Cultura

Teatro e música recordam Camilo Castelo Branco

  • Notícia

    Notícia

Camilo_Castelo_Branco.jpg

É recriando o fim de vida de Camilo Castelo Branco que o Teatro Nacional São João (TNSJ) inicia, nas suas salas, um ciclo dedicado ao escritor, quando passam 193 anos sobre o seu nascimento. "A longa noite de Camilo", pelo TEatroensaio, estará em cena no Teatro Carlos Alberto (TeCA) entre 28 de fevereiro e 3 de março. 

Com encenação de Pedro Estorninho, o espetáculo foca-se nos últimos dias de Camilo Castelo Branco, pondo em perspetiva a sua vida e obra multifacetada. Em palco visita-se um dos génios da literatura portuguesa "na sua cegueira e nas tentativas desesperadas de uma cura que não chegará a suceder, conduzindo-o ao suicídio", destaca o TNSJ.

Para o encenador e "estudioso camiliano", trabalhar Camilo em teatro era um sonho antigo. Em declarações à Lusa, Pedro Estorninho disse querer pôr em cena as dúvidas que o assaltaram sobre o que se passou no íntimo do escritor no período até morrer; "se ele teria estado consciente, no que terá pensado ou o que se terá passado na cabeça do Camilo naquele período".

Sobre o efeito da peça no espectador, Pedro Estorninho salientou que ficaria contente "se as pessoas fossem para casa ler Camilo", sem tratarem "de forma pesada" um escritor que tinha, apesar do seu fim dramático, "um humor fantástico e um sentido de sátira bestial".

Um cancioneiro e um recital

Este ciclo promovido pelo TNSJ integra, a 3 de março e também no TeCA, um concerto de lançamento em CD do Cancioneiro Musical Português, com as sopranos Alexandra Bernardo e Tânia Valente, acompanhadas pelo pianista Bernardo Marques. Esta é também uma forma de recordar Gustavo Romanoff Salvini, o primeiro compositor a transformar os poemas de Camilo em canções.

A 16 de março, dia em que se assinala o nascimento do escritor, o Salão Nobre do TNSJ acolhe o recital "Serões de Camilo", pela soprano Sara Braga Simões e o pianista Rui Martins. Na primeira parte da apresentação, obras de Almeida Garrett, Lamartine, Victor Hugo e Lord Byron são revisitadas através da música de Lopes-Graça, Bizet e Liszt. Na segunda parte, interpretam-se árias de óperas a que o próprio Camilo assistiu repetidas vezes no então Real Teatro de São João, como "Rigoletto" de Verdi, "I Puritani" e "La Sonnambulae" de Bellini, ou "O Barbeiro de Sevilha" de Rossini.