Cultura

Sessão nos Paços do Concelho deu início ao ciclo “Agustina Leitora. Leituras de Agustina”

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O ciclo “Agustina Leitora. Leituras de Agustina”, integrado nas comemorações do centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís, teve início com uma sessão no átrio dos Paços do Concelho. As bibliotecas municipais do Porto têm vindo a celebrar a autora, promovendo a leitura dos seus livros junto do grande público.

A iniciativa propõe-se explorar as várias dimensões da obra de Agustina Bessa-Luís, tendo esta primeira sessão, ao final da tarde de quarta-feira, abordado o tema “Agustina leitora”. Vão seguir-se as mesas-redondas “Agustina traduzida” (na Casa dos Livros), “Agustina lida por outros escritores” (na Casa Comum – Reitoria da Universidade do Porto), e “Agustina no cinema” (na Casa do Cinema Manoel de Oliveira – Fundação de Serralves). As sessões têm sempre início às 18h.

Notando que existem “fundadas razões para o Município do Porto comemorar o nascimento de Agustina Bessa-Luís”, o presidente da Câmara Municipal reiterou que a autarquia está “fortemente comprometida com a celebração de uma das mais notáveis escritoras do nosso tempo. Temos consciência plena do nosso dever de exaltar uma autora que forjou a sua identidade pessoal e literária na cidade do Porto.”

Na intervenção de abertura, Rui Moreira lembrou que “ao longo deste mês, as bibliotecas municipais do Porto celebram Agustina Bessa-Luís organizando colóquios e sessões de leitura em torno da sua obra”, realçando que “o Município do Porto é uma das 15 instituições envolvidas nas comemorações do centenário, tendo previsto um amplo programa de divulgação, análise e celebração da vida e obra de Agustina Bessa-Luís.”

“O envolvimento do Município nesta efeméride justifica-se, desde logo, pelo lugar central que a escritora ocupa na literatura portuguesa. Agustina é autora de uma obra imensa e assombrosa, com mais de 50 livros de diferentes géneros – romance, conto, crónica, teatro, biografia, ensaio e memórias”, enumerou o autarca, congratulando-se com a “circunstância feliz de o Porto poder reivindicar para si a pertença de Agustina”. “Como se percebe pela leitura da sua obra, Agustina Bessa-Luís foi uma escritora comprometida com a região Norte de Portugal. E contígua a esse enraizamento nortenho, há uma relação profunda e inquebrantável com o Porto”, acrescentou.

“Agustina Bessa-Luís veio estudar para o Porto com apenas 10 anos, em 1932, e acabaria por fixar residência na cidade já na década de 50. Foi pois aqui, nesta cidade com «alma de muralha», como lhe chamou, que a autora d’“A Sibila” iniciou e desenvolveu a sua obra literária”, evocou Rui Moreira, realçando o facto de o Porto constituir “cenário de alguns dos mais importantes romances” da autora.

“A geografia física e sentimental da cidade é admiravelmente retratada em obras como Fanny Owen, Os Meninos de Ouro ou A Muralha. Destes livros ressuma o carácter, a mundivisão, a natureza profunda do Porto e das suas gentes, quer seja a burguesia liberal, quer seja a arraia-miúda. É, de resto, sintomático que Agustina tenha um dia afirmado que «o Porto não é um lugar, é um sentimento». Isto diz bem da ligação afetiva da escritora à cidade e de como a cidade influenciou a sua vida e, consequentemente, o seu labor literário”, frisou o presidente da Câmara Municipal do Porto.

Em conclusão, Rui Moreira lembrou que a autarquia apoiou a realização do filme A Sibila: “Será projetado na reabertura do Batalha, vai ser uma oportunidade para vermos a obra-prima de Agustina Bessa-Luís”, disse.

Agradecendo à Câmara Municipal do Porto pelo acolhimento, a diretora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Fernanda Ribeiro, lembrou que até 11 de novembro é possível visitar a Exposição bibliográfica e artística, disponível na Biblioteca Central da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde são apresentados alguns livros da biblioteca pessoal de Agustina anotados pela própria, obras da escritora e as respetivas constelações de leituras estrangeiras, evocadas ou convocadas, tanto pela autora, como pela crítica nacional e internacional da sua obra, bem como trabalhos de estudantes e docentes de Gravura da Faculdade de Belas-Artes que dialogam expressamente com o universo agustiniano e, muito em particular, com o livro Estações da Vida.

“Este ciclo representa uma oportunidade para habitar a cidade, em diferentes momentos, com Agustina”, sublinhou a coordenadora científica do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, Fátima Outeirinho. Ana Paula Coutinho, uma das organizadoras do ciclo, congratulou-se com o arranque da iniciativa “na casa, por excelência, da cidade”. “O mote das leituras impôs-se-nos. Queremos chegar a leitores habituais e àqueles que agora chegam à sua obra, propondo leituras que desconfinam esta autora”, acrescentou.

Nesta primeira sessão participaram Isabel Ponce de Leão, sócia fundadora e vice-presidente do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, Maria de Fátima Marinho, professora de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e Mónica Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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