Cultura

Serralves vai expor obras dos finalistas do Prémio Novo Banco Revelação 2019

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A artista Alice dos Reis foi escolhida por unanimidade do júri como a vencedora do prémio de fotografia Novo Banco Revelação 2019. Juntamente com os finalistas Diogo da Cruz e Luís Ramos, vai ter as suas obras expostas em Serralves, em novembro.

O júri do galardão na edição deste ano, que teve 56 concorrentes, era composto por Pedro de Lhano (Espanha, curador independente), Manuela Moscoso (Equador, curadora da próxima Bienal de Liverpool), Susana Lourenço Marques (Portugal, professora de Fotografia e História da Fotografia na Faculdade de Belas Artes do Porto), Filipa Loureiro e Ricardo Nicolau (curadora e adjunto da direção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves).

Em data a anunciar, mas que será em novembro, o Museu de Serralves vai inaugurar uma exposição coletiva com obras dos três artistas, para a qual estes receberão uma bolsa de produção destinada à concretização do projeto pelo qual foram selecionados. Por essa ocasião, será lançada uma publicação monográfica do trabalho de Alice dos Reis.

O prémio Novo Banco Revelação é uma iniciativa do Novo Banco em parceria com a Fundação de Serralves, que já distinguiu 44 artistas e tem como objetivo incentivar a produção e criação artística de jovens talentos portugueses até aos 30 anos, tendo por base uma lógica de divulgação, lançamento e apoio a todos os artistas que recorram ao meio da fotografia.

Projetos dos finalistas

A proposta de Alice dos Reis que venceu a edição de 2019 põe em causa a relação tradicional e extremamente hierarquizada entre o Homem e os animais, pretendendo refletir, através de um filme e de um vídeo, "o processo de captação de imagens como um exercício não exclusivamente humano". A potencial colaboração entre espécies posta em marcha no seu projeto pretende questionar as noções de natureza e cultura, pelo caminho repensando o estatuto e as funções da fotografia. Escreve a artista: "Parafraseando John Berger, em vez de olhar para animais, proponho questionar de que modo é que a fotografia pode facilitar um espaço de mediação crítica que nos permita ver com animais".

Quanto a Diogo da Cruz, tem vindo a explorar o diálogo entre arte e ciência - em outubro de 2018 iniciou um grupo independente de pesquisa interdisciplinar sediado em Munique, o SFB42, que junta 10 artistas da Academia de Belas Artes com 10 físicos da Universidade Técnica. Determinadas experiências científicas, nomeadamente aquelas associadas à investigação sobre matéria negra, servem-lhe para uma reavaliação da imagem fotográfica. Para o Prémio Novo Banco Revelação, o artista propôs uma instalação performática intitulada "a shot in the dark" que, classificando uma máquina inventada por cientistas para "registar o que nunca foi detetado" (elementos constituintes do universo que ainda desconhecemos) como uma câmara fotográfica, validando as suas medições como fotografia, nos interpela sobre o estatuto da fotografia na conceção da verdade, na sua relação com o conhecimento.

Luís Ramos, por seu lado, apresentou a concurso uma proposta em que explora várias abordagens à fotografia e a dispositivos de captação de imagens. Através de constantes remissões irónicas e cheias de humor a determinados artistas e movimentos artísticos, cria trabalhos em que joga inteligentemente com as (in)capacidades dos aparelhos de vídeo para captar e projetar convenientemente determinadas imagens, ou com a atual ubiquidade da fotografia - numa altura em que todos somos, mais do que meros consumidores, produtores de fotografias - num projeto em que coleciona e valoriza as fotografias que tiramos acidentalmente com os nossos telemóveis e que acabam por isso frequentemente apagadas.