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Rui Moreira diz que este é o tempo de salvar vidas em mensagem que fala da delicada operação para testar os idosos dos lares

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O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deixa, esta noite, uma mensagem gravada aos munícipes, em que explica o projeto do Município, inédito no país, para testar mais de 1500 idosos e os funcionários de todos lares da cidade. Veja o vídeo.

"A Câmara do Porto, em conjunto com uma série de outras instituições locais e regionais, anunciou hoje um programa inédito em Portugal, de rastreio sistemático da população idosa e residente em instituições públicas e privadas, bem como aos trabalhadores que se encontram a cuidar destes cidadãos, particularmente vulneráveis nesta crise.

A ideia desta grande operação partiu do Município do Porto e contou com o pronto apoio do Hospital de São João e dos dois agrupamentos dos centros de saúde da cidade. O apoio entusiástico, clínica e cientificamente validado, pela competente equipa de clínicos que existe na cidade.

O projeto foi também validado e articulado com o Centro Hospitalar Universitário do Porto, que inclui o Hospital de Santo António, com quem temos mantido uma especial relação de proximidade e colaboração.

Sem querer passar por cima de ninguém e das muitas pessoas que já se disponibilizaram individualmente neste processo, e para ele já contribuíram de várias formas, não posso deixar de dar um cumprimento muito especial ao presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, Dr. Fernando Araújo, pela resposta e entusiasmo que colocou neste nosso projeto.

O desenvolvimento desta nossa operação, que estará a ser posta no terreno já a partir de amanhã, para que em pouco mais de uma semana esteja realizado todo o rastreio, implica a montagem de unidades de cuidados continuados na Pousada da Juventude e no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, para onde serão transferidos todos os idosos que não acusem positivo nas análises de Covid-19 que serão feitas, e aí serão mantidos e acompanhados enquanto durar esta crise.

Os restantes, os infetados, estarão devidamente identificados e serão enviados por isso aos cuidados das autoridades de saúde pública, que lhes darão o encaminhamento clínico que entendam adequado.

O projeto conta com o inestimável e pronto apoio do Exército português, que de imediato respondeu ao nosso pedido de montagem de 300 camas, no pavilhão que a cidade reabilitou através dessa concessão.

Quero agradecer a esse concessionário privado, que desde o primeiro momento desta crise nos disponibilizou o que precisássemos para atacar a doença. O mesmo agradecimento deixo à Pousada da Juventude e estendo também a tantos empresários, particulares, proprietários de hotéis e alojamento local que tanto nos têm ajudado nesta crise, silenciosamente. E muitas outras ações que temos desenvolvido em colaborações com os hospitais da cidade.

O transporte será assegurado pelos meios próprios dos lares e residências coletivas, quando existam e sejam seguros. E pelo Batalhão de Sapadores Bombeiros, que são funcionários municipais e quem deixo, desde já, uma palavra de agradecimento, pela sua bravura e competência.

Assim, todos os cidadãos idosos a residir em lares e residências coletivas da cidade do Porto, sejam eles públicos e privados, vão ser testados para a Covid-19, assim como todos os funcionários dessas instituições, através de um rastreio sistemático que nunca antes ou noutro lugar foi feito.

Esta é a única forma de garantir, tanto quanto é possível garantir, que preservamos uma fatia importante da nossa população e que é nosso dever proteger.

Não é aceitável que por não terem meios, não terem forças ou estarem em fim de vida, que cidadãos com igual direito constitucional sejam deixados à sua sorte. E não posso aceitar que, pelo menos, não se esgotem todos os recursos públicos existentes para os salvar.

No Porto, é o que estamos a fazer. Como tenho a certeza e sei que muitos autarcas por esse país fora não se cansam de procurar também ajudar as suas populações, tantas vezes envelhecidas.
Tenho visto vários bons exemplos de responsabilidade e competência de muitos dos meus colegas presidentes de câmara. 

Para que esta operação seja possível, peço a colaboração de todos, dos gestores destes espaços, da Segurança Social, dos familiares dos idosos - lembrem-se que não é esta a altura de os visitarem - e de todos que possam ajudar-nos com o seu trabalho.

Nessa medida, o Município do Porto está a recrutar soluções de pessoal auxiliar em regime de voluntariado ou mobilidade que possam ajudar a melhor a resposta, no auxílio à população não infetada, e que será deslocalizada para os dois centros que referi.

É também justo referir que esta ideia só foi equacionada a partir dos 5.000 mil testes para Covid-19, disponibilizados ao Município do Porto pela Fundação Fosun, em Xangai, cidade geminada com o Porto. Operação feita através da empresa Gestifute, com quem a Fundação tem estreitas relações.

Estamos também a acompanhar outra população frágil, que é a população sem-abrigo Aumentamos em mais de 100% a capacidade no nosso Centro de Acolhimento, no antigo Hospital Joaquim Urbano. Vamos aumentar a nossa resposta.

Esperamos que os municípios da Área Metropolitano acompanhem este nosso esforço que não iniciámos com a crise, porque já o fazemos há muito, mas temos estado muito sozinhos na nossa área geográfica.

Esta operação inédita, nunca feita, implica coordenação e articulação com muitas entidades, com a coragem de muitos que estão disponíveis a arregaçar as mangas. Conta com os extraordinários profissionais de saúde do nosso país e estará contar com o trabalho responsável da comunicação social nesta área, que saúdo.

A privacidade desta operação e dos profissionais que a vão levar a cabo é fundamental para que corra bem e corra sem sobressaltos.

O Estado tem obrigações com todos. Com os novos, com os mesmos novos, com os doentes e com os saudáveis. Tem a obrigação de os proteger. A economia, as boas contas, são importantes. Sabem bem como as valorizei nestes seis anos. Mas as boas contas são o instrumento que temos disponível para nos servir nestes momentos e para não olharmos para elas e podermos assim resolver problemas concretos.

A economia, como todos nós, levantaremos a seguir à tempestade. E esse é um assunto que estamos a tratar. Esse outro assunto não pode, em nenhum momento, passar por cima de ninguém.

Quero a terminar dizer que ninguém está a salvo do vírus. Que ninguém possa assegurar que esta operação não tenha baixas. O que posso assegurar é que o Porto não baixará os braços e não se renderá a nenhum interesse, nem de comunicação, nem económico, nem político.

A nossa prioridade é, pois, salvar vidas e creio que é este, neste momento, o desígnio de Portugal".