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Rui Moreira diz que o Porto está a inverter um processo muito antigo de esvaziamento do centro histórico

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O presidente da Câmara do Porto chama a atenção para o facto do Centro Histórico do Porto estar a perder habitantes há séculos, mas assegura que inaugurou uma nova abordagem ao problema, trazendo famílias de habitação social para casas reabilitadas na zona histórica. Num artigo publicado hoje num jornal diário, recusa que seja o turismo que esteja a afastar os moradores, tanto mais que a grande debandada aconteceu antes do turismo no Porto ser significativo.

O artigo parte da descoberta de um jornal "Expresso" que na semana passada saltou de dentro de uma casa que a Câmara vai reabilitar para arrendar a preços sociais na Rua dos Caldeireiros, durante uma visita que fez com o seu vereador Manuel Pizarro. Esse jornal, com mais de 35 anos, que foi fotografado ainda no chão e agora mostrado, acaba por simbolizar, para Rui Moreira, o abandono que décadas de "más políticas" não resolveram. A oferta de habitação social na periferia é outra das razões apontadas no texto publicado no Correio da Manhã pelo autarca, que assinala "A maioria [dos que abandonaram o centro histórico há décadas], quando no passado lhes perguntavam onde queriam viver, não queria viver num centro histórico desconfortável e desinteressante. A Câmara do Porto começou agora a criar condições para que regressem. Não apenas porque vai transformar ruínas em habitação, mas porque há hoje o desejo de lá viver."

Outro dos aspetos assinalados por Rui Moreira no seu artigo é que o fenómeno de esvaziamento do centro das cidades como o Porto e Lisboa não é nem recente nem sazonal: "Desde então, Portugal viveu uma relação bipolar com o desenvolvimento e a pobreza. Nos 35 anos anteriores, também, com o próspero e o decadente. Mas nos últimos 150 anos, houve um denominador comum: os edifícios dos centros de Lisboa e do Porto foram deixando de ter gente. A página amarelada de qualquer jornal que venha a saltar de dentro de uma porta de um desses prédios, fechados há décadas, nunca nos falará do repovoamento do coração da cidade. Houve, é certo, programas que visavam manter habitantes. Mas foram pontuais, descontinuados e coabitaram com oferta de habitação social na periferia."

A concluir o seu texto, que se inicia assinalando que a referida página do Expresso, datada de há mais de 35 anos, está assinada por Marcelo Rebelo de Sousa, então diretor da publicação, o Presidente da Câmara do Porto chama atenção para que a recuperação de moradores não se dará de forma súbita: "A gentrificação e a desertificação dos centros históricos não é culpa nem do turismo nem da movida nem dos moradores. É um fenómeno com séculos que resulta de más políticas. Modestamente, no Porto cremos estar a inverter esse paradigma. Mesmo que os efeitos só venham a ser reconhecidos nas capas dos jornais daqui a 35 anos, graças ao primeiro programa do género na história da cidade, hoje."

Leia o artigo na íntegra

Veja a reportagem da visita a que Rui Moreira se refere no seu artigo