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Rui Moreira garante que o Matadouro avança mesmo por ser indispensável ao futuro de Campanhã

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O Matadouro é "projeto indispensável" na engrenagem do grande plano de requalificação para a zona oriental da cidade, orçado em cerca de 178 milhões de euros, disse o presidente da Câmara do Porto, na sessão pública de apresentação do Masterplan estratégico para o território e da Operação de Reabilitação Urbana (ORU) da Corujeira. "De uma forma ou de outra vamos fazê-lo. Se muito rapidamente não obtivermos resposta sobre o plano A, queria aqui assumir o compromisso de que apresentaremos um plano B", garantiu Rui Moreira nesta quinta-feira à noite, no Auditório da Junta de Freguesia de Campanhã. Nesta iniciativa municipal, que contou com casa cheia, o autarca anunciou ainda a criação de um polo museológico na Quinta da Bonjóia.  

Segundo o autarca, "não há outra solução" para alavancar o desenvolvimento do Porto Oriental que não passe pela reconversão do Antigo Matadouro Industrial. O projeto, considerado um "game changer", vai não só impulsionar o crescimento económico como também a coesão social e territorial de Campanhã, quer pelo tipo de programas que ali vão nascer (de cariz social, empresarial e cultural) quer pelo próprio desenho arquitetónico pensado para o local, capaz de cerzir um território espacialmente dividido.

"O Matadouro Municipal é um projeto que, depois de ter sido estabilizado entre todos nós [forças políticas] e depois de termos aperfeiçoado aquilo que é o seu programa, é indispensável. Seja de uma forma ou de outra, vamos fazê-lo", assumiu Rui Moreira.

O plano A, que pressupõe um investimento privado da Mota Engil na ordem dos 40 milhões de euros, continua a ser o melhor modelo para Rui Moreira, mas o Tribunal de Contas chumbou-o e a Câmara do Porto aguarda agora o resultado do recurso. Caso a resposta tarde, o autarca deixou o compromisso de que "será apresentado um plano B". Aliás - confidenciou - o assunto tem sido objeto de várias reuniões e reflexões nos últimos dias.

No Masterplan estratégico, está prevista a criação da Praça do Matadouro e de um novo arruamento de ligação à Praça da Corujeira. Há também um plano para criar um corredor verde de enquadramento paisagístico da VCI e de uma ciclovia até ao futuro Terminal Intermodal e à Quinta de Bonjóia, bem como a requalificação da Rua da Fábrica "A Invencível" e a melhoria das ligações pedonais sob o viaduto da VCI.

Casa de Bonjóia vai ter polo museológico

Na mesma sessão, o presidente da Câmara do Porto anunciou que a Casa de Bonjóia (parte integrante da Quinta de Bonjóia), localizada em Campanhã, vai acolher um polo do Museu da Cidade. "Também por causa do atraso no Matadouro, que será inevitável, vamos avançar muito rapidamente com um projeto de museu na Casa de Bonjóia", afirmou Rui Moreira, explicando que esta antecipação deriva da importância política que o Executivo municipal atribui à cultura.

"Queria deixar-vos a garantia de que, quando não conseguimos chegar tão depressa aonde queremos num determinado eixo, temos de ser capazes de acelerar noutro", analisou o autarca, que partilhou não serem necessárias grandes intervenções porque "a Casa está em muito bom estado".

Perante um auditório repleto de gente, Rui Moreira desafiou ainda a população a pronunciar-se sobre o Masterplan Estratégico do Porto Oriental e da ORU Corujeira/Campanhã, previamente apresentados pelos especialistas que lideraram estes dois projetos. "Temos todos os meios ao dispor para ouvirmos as vossas propostas e sugestões. Acredito que possam surgir contributos muito importantes", sublinhou.

A iniciativa municipal, também seguida por um número considerável de pessoas que viu a sessão em direto através do Facebook da Câmara do Porto recebeu ainda a intervenção do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha.

Destacando Campanhã como "uma prioridade", o responsável lembrou "um conjunto de projetos, de ações e de programas" que já estão no terreno. Entre eles, a ARU da Corujeira, criada há um ano e que o Executivo pretende agora expandir; a requalificação do Rio Tinto e a extensão do Parque Oriental; ou ainda "a reabilitação permanente, ano após ano, do conjunto dos bairros camarários".

Neste enquadramento, faltava "um elemento agregador que fixasse o nosso pensamento a médio prazo: que identificasse tendências, vocações e potencialidades para o desenvolvimento urbano", disse Pedro Baganha, frisando que o Masterplan "nasce de uma vontade política" e, por esse motivo, não é um plano vinculativo.

Por outro lado, continuou, "a urgência que reconhecemos na reabilitação desta zona levou a que a Câmara Municipal avançasse, em simultâneo, com a ORU da Corujeira". Com projetos concretos para "o coração da zona oriental", esta Operação de Reabilitação Urbana estende-se durante os próximos 10 a 15 anos e pretende atrair investimento público e privado.

"É nesta ORU que se joga o sucesso da nossa política para o Porto Oriental. Se formos bem-sucedidos na reabilitação desta área, teremos sucesso na nossa estratégia para a cidade e para Campanhã em particular", declarou o vereador.

Masterplan Estratégico

Nas linhas gerais do Masterplan Estratégico para o Porto Oriental, apresentados por Elisa Babo, da Quaternaire, estão identificados um conjunto de projetos-âncora com capacidade de induzir e multiplicar efeitos positivos ao nível da coesão territorial da freguesia de Campanhã. Estes motores da mudança são a reconversão do antigo Matadouro Industrial; a duplicação do Parque Oriental; a construção do Terminal Intermodal; a linha de Metro entre Campanhã e Parque Nascente/Circunvalação; e o aumento das capacidades associadas ao sistema de equipamentos coletivos do Bairro do Cerco do Porto e às potencialidades do Programa AIIA Porto - Abordagem Integrada para a Inclusão Ativa.

Estes projetos, cada um à sua medida, serão capazes de corresponder a uma série de desafios e objetivos traçados pelo Executivo municipal para esta grande área do território, correspondente a 1/5 do concelho do Porto.

Para cumprir o desígnio de afirmação do Porto Oriental, dentro da cidade e fora dela, o estudo aponta que o Município deve lançar um conjunto de novos conceitos para trabalhar consoante a implementação dos projetos que lhes derem corpo. São eles o Eco-district, o Laboratório Social Urbano, o Hub de Campanhã, os Ecossistemas Criativos de Campanhã e da Corujeira e o Porto Innovation District Satellite.

Operação de Reabilitação Urbana (ORU) da Corujeira

A resposta operacional para a Corujeira/Campanhã assenta em 10 projetos estruturantes materializados em 42 ações, que foram explicadas pelo arquiteto Leonel Ferreira, da SPI. São eles o Matadouro Industrial do Porto; a Praça da Corujeira; a Rua de São Roque da Lameira e o eixo complementar a Sul; a reabilitação do edificado e do parque habitacional público municipal; o corredor ecológico da Corujeira; o Monte da Bela; a Alameda de Cartes / Contumil; o parque de recolha da STCP e a Fábrica "A Invencível"; o fortalecimento da coesão social e económica e o Laboratório Vivo para a inovação no espaço urbano.

Pedro Baganha anunciou ainda que a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) será a entidade gestora da operação e que o Município está a terminar o processo de delimitação da futura Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Azevedo/Campanhã. No documento, a maior fatia dos 177,6 milhões de euros de investimento estimado diz respeito à reabilitação do edificado, cuja parcela ultrapassa os 124 milhões de euros.

Segundo o diagnóstico apresentado, 18,4% do edificado na ARU da Corujeira está em mau estado de conservação e em ruína e cerca de 52,8% dos edifícios têm mais de 50 anos. Esta ARU integra ainda oito bairros sociais, com 2.543 fogos e cerca de 6.000 residentes, e cerca de 70 'ilhas' com 468 fogos habitados.

Segue-se a intervenção no espaço público, rubrica na qual estão orçamentados 32,7 milhões de euros, sendo que os equipamentos vão absorver 9,2 milhões.