Urbanismo

Sessão sobre o Ambiente abre com forte participação cívica a Semana do PDM

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A convocatória foi lançada e os portuenses responderam em peso. Nesta segunda-feira à noite, o auditório da Junta de Freguesia do Bonfim esteve lotado para a primeira sessão da Semana do PDM, dedicada ao Ambiente. Hoje há novo encontro marcado às 21,30 horas, desta vez no auditório da Junta de Freguesia de Campanhã, onde se falará sobre Património Cultural e Dinâmicas Urbanísticas. Se não puder acompanhar presencialmente, pode seguir a emissão em direto a partir da página de Facebook oficial da Câmara do Porto ou do canal de Youtube.

O tema é vasto e os estudos de caracterização e diagnóstico não são menos densos. Quando se fala em Ambiente, são muitos os aspetos a considerar - entre os quais sobressaem os espaços verdes existentes da cidade, a limpeza urbana, a qualidade de vida e o bem-estar da população.

Mas na primeira sessão da Semana do PDM, promovida pela Câmara do Porto, no âmbito da revisão do Plano Diretor Municipal (o atual data de 2006), a complexidade do tema foi ultrapassada pela abordagem coloquial utilizada pelos especialistas da Universidade do Porto nas suas apresentações técnicas.

O coordenador da equipa do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), Paulo Farinha Marques, expôs os resultados do estudo sobre a Estrutura Ecológica e Biodiversidade da cidade, começando por observar que o Porto tem "uma localização especial", até de excelência, porque no seu território convergem rio e mar. Esta característica, aliada a outros fatores próprios da sua geografia, ocasiona "um verdadeiro hotspot de pessoas, cultura e de biodiversidade", ou seja, um lugar que a estes três níveis é altamente apetecível.

Sublinhando que foi "muito interessante trabalhar na revisão do PDM", o investigador explicou também à audiência que, no âmbito da caracterização conduzida pelo grupo do CIBIO, foi feito um mapeamento exaustivo dos atuais espaços naturais (sem intervenção humana) e dos espaços verdes existentes (esta designação só se aplica a áreas em que a cobertura da vegetação for igual ao superior a 50%).

As riquezas específicas da fauna e habitat, e o potencial de espaços verdes na criação de contínuos urbanos, constituem para Paulo Farinha Marques oportunidades de que o novo PDM poderá tirar partido. Ainda segundo o relatório, há margem para alargar a área destes espaços, sendo que, no entendimento do especialista, essa missão não deve recair apenas sobre o Município, aconselhando, por isso, à formação de parcerias com esse objetivo.

Na segunda intervenção da noite, a investigadora Mónica Santos, da equipa do CEGOT (Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território), fez a Caracterização Biofísica do Porto assente em três pilares que avaliou individualmente: geomorfologia, cheias e sistema húmido (nas linhas de água e zonas adjacentes).

Por seu turno, a professora Ana Monteiro deu a conhecer os relatórios efetuados no âmbito do Clima e do Ambiente Urbano, que não só envolveram climatólogos, mas uma vasta equipa de geógrafos e arquitetos paisagistas, referiu. Na introdução ao tema, não quis deixar de "agradecer ter tido a oportunidade de responder a um desafio" lançado pela Câmara do Porto, notando que em cerca de 30 anos de atividade do CEGOT nunca a autarquia tinha manifestado interesse em ouvir o Centro. E sublinhou também que ficou perplexa por ver sala cheia. "É muito gratificante saber que o Porto está tão vivo", afirmou.

Um diagnóstico apurado a partir de uma "série secular de registos" permitiu ao grupo de investigadores fazer uma caracterização exaustiva sobre o clima da cidade, cruzando esses dados com diversos parâmetros sociais.

A qualidade do ar, da água, do solo, do ruído estão também devidamente avaliados pelo estudo coordenado por Ana Monteiro que, no final, feito o diagnóstico e reveladas as vulnerabilidades, concluiu que "o Porto tem a vantagem de já ter uma estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas".

No final da reunião foi dada a palavra ao público, que pôde colocar questões aos intervenientes ou simplesmente dar o seu contributo para o debate.

Fase de caracterização e diagnóstico é enfoque de semana intensiva de debate

Na abertura da primeira sessão, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, quis realçar que a Semana do PDM "vai apresentar a cidade que somos", com base nos estudos de caracterização e diagnóstico divididos por grandes temáticas. "Para tomarmos decisões teremos que ter uma base de conhecimento", referiu o promotor da iniciativa.

Terminada esta avaliação, sempre com base em estatísticas oficiais, com o apoio e know-how de especialistas dar-se-á a "fase de arranque decisiva para a visão de futuro da cidade", explicou o vereador.

Isabel Martins, diretora do Departamento Municipal de Planeamento Urbano, também como nota introdutória, quis salientar que o Plano Diretor Municipal é um instrumento indispensável à cidade, em que são compatibilizadas políticas que colocam o cidadão no centro das decisões.

Explicando que o processo de revisão é longo, porque feito de várias etapas, a responsável enumerou as diferentes peças documentais que compõem o PDM e informou a audiência de que o acompanhamento dos trabalhos pode ser feito através do site da autarquia.

Sessão desta terça-feira é dedicada ao Património Cultural e Dinâmicas Urbanísticas

Mais logo, às 21,30 horas, a segunda sessão da Semana do PDM tem lugar no auditório da Junta de Freguesia de Campanhã. Do CEAU (Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo), o professor Francisco Barata fará uma exposição sobre os Valores Patrimoniais, enquadrados em diferentes lógicas urbanísticas. Da Divisão Municipal de Planeamento e Ordenamento do Território (DMPOT) serão fornecidas estatísticas relevantes sobre a Habitação e expostas as Dinâmicas Urbanísticas em curso.

De igual modo, a partilha de conhecimento faz-se com o contributo do arquiteto Manuel Fernandes de Sá, responsável por fazer uma análise "retrospetiva" do atual PDM, em vigor desde 2006.

Assista aqui em vídeo à primeira sessão da Semana do PDM na íntegra: