Cultura

São 13 os Dias da Dança, 27 as revoluções narrativas e infinitas as liberdades de criação

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É não só para celebrar revoluções, mas para as protagonizar que Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos dão palco a 27 espetáculos e infinitas liberdades de criação em mais uma edição do Festival Dias da Dança (DDD). A dança e a liberdade ganham vida entre os dias 23 de abril e 5 de maio, com os holofotes virados para as nove estreias absolutas e 13 estreias nacionais, muitas delas coproduções ou coapresentações.

"O DDD apresenta formatos novos, inéditos e, por isso, também revolucionários, sendo um importante momento de pensamento e reflexão e uma plataforma de artistas que se consolidam e visibilizam para os vários profissionais que estarão presentes", sublinha o presidente da Câmara do Porto, durante a apresentação do programa da oitava edição do festival, na manhã desta quinta-feira, no Teatro Rivoli.

Para Rui Moreira, os três municípios têm conseguido "com um orçamento, apesar de tudo, modesto, quando comparado com outros festivais desta natureza por toda a Europa, estar na fila da frente dos festivais de dança europeus".

"Sinergia" será a palavra central. "Sempre tivemos esta ideia de que as áreas a que a Frente Atlântica se devia dedicar eram a dos desportos menos tradicionais, como a vela e o surf, e as artes, porque é aqui que se cria sinergias", considera o presidente da Câmara, satisfeito por assistir à continuidade do projeto.

Além de Vila Nova de Gaia e Matosinhos, o segredo para a força do festival está, também, em parceiros como o Clube de Fenianos Portuenses, a Fundação Serralves, o Teatro do Bolhão e o Coliseu Porto Ageas, locais por onde vai passar o DDD. Nas palavras de Rui Moreira, "a dinâmica que isto cria, em rigor, não é apenas dança".

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Frente Atlântica enquanto comunidade criativa

Por seu lado, a vereadora da Cultura e Programação Cultural da Câmara de Vila Nova de Gaia, Paula Carvalhal, sublinhou como o DDD "representa a nossa capacidade criativa como comunidade" e se assume como "uma partilha de conhecimento" e uma "missão de dar a conhecer novas formas de estar e de criar cultura".

Os passos estão, também, sincronizados com Matosinhos, com o vereador da Cultura, Fernando Rocha, a lembrar como "há cerca de dez anos, quando se pensou fazer um festival de dança, não tínhamos dúvidas que iria ser um projeto interessante e importante para as nossas cidades, mas acho que nenhum dos presentes, à época, tinha a ideia que o DDD se viria a impor e a tornar uma marca e um embaixador desta zona territorial".

A partir deste ano e com um resultado visível em 2025, o DDD integra redes e projetos europeus: a Big Pulse Dance Alliance, o Visiting Artists Program, o IMPACT e o Grand Luxe.

Revolucionar formatos e dançar novas ideias

O Dias da Dança começa com aquele que a codiretora artística de Artes Performativas da empresa municipal Ágora considera um dos destaques do festival: "Remachine", de Jefta van Dinther, "que é um murro no estômago de humanidade".

Cristina Planas Leitão refere, ainda, o espetáculo do Dia Mundial da Dança, "Voice Noise", "uma peça bastante mais íntima e refinado do que Jan Martens nos costuma apresentar", a presença de La Chachi com "um espetáculo de flamenco radical", e a estreia de Catarina Miranda, "que está a ser bastante aguardada, também internacionalmente".

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Sobre um festival que se reinventa e revoluciona, a diretora artística acredita que "há, realmente, alguma coisa a quebrar e percebemos que a novidade dos diferentes formatos era o que trazia, este ano, o DDD de revolucionário".

"Percebemos que os artistas começaram a querer quebrar um bocadinho com o convencional de entrar num teatro, sentar, estar ali uma hora a ver. A maior parte dos formatos tem duas partes, misturam-se, há uma hibridez. Há um espetáculo que é um jogo, há um que se torna uma festa, um que é uma performance", adianta Cristina Plantas Leitão.

Este ano, as danças do DDD vêm de Marrocos, Nova Zelândia, Estados Unidos, Brasil, México, Chile, ainda que 50% sejam artistas portugueses. A ideia, afirma a diretora artística, "não é incidir sobre a dança mais académica que estamos habituados a ver nos palcos, mas trazer aos palcos essas danças que estavam nos outros sítios".

Para o futuro, mais liberdades: a de "manter a frescura". Mas também o "olhar sempre para o que está a acontecer no momento e não só para o que sabemos que funciona. Estar permanentemente em diálogo". "É muito importante a cada ano porque os temas são sempre outros", sublinha.