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Sá da Bandeira esteve para ser vendido por 5,5 M em 2009 para ser um hotel e a Câmara comprou-o agora por 2,1 M para o preservar

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A Câmara do Porto exerceu o direito de preferencia sobre a venda do Teatro Sá da Bandeira e a provável demolição do mesmo. A autarquia, cumpridas todos os direitos que encontrou na Lei, evitou a transação, adquiriu o imóvel por 2,1 milhões de euros e vai preservá-lo.

Mas não foi a primeira vez que o futuro do Teatro Sá da Bandeira esteve em risco. Em 2009 esteve envolto em polémica quando decorreu uma manifestação à porta daquela que é a sala de espectáculos mais antiga da cidade, contra a possível conversão do teatro num hotel.

O teatro esteve então à venda por 5,5 milhões de euros, mais do dobro do valor pelo qual, agora, a Câmara o comprou.

A manutenção do espaço como um teatro não está prevista no PDM e a venda poderia atirar o imóvel para outra utilização, provavelmente destinada a uma unidade hoteleira.

Os tempos áureos do teatro remontam ao ano de 1855, na altura como Teatro Circo. O nome Sá da Bandeira veio com a implantação da República, em 1910. Pelo palco da mítica sala passaram grandes nomes da dramaturgia. Sarah Bernhardt apresentou em 1895 "A Dama das Camélias". Foram muitos os actores portugueses que ajudaram a fazer a história do teatro: Octávio de Matos, Beatriz Costa, Laura Alves, Vasco Santana, entre muitos outros.

Foi também no Sá da Bandeira que, em 1986, Aurélio da Paz dos Reis apresentou os primeiros filmes realizados em português. A antiga tradição de teatro de revista foi parcialmente substituída por uma programação mais variada nos últimos anos, depois de os proprietários não terem conseguido vender o espaço em 2009.

O Teatro tem cinco mil metros quadrados de área coberta, uma sala principal e duas salas de cinema, além de três lojas no rés-do-chão.

Rui Moreira levará, agora, à próxima reunião de Câmara a decisão, para ratificação, já que era necessária uma decisão rápida e foi tomada, considerando a autarquia que o preço é justo e corresponde à avaliação feita.

A Câmara do Porto não anunciou ainda o que fará do espaço, mas irá preservá-lo e, possivelmente, integrá-lo na empresa municipal de cultura a constituir nos próximos meses e que integrará também o Cinema Batalha (que a Câmara irá também reabilitar) e o Teatro Municipal do Porto (Rivoli e Campo Alegre), dinamizando-os.

Rui Moreira ainda não fez comentários públicos à sua decisão, mas lembrou no Facebook que "é para isso que servem as boas contas", aludindo à liberdade que a autarquia hoje tem por ter disponibilidade financeira para aturar no mercado e regulá-lo, salvaguardando a cidade.

Por outro lado, o autarca tem dito que pretende implementar uma taxa turística no próximo mandato, o que fará com que esta política de aquisição de imóveis no centro, por forma a conter a pressão do turismo e a promover a habitação a custos controlado e a preservação dos imóveis históricos, possa ter ainda mais recursos.