O Hackacity é uma iniciativa extremamente importante. Estamos a desafiar todas as mentes brilhantes que temos na cidade a vir buscar dados que nós disponibilizamos, dados da cidade, que nós temos e que recolhemos em variadíssimas atividades que vamos desempenhando. Estamos a pô-los nas mãos deles, para eles pensarem o que podem fazer com aqueles dados, para aferirem da qualidade dos dados, até para irem buscar dados em que nunca tinham pensado e juntarem àqueles, e tentarem dali tirar ideias, inovação, novos produtos, algo que nos ajude, também, a desenvolver a cidade e a tornarmos a cidade cada vez melhor”, notou o vereador da Inovação e Transição Digital.

Confessando-se “supercontente” com o número de participantes, Filipe Araújo fez questão de referir a “ajuda das grandes empresas na cidade, que disponibilizaram-se a dar o dia para que eles pudessem vir aqui passar connosco a desenvolver estas soluções”. “A brincar com os dados, mas a brincar de uma forma muito séria, porque na realidade eles estão todos a pensar naquilo que podem ajudar a melhorar a cidade”, sublinhou.

“Políticas futuras para a cidade”

Também presente numa visita ao Hackacity, ao final da manhã, a vereadora do Turismo e da Internacionalização considerou “muito relevante” que o desafio se tenha debruçado sobre o Turismo. “Temos aqui um observatório para podermos analisar aquilo que é necessário fazer em termos de políticas futuras para a cidade. Juntamos aqui duas coisas muito relevantes: a parte da tecnologia e a parte criativa. São, para mim, os dois assets (ativos) mais importantes. A criatividade que sai destas cabeças que vão aqui pensar e repensar como é que nós podemos analisar os dados de outra forma, que se calhar a nós não nos ocorreu. Por isso, é uma excelente iniciativa”, congratulou-se Catarina Santos Cunha.

“É sempre muito difícil [prever resultados]”, admitiu ainda Filipe Araújo, completando: “Já ouvimos algumas [ideias] e ficámos extremamente entusiasmados porque elas têm aplicabilidade naquilo que são algumas das questões que nós vamos pondo em termos de organização da cidade. Estamos, de alguma maneira, curiosos para saber o que é que dali vem.”

Soluções inovadoras

Uma das mentoras do Hackacity, Rita Ribeiro, levantou um pouco do véu das ideias e soluções que estavam a ser trabalhadas: “Estão a tentar desenhar soluções para o turismo para autistas, por exemplo, para que eles evitem locais de grande aglomeração, de grande barulho. Existe outra que está a tentar fazer o mapeamento das grandes concentrações de turistas e como é que o lixo se acumula na cidade, se será necessário fazer uma recolha mais frequente, como, em que horários. Existe uma outra que está a estudar pontos de interesse que estejam tendencialmente a ser mais procurados, e como é que a cidade está a responder a esses pontos de interesse, se está a ir de acordo com a tendência desses novos pontos de interesse na cidade, a nível quer de alojamento, quer de transportes, quer de infraestruturas em geral.”

“Estamos aqui para ajudar as equipas que vieram para lidar com estas grandes quantidades de dados, recolhidas de muitos lados, de forma a fazerem algum tipo de resultado ou indicador que ajude a melhorar a experiência de turismo no Porto”, explicou Rita Ribeiro, acrescentando que a responsabilidade dos mentores é “guiá-los um bocadinho neste processo, para que não fiquem demasiado perdidos, porque acontece muitas vezes, quando temos muitos dados, ficarmos mais ou menos perdidos, exatamente porque não temos uma direção.”

“Informação bastante avançada”

André Morim estava a participar no Hackacity por iniciativa da empresa onde trabalha, que incentivou o grupo de data scientists e alguns consultores a abraçar o desafio. “Quando soube do que tratava, por poder ter um impacto direto naquilo que vão ser as decisões da Câmara Municipal do Porto, de dar mais informação para poderem decidir melhor, pareceu-me bastante atrativo. Poder realmente ter um impacto naquilo que poderão ser as decisões”, confessou.

“A informação disponibilizada é bastante avançada, estaria à espera de informação mais descentralizada. Mas não, há alguma preocupação, até em termos de dados de transações bancárias, em tempo real de perceber onde é que as pessoas estão em cada instante. Há alguma maturidade e pano para mangas”, notou o data scientist, dando conta do projeto a que a sua equipa estava a dedicar-se: “O nosso foco principal é que seja acionável. Estamos a tentar perceber onde é que está a procura – onde estão os turistas – e onde é que está a oferta – onde é que eles querem ir, quais são os pontos de interesse. E perceber se temos os meios de mobilidade necessários para os encaminhar lá.”

O Município disponibiliza um Portal de Dados Abertos que funciona como repositório de dados, mas também como interface colaborativo e de participação ativa para os cidadãos, as empresas, a academia, as instituições e demais organizações e entidades das mais diversas áreas de intervenção, numa estratégia de governação mais transparente e participativa.

O Hackacity é uma iniciativa da Câmara do Porto, coordenada pela Porto Digital e conta com a Ripply como parceiro estratégico.