Cultura

Serralves inaugurou novo edifício do Museu de Arte Contemporânea

  • Paulo Alexandre Neves

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A Fundação de Serralves inaugurou, ao final da tarde desta quinta-feira, o edifício poente do Museu de Arte Contemporânea, aumentando em 40% a área expositiva da instituição. A inauguração da Ala Álvaro Siza constitui um marco na história da instituição, ao mesmo tempo que presta uma homenagem ao seu autor.

Assinado pelo arquiteto premiado com um "Pritzker" (1992), este edifício assinala a relação próxima entre Serralves e o próprio, que dura há mais de três décadas, com a realização de importantes projetos de sua autoria, inaugurados em diferentes momentos: construção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (em 1999), Casa do Cinema Manoel de Oliveira (2019), Casa dos Jardineiros (2021), recuperação da Casa de Serralves (2021), entre muitos outros projetos.

A cerimónia de inauguração contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, do presidente da Câmara, acompanhados pela presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho, e pelo autor do projeto, Álvaro Siza. Para o chefe do Governo, o novo edifício é uma obra "absolutamente extraordinária".

"É, para mim, um dia em que estou muito, muito satisfeito. Acho que esta é uma obra absolutamente extraordinária e faz da cidade do Porto uma cidade ainda mais extraordinária", afirmou António Costa, durante o discurso de inauguração do novo espaço.

Depois de visitar o novo espaço, acompanhado de centenas de convidados (por parte da Câmara Municipal, e para além do seu presidente, estiveram presentes a vereadora da Juventude, Catarina Araújo, e da Educação, Fernando Paulo), o primeiro-ministro considerou que o arquiteto conseguiu "mostrar muito do belo", sobretudo através da ligação do edifício às árvores que estão no exterior, dos ângulos e do jogo de luzes sala após sala. "O arquiteto Siza Vieira encontrou aqui o muito do belo”, acrescentou.

Segundo o primeiro-ministro, o encontro das pessoas com a beleza é aquilo que “seguramente potenciará que parte desse público um dia possa ambicionar também ser produtor de beleza, como arquiteto, músico, pintor, escultor ou, simplesmente, consumidor de cultura”. Na sua opinião, esta obra foi uma “boa forma” de mostrar todo o potencial da Fundação de Serralves.

António Costa sublinhou que o investimento em arte é “mesmo aquilo que fica quando tudo o resto se vai”. E a esse propósito lembrou, a título de exemplo, a falência de bancos dos quais restaram as suas obras de arte.

"Esta é uma grande parceria público-privada"

O presidente da Câmara realçou a felicidade que "a cidade tem" com a existência de uma fundação, como a de Serralves, e um arquiteto, como Siza Vieira. "Feliz uma cidade que tem quem continue a apostar nesta casa", afirmou Rui Moreira, garantindo que esta "é uma grande parceria público-privada".

O presidente da Câmara não deixou também de elogiar a ação do primeiro-ministro – "é bom ter um primeiro-ministro que entenda a dimensão da cultura", disse – e um ministro da Cultura, "com quem se possa falar e entende o que dizemos".

"A cultura não se subsidia, consome-se. Mas quando somos capazes de ver a beleza no seu vazio, assim somos mais felizes", concluiu Rui Moreira.

Edifício integrado na paisagem

A presidente da Fundação de Serralves relembrou que o Museu de Serralves é, já hoje, "uma referência na produção e divulgação cultural e um marco arquitetónico, a nível nacional e internacional". Quando abriu ao público, em 1999, "recebeu 80 mil visitantes. Este ano, deverá receber a visita de mais de um milhão e cem mil pessoas", revelou Ana Pinho.

O novo edifício, "completamente integrado na paisagem", não deixa "de marcar pela sua singularidade e deslumbrante arquitetura", vincou a presidente da Fundação, homenageando Álvaro Siza Vieira: "Serralves não seria Serralves sem si".

Ana Pinho não deixou de agradecer os apoios que a Fundação teve neste projeto, nomeadamente da Câmara do Porto e, em especial, do seu presidente, Rui Moreira, "por este e todos os outros apoios que tivemos, por ter confiado a Serralves o depósito da coleção Miró e a sua presença próxima e constante nesta casa".

O arquiteto, que explicou a sua obra, define o novo edifício como "um todo evidente" com o já existente. "Um vazio que a imaginação tenta colmatar", frisou, acrescentando que "a implantação das árvores desenha a nova ala".

O novo espaço do Museu de Arte Contemporânea, cujo investimento foi de dez milhões de euros, com financiamento em 4,2 milhões de fundos comunitários, começou a ser construído em maio de 2022. Desenvolve-se em três pisos, composto por cave e dois espaços expositivos. Abrirá ao público no início de 2024, com duas grandes exposições - uma dedicada à Coleção de Serralves e outra à obra de Álvaro Siza. Este novo espaço permite à Fundação aumentar a área expositiva em cerca de 40%, com novas salas de exposição interligáveis e ajustáveis.

Até ao início do ano, os visitantes poderão usufruir de todo o espaço e sua beleza arquitetónica.