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Rui Moreira lamenta que o Governo esqueça a pequena economia

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Foi no Mercado do Bolhão que o presidente da Câmara do Porto deu uma entrevista à TSF, que ali levou a emissão na semana em que celebra 35 anos de radiodifusão. Ao lado das bancas de vendedores, Rui Moreira lamentou que o governo central esqueça a pequena economia, olhou para o mercado como uma testemunha da cultura portuense e ainda abordou a necessidade das obras que, atualmente, afetam a mobilidade na cidade.

Medidas como a proibição de novas licenças no alojamento local, inseridas nas propostas do governo para a habitação, são, na opinião de Rui Moreira, preocupantes para comerciantes como os do mercado, uma vez que aquela atividade permite a instalação de turistas na Baixa e “é aqui [ao Mercado do Bolhão] que vêm fazer compras, comprar os frescos todos os dias, um croissant, tomar café”.

“As intervenções nas cidades, que vêm do governo central, não pensam que há uma externalidade, que há uma pequena economia, estes pequeníssimos comerciantes, que subitamente se vê em perigo, se vê afetada por mudanças que são feitas com muito boas intenções, mas esquecem a pequena economia”, reforça o presidente da Câmara do Porto.

Rui Moreira lembra que “a economia do alojamento local não tem só a ver com os proprietários e a renda que recebem, mas com todos estes pequenos negócios que gravitam à volta”, como o Mercado do Bolhão, “o epicentro das compras na cidade”.

Questionado sobre os constrangimentos de mobilidade que as obras do metro estão a trazer, o presidente da Câmara do Porto mostrou-se “preocupado com o durante, expectante com o após”. “Era ótimo poder ter-se obras prontas sem fazer obras”, afirmou Rui Moreira, lembrando, no entanto, a necessidade da intervenção, de forma a incluir o Porto nas “cidades do futuro, que vão ser cidades em que vamos ter que usar menos o carro”.

O presidente assume, ainda assim, que “tentar explicar às pessoas que têm que ter paciência e que, de facto, uma obra destas demora muito tempo é difícil”. Até porque, reconhece, no Porto, “qualquer mudança que nós introduzimos é sempre muito discutida, é sempre olhada com alguma suspeita”.

Mas, ao mesmo tempo, “há sempre uma certa vontade de modernidade e de afirmação por causa do orgulho dos cidadãos”. Como aconteceu com a reabilitação do Mercado do Bolhão, intervenção que levou o Município a ter várias reuniões com os comerciantes para “explicar-lhes que íamos fazer um mercado, que era um mercado tradicional mas ajustado aos novos tempos”, recorda Rui Moreira, salientando como “a cidade do Porto olha sempre, de forma apaixonada, para todos os seus temas”.

Assumindo a importância e o crescimento da cultura na cidade, o presidente da Câmara acredita que “quem visita [o mercado] percebe que está aqui uma forma de cultura” e acrescenta que “a reabilitação – não apenas pensada no edificado, mas também nos usos, nos costumes, nas pessoas – faz parte da cultura”.

“Este é um espaço para usar, para viver e conviver, para criar hábitos e para mostrar que este tipo de atividade não tem que morrer. Esta é a cultura ancestral do Porto”, concluiu Rui Moreira.