Cultura

TeCA estreia hoje "circo" de paixões, desamores, identidade e sobrevivência

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A segunda produção própria do Teatro Nacional São João nesta temporada tem assinatura de Nuno M Cardoso e a estreia está marcada para a noite de hoje, no âmbito do FITEI.
Com "Lulu", as obrigações morais e sociais "quebram-se" no palco do Teatro Carlos Alberto.

O espetáculo é um grande "circo" de paixões, desamores, identidade e sobrevivência. E há um aviso que deve ser feito previamente, que é dito pelo próprio encenador: Lulu não oferece qualquer oportunidade de redenção ou esperança. Sendo uma personagem totalmente amoral, a mulher que dá nome à mais recente criação de Nuno M Cardoso acaba por ter o mesmo destino que (quase) todos os homens que se cruzam pelo seu caminho, que é o da morte e da destruição.

"Lulu", que tem por base a "monstruosa" obra de Frank Wedekind, explora vários temas burgueses e underground do século XX que, necessariamente, se refletem nos dias de hoje.

A versão de "Lulu" agora apresentada, numa tradução de Aires Graça, recupera cinco dos setes atos de Espírito da Terra e de A Caixa de Pandora (textos que ficaram conhecidos como as "tragédias de Lulu"), sendo a primeira vez que é representada em Portugal.

O espetáculo encerra um ciclo de reflexão tendo por base a dramaturgia alemã - iniciado com Gretchen, de Goethe (2003), e Emilia Galotti, de Lessing (2009) - que Nuno M Cardoso tem vindo a fazer sobre a representação (difícil) da mulher. Ao longo de toda a peça, deparamo-nos com uma personagem que se debate contra os dois tipos de inferioridade de que é vítima (a dependência económica e a condição de sexo fraco), enquanto se colocam em cena as contradições provocadas pela libertinagem cínica, a fachada puritana (patriarcal e burguesa) e a pulsão da morte.

Ainda que "Lulu" seja visto como uma tragédia, tem também alguns elementos de farsa. E, a certo momento, é introduzido Pierrot, uma figura da commedia dell'arte que é o fio condutor da peça. O retrato de Lulu vestida desta personagem acompanha toda a ação por três cidades europeias (Berlim, Paris e Londres) e sobrevive ao assassínio da protagonista.

"Lulu" fica em cena no TeCA até 22 de junho, regressando novamente ao palco de 27 a 30 desse mês: quarta-feira e sábado, às 19h00; quinta e sexta-feira, às 21h00; e domingo, às 16h00. O preço dos bilhetes é de 10 euros.

Para o dia 14 de junho, está agendada uma conversa pós-espetáculo com encenador e atores. A récita de 17 de junho inclui tradução em Língua Gestual Portuguesa (LGP).

Durante a temporada, será ainda lançado o livro que reúne as peças Espírito da Terra e A Caixa de Pandora, traduzidas por Aires Graça, integrado na coleção TNSJ/Húmus.

Mais informações aqui.