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Rui Moreira fala dos pilares estratégicos para transformar o Porto em entrevista ao Financial Times

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Miguel Nogueira

Num artigo da fDi Intelligence, uma revista bimestral do Financial Times especializada em investimento internacional, o presidente da Câmara do Porto destacou os principais fatores e linhas orientadoras que permitiram a transformação da cidade num importante centro de investimentos do sudoeste da Europa.

Numa nota introdutória, o jornalista que assina o artigo descreve o Porto como um exemplo de recuperação económica, após a crise financeira que assolou o país em 2010 e destaca os níveis recordes de investimento direto estrangeiro (IDE) alcançados, em 2022, pela cidade.

À pergunta sobre qual a visão de Rui Moreira para a cidade, enquanto destino de investimento, o presidente da Câmara do Porto recordou que, ao assumir funções em 2013, traçou dois objetivos concretos: “tornar a cidade habitável, bem como torná-la divertida”.

“Pessoas mais velhas, como a minha mãe, estariam mais interessadas na habitabilidade da cidade, enquanto que os meus filhos querem o seu lado divertido. O mesmo aplica-se a qualquer outra pessoa, incluindo empresas e pequenos e grandes investidores”, disse.

Três grandes pilares estratégicos

Para cumprir essas metas, foi necessário tornar a cidade mais atrativa ao nível da carga fiscal que é responsabilidade direta da autarquia. “Como autoridade local, temos o controlo do imposto sobre imóveis e podemos reduzir as taxas do imposto de renda e corporativo”, referiu, sublinhando a importância e o empenho do Executivo que lidera em “pagar a nossa dívida e manter boas contas”.

Para além da estratégia económica assumida por Rui Moreira, outro dos grandes pilares que alavancaram o desenvolvimento e reposicionamento do Porto a nível europeu e global foi a aposta na cultura.

“A cultura é o principal fator para o sucesso das cidades europeias nos dias de hoje”, refere Rui Moreira. “Precisávamos de uma cidade animada, onde as pessoas realmente querem estar, seja como turista ou como residente estrangeiro. A cultura é o que permite a uma cidade fundir ricos e pobres, estrangeiros e locais. Precisávamos desse grande investimento na cultura”, explicou o presidente da Câmara.

A criação de emprego constituiu o terceiro grande pilar desta visão, contudo dificultado no contexto do pós crise e de um estado de espírito geral da sociedade “muito depressivo”. “Queríamos criar empregos de qualidade”, empregos, esses, longe “do modelo dos anos 60, quando Portugal atraía empresas estrangeiras por causa da mão-de-obra barata”.

O autarca constatou que o país possuía “uma população muito educada e um ensino superior técnico muito bom”, “mas muitos engenheiros acabavam por deixar o país. O Estado pagaria pela sua educação e depois perderia esses profissionais, quando fossem para o exterior trabalhar para empresas estrangeiras”.

Então, “como poderíamos convencer estas empresas a contratar os mesmos engenheiros localmente? Por que razão as empresas escolhem uma cidade para as suas operações?”, questionou Rui Moreira.

O presidente da Câmara do Porto explica, de seguida, que essas empresas “querem um ambiente seguro e o Porto é extremamente seguro” e querem, também, “um ambiente limpo”, área em que autarquia procurou investir grandes recursos.

“Querem uma cidade com bons serviços de saúde, por isso facilitamos o setor privado a juntar-se ao setor público, para melhorá-lo ainda mais. E querem escolas internacionais, então começamos a interagir com instituições de ensino para oferecer currículos internacionais, a nível local”, exemplificou Rui Moreira.

"Queremos investidores que não imponham uma forte pegada ambiental na cidade"

Estes objetivos de crescimento e posicionamento são, ainda, integrados na estratégia global de desenvolvimento ambiental para a cidade, que tem o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2030.

“Queremos investidores que não imponham uma forte pegada ambiental na cidade”, sublinhou o presidente da Câmara do Porto, explicando que é com isso “em mente” que tem de ser tomada “cada pequena decisão”, de modo “a garantir que o investimento que trazemos seja compatível com esse grande desejo” concluiu.

O trabalho é assinado por Jacopo Dettoni, apareceu pela, primeira vez, na edição impressa de abril/maio de 2023, e foi publicado numa versão online, nesta quinta-feira, 27 de abril.