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Rui Moreira satisfeito com absolvição no caso Selminho: “Foi reparada a minha honra”

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No dia em que foi conhecido o desfecho do caso judicial Selminho o autarca fez uma declaração na Sala D. Maria, nos Paços do Concelho, ao final da tarde desta sexta-feira, na qual se congratulou pela decisão do tribunal e agradeceu a confiança dos portuenses.

“Quero primeiro saudar o tribunal por ter cumprido a sua nobre missão”, começou por afirmar Rui Moreira. “Sempre acreditei na Justiça portuguesa. Sempre respeitei as decisões dos tribunais, mesmo quando senti que estava a ser injustiçado”, reiterou o presidente da Câmara do Porto, elogiando o trabalho detalhado do tribunal: “Não se limitou a verificar que não havia provas. Agradeço ao tribunal o cuidado que teve em analisar todo o relacionamento da Câmara com a Selminho desde 2005, para esclarecer quem tivesse dúvidas, que a postura do município foi sempre a mesma e que eu não tive qualquer intervenção direta ou indireta nessa relação.”

A absolvição que resulta dessa análise exaustiva é um conforto para Rui Moreira: “Dessa forma sinto que, para além da absolvição, foi reparada a minha honra e desfeita qualquer dúvida que pudesse existir.”

Na leitura do acórdão, nesta sexta-feira no Tribunal de São João Novo, a presidente do coletivo de juízes, Ângela Reguengo, disse que não ficou provado que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, tenha dado instruções ou agido com o propósito de beneficiar a empresa imobiliária da família, da qual era sócio.

“Não consigo esconder que sofri muito. Sofri eu, sofreu a minha família e os meus amigos. Sofreram muitos portuenses que, insistentemente, se dirigiam a mim sempre com palavras de apoio, de força e, não raras vezes, de revolta. Não escondo que a mais mera hipótese e suspeita de eu ter abusado deste cargo que tanto me honra sempre representaram um insulto e uma infâmia”, confessou o autarca.

“A própria dimensão e espessura do acórdão, no qual sou ilibado de todas as acusações que o Ministério Público intentou contra mim, é bem representativo de que a acusação era destituída de qualquer fundamento, como de resto eu sempre disse”, reforçou Rui Moreira, lembrando que este veredicto “junta-se à decisão anterior do Tribunal Administrativo do Porto”, há mais de quatro anos, pelo arquivamento.

O presidente da Câmara do Porto lamentou ainda que o caso Selminho tenha assumido contornos políticos no contexto das eleições autárquicas. “Resisti às latas de tinta que foram gastas em editoriais e outros géneros de opinião caduca a defender que eu e o meu projeto de cidade não fôssemos a votos. Mesmo sem sentença, fui condenado insistentemente em praça pública. Houve quem se abespinhasse por a campanha eleitoral não se ter concentrado, apenas, nesta suspeita. Houve partidos políticos, e um líder político em particular, que não respeitaram a presunção da inocência. Aguentei sempre porque sempre tive os portuenses do meu lado”, vincou.

“Não fossem os portuenses fortes, atentos, com um carácter granítico e saberem reconhecer o trabalho e dedicação que sempre lhes tive e eu e esta equipa de vereadores que me acompanham, não teríamos ganho as últimas eleições autárquicas. Soube, por isso, respeitar a vontade dos portuenses e procurei criar estabilidade de governação que hoje temos”, apontou Rui Moreira, que se fez acompanhar na Sala D. Maria pelos vereadores eleitos pelo seu movimento e por familiares e apoiantes.

Terminando a sua declaração com um “sentido agradecimento” a “todos aqueles que sempre lutaram e acreditam em mim”, o presidente da Câmara do Porto concluiu: “Muito obrigado, sei que os portuenses nunca me vão desiludir. Hoje, fez-se Justiça. Uma Justiça que me dará ainda mais força para continuar a ser uma voz ativa e intransigente na defesa dos interesses do Porto.”

Em resposta às questões dos jornalistas, Rui Moreira lamentou que não tenha sido ouvida a testemunha-chave, o advogado Pedro Neves de Sousa: “Quando pedimos a instrução do processo podíamos ter recorrido a muitas testemunhas. Só pedi para ser ouvida uma testemunha. Era um direito meu, mas não foi ouvida. É uma decisão do tribunal que eu lamento”, disse.

Relativamente ao recurso que o Ministério Público vai interpor junto do Tribunal da Relação do Porto, o autarca considerou que “faz parte das regras do jogo”. “O Ministério Público é livre de apresentar recurso. Com base nos termos do acórdão, não tenho nenhum receio desse recurso”, garantiu.

“O processo foi sempre político. Já não tenho idade para acreditar no Pai Natal nem em acasos”, afirmou ainda Rui Moreira, agradecendo as manifestações que recebeu durante o dia, após ser conhecida a absolvição: “O meu irmão, a minha família, o senhor Presidente da República, alguns adversários políticos, outros aliados, o presidente do movimento, Francisco Ramos, os nossos amigos. Todos nós, que gostamos da democracia, temos pena que as pessoas sejam queimadas na praça pública.”