Teatro Municipal do Porto convoca a cidade para uma temporada de diálogo com o mundo
Porto.
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De setembro a dezembro, a nova temporada de programação do Teatro Municipal do Porto (TMP) promete um reencontro com velhos conhecidos (nacionais e internacionais) e uma aposta na criação (cada vez) mais jovem. O Rivoli e o Campo Alegre contarão com novos espetáculos de Dimitris Papaioannou, Milo Rau e Victor Hugo Pontes, num total de 11 estreias absolutas e seis estreias nacionais.
O reencontro do TMP com a cidade faz-se a meio do mês de setembro numa dupla dimensão: dentro e fora de portas. Num fim de semana pensado de forma complementar, como tem sido, aliás, grande parte da programação ao longo dos últimos anos, a rentrée faz-se com dois espetáculos: um deles apresentado na Praça D. João I, outro no Grande Auditório do Rivoli.
Assim, a 15 de setembro, a cidade é convocada para uma apresentação que convida à contemplação e (re)conexão com a cidade. "Dialogo Terzo: In a Landscape" é o terceiro capítulo de um projeto da companhia italiana CollettivO CineticO, encabeçado pelos artistas Francesca Pennini e Alessandro Sciarroni. Uma peça coreográfica a da composição homónima de John Cage, que procura "apaziguar a mente", numa meditação para acalmar a correria do dia-a-dia.
No mesmo fim de semana de abertura, destaque ainda para a remontagem de "Gust9723", trabalho do coreógrafo Francisco Camacho criado originalmente em 1997 e que conta com um elenco renovado, composto também por intérpretes locais.
Bem-vindos, velhos conhecidos
Numa lógica de acompanhamento de alguns dos nomes mais estimulantes da cena internacional, o TMP promove novos encontros com artistas que marcaram os espectadores nas últimas temporadas.
Neste caso, um dos destaques vai para o regresso ao Porto do dramaturgo e encenador Milo Rau, que procura recriar a clássica "Antígona" sob o olhar do século XXI. Em "Antigone in the Amazon", que será apresentado a 17 e 18 de novembro no Rivoli, é criado um manifesto com o apoio de indígenas, ativistas e atores do Brasil e da Europa.
A 30 de novembro, 1 e 2 de dezembro, será apresentado, em estreia nacional, o recente espetáculo do grego Dimitris Papaioannou. "INK" é composto por dois intérpretes apenas que, de um dueto, passam rapidamente a um duelo. Um estudo coreográfico sobre os limites da realidade, com contornos de ficção científica e terror.
Para Cristina Planas Leitão e Drew Klein, codiretores artísticos do TMP, são explorados "todos os locais e espaços como possibilidade para levar a cabo diálogos entre o Porto e o mundo com um sentido de tempo e relação". Neste conjunto de propostas apresentadas, assumem "um sentido de coragem no seu conteúdo ou forma que gera uma nova expectativa em relação à missão e ao papel de um teatro municipal", confirmam.
Artistas nacionais não falham a chamada
Na nova temporada do TMP, o foco nacional continua a ser uma das marcas dominantes na programação. De nomes facilmente identificáveis a novos nomes que prometem deixar curiosidade, os primeiros quatro meses do novo programa conta com espetáculos para todos os gostos.
Destaque para o mais recente espetáculo de Victor Hugo Pontes, "Corpo Clandestino", que será apresentado a 22 e 23 de setembro no Teatro Campo Alegre (isto no ano em que o coreógrafo assinala 20 anos de carreira).
Do cartaz fazem ainda parte as estreias de "Justiça", de Joana Providência/Teatro do Bolhão (3 e 4 de novembro), de "unraveling", da companhia Visões Úteis (7 e 8 de dezembro), de "Revolução de uma pessoa que sempre fez o que quis", de Nuno Preto/Colectivo Espaço Invisível (15 e 16 de dezembro) e de "O que é um problema?", da bailarina e coreógrafa Beatriz Valentim (17 e 18 de novembro).
O TMP continuará a acolher, durante este período, alguns dos festivais e ciclos realizados na cidade, como o FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto, a Festa do Cinema Francês e à Mostra Estufa (da responsabilidade da Erva Daninha).
Os ciclos regulares manterão a sua periodicidade, com novos recitais dos Novos Talentos, novas sessões das Quintas de Leitura e novos concerto no âmbito do Understage.
"Acreditamos que o teatro é um fórum vivo das diversas complexidades que constituem a nossa sociedade, um espaço para descobrir linguagens novas, desfrutar de uma alegria coletiva e desafiar o nosso entendimento do mundo que partilhamos", assume Cristina Planas Leitão e Drew Klein. "Acreditamos no teatro como ferramenta para criar linguagens novas dos dias de hoje – de forma poética, mas desafiante", concluem os codiretores artísticos do TMP.
O programa da nova temporada está já disponível aqui.