Economia

SEDES propõe medidas para duplicar o PIB e Rui Moreira acrescenta: “a reforma do Estado é a mais crucial”

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A necessidade de um Portugal mais ambicioso juntou, ao final da tarde desta quinta-feira, nos Paços do Concelho, diversas personalidades para a apresentação do livro da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, “Ambição: duplicar o PIB em 20 anos”. Em sintonia com a visão da SEDES, o presidente da Câmara do Porto acusa o país de ter “revelado pouca ambição, muito imobilismo e algum dogmatismo ideológico”.

Rui Moreira enaltecia o “projeto ambicioso” desenvolvido pela SEDES, “em que propõe algumas medidas de rutura e traça como objetivo um crescimento médio da economia de 3,5% ao ano” baseado em “políticas arrojadas em áreas críticas como o sistema fiscal, o mercado de trabalho, a Segurança Social, a educação, a saúde, a justiça, a indústria ou a reforma do Estado”, considerando esta última “a mais crucial”.

“Para um desenvolvimento harmonioso e contínuo, o país precisa de um Estado mais eficiente, menos burocrático, mais transparente e mais próximo de cidadãos, instituições e empresas”, acredita o presidente da Câmara do Porto, sublinhando questões como a resposta às consequências socioeconómicas da pandemia, a amenização dos efeitos da invasão da Ucrânia ou a execução dos fundos comunitários.

O autarca considera “conveniente ir mais fundo na reforma do Estado e eliminar as redundâncias entre entidades públicas, otimizar a gestão dos serviços, descentralizar estruturas críticas e fazer um melhor uso dos recursos coletivos”.

Considerando o livro da SEDES “um contributo importante para a transformação socioeconómica do país e consequente adoção de um modelo de desenvolvimento mais inteligente, sustentável e inclusivo em Portugal”, Rui Moreira adverte para “a emergência de um novo paradigma económico, em que o Estado se vê na necessidade de intervir nas cadeias de produção para suprir carências de mercado e garantir a competitividade e o emprego”.

“Ambição: duplicar o PIB em 20 anos” foi organizado pelo presidente do Conselho Coordenador da SEDES, Álvaro Beleza, e pelo presidente do Conselho Consultivo da mesma associação, Abel Mateus.

Ambição para acabar com a miséria e acumular riqueza

Na tarde de quinta-feira, o primeiro garantiu que “não foi por acaso que escolhemos o Porto para a apresentação do livro”. “Portugal precisa de mais economia, de melhores e mais empresas e é o Norte que é mais empreendedor, mais ambicioso”, afirmou Álvaro Beleza, acrescentando que o país não tem “nenhuma patologia, nenhum problema genético em relação a outros países” quando se trata da possibilidade de duplicar o PIB.

Por seu lado, Abel Mateus considera que “basta de estagnação da economia, de pobreza de 20% da população, da fuga de jovens para o estrangeiro e de mortes que se podia evitar se existisse um Sistema Nacional de Saúde eficiente".

Sublinhando igualmente a “falta de ambição”, o presidente do Conselho Consultivo da SEDES considera que o país deve "arranjar governos competentes que façam políticas apropriadas" em áreas como investigação tecnológica, ensino superior, turismo e revitalização urbana. “Basta de miséria é preciso acumular mais riqueza", concluiu.

Presente nos Paços do Concelho, também José Roquete considerou "importante que por aqui [pelo Porto] começássemos o desafio claro e evidente que estamos a fazer ao país". O presidente da Assembleia Geral da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social disse esperar que a comunidade "sinta a necessidade urgente de alterar , de desinstalar o país e os portugueses, no sentido de termos um Portugal em que a ambição se transforme em resultados concretos".

Ao longo de mais de 500 páginas, a publicação apresenta uma visão estratégica para o país. Com um programa focado em 12 áreas, a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social pretende duplicar o PIB português em 20 anos e atingir a média do PIB ‘per capita’ da União Europeia até 2036.

Na publicação pode ler-se que “este objetivo significa passar de um PIB a preços correntes de 213 mil milhões de euros em 2021 para 518 mil milhões em 2040. O PIB ‘per capita’ e as paridades do poder de compra, a preços de 2015, passariam de 23.155 euros em 2019 para 27.572 euros em 2030 e cerca de 36.810 euros em 2040, o que representa um aumento de 75% em relação a 2021”.