Urbanismo

Rui Moreira deu a conhecer na Suécia o futuro que está a surgir no Matadouro de Campanhã

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As obras de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campanhã já completaram um ano e o futuro que vai ali nascer está mais perto de ver a luz do dia. No fórum internacional Urban Future 22, em Helsingborg, na Suécia, o presidente da Câmara do Porto deu a conhecer, em detalhe, os planos da cidade para aquele espaço.

Perante uma plateia repleta, Rui Moreira fez um historial do projeto do Matadouro, descrevendo-o como um “local incrível”: “No meio deste bairro pobre, junto à linha ferroviária, por baixo de uma autoestrada”, enumerou o autarca, lá estava “o antigo matadouro, típico, construído no início do século XX, que demorou bastante tempo a ser construído, devido à I Guerra Mundial.”

“Desde os anos 1990 que não estava operacional e o meu antecessor teve a ideia brilhante de vendê-lo para ser instalada ali uma ‘chinatown’. Felizmente, para nós, ninguém estava interessado. Por cinco milhões de euros, ninguém o comprou. Imaginem a nossa sorte”, acrescentou o presidente da Câmara do Porto, avançando para a fase de definição do projeto: “Estávamos a trabalhar num ‘masterplan’ para esta zona da cidade e começámos por ouvir as pessoas. Assegurámo-nos que era seguro entrar ali e abrimos o espaço para todos: fizemos ali eventos, desfiles de moda, todo o tipo de arte pública.”

Da discussão nasceu a luz, prosseguiu Rui Moreira. “Um dia alguém me disse: ‘Isto não é um matadouro, é uma rua. Parece o Corso Vittorio Emanuele, em Milão. É incrível’. Foi por causa disso que apresentámos, pela primeira vez, o projeto na trienal de design de Milão. Levou muito tempo, mas, por vezes, o tempo é nosso aliado, porque quisemos ouvir as pessoas e que elas nos ajudassem a pensar sobre o programa”, sublinhou.

O edifício, desenhado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, vai acolher empresas, mas também reservas de arte, museus, auditórios e projetos de coesão social. “Da área total, 60% será para negócios e vamos reservar 40% para nós. O que queremos fazer ali? Em primeiro lugar, arte pública, a Galeria Municipal. Desde que tomei posse temos adquirido, todos os anos, obras de artistas portugueses que são expostos na Galeria Municipal, portanto temos um acervo para exibir”, explicou o presidente da Câmara do Porto.

“Investimento social na arte e cultura”

“Havia também coleções de arte na cidade do Porto, descobrimos colecionadores fantásticos que queriam ceder os seus tesouros para serem expostos em museus. Vamos ter uma espécie de museu orientalista, um pouco como o Rijksmuseum, mais pequeno, obviamente. Precisávamos de investimento social na arte e cultura, para ligar tudo isto, e escolas. Os nossos 40% vão consistir nisto. E, claro, vamos ter também algo de que necessitamos muito: residências para artistas, que serão ocupadas rotativamente. Não só para artistas da cidade, mas pessoas que queiram estar no Porto – teremos residências para eles”, acrescentou Rui Moreira.

O auto de consignação, assinado em outubro de 2020, prevê que este projeto âncora para o desenvolvimento da zona oriental da cidade, casa de atividade económica e empresarial, valências culturais e polo de dinamização social, seja explorado numa parceria entre o sector público e privado.

De uma área de cerca de 26 mil metros quadrados, está prevista a utilização de cerca de 20.500 m2 de edificado, dos quais cerca de 12.500 m2 se destinam a espaço empresarial (a ser explorado pela Mota Engil, enquanto adjudicatária da concessão), e quase 8.000 m2 de espaços a serem explorados pelo Município do Porto.

Será ainda disponibilizado um edifício para as novas instalações da esquadra da PSP – Polícia de Segurança Pública (3.ª Divisão Policial do Comando Metropolitano do Porto).

A obra de reconversão do antigo Matadouro representa um investimento na ordem dos 40 milhões de euros, integralmente assegurado por uma empresa privada, do norte do país, a Mota Engil, que venceu o concurso público lançado pela Câmara do Porto. No final dos 30 anos da concessão, o equipamento regressa à esfera municipal.

A intervenção de Rui Moreira no Urban Future 22 teve lugar durante o painel “Brownfield unicorns: Turning terrible into terrific”, que abordou a relação entre património e transformação urbana. Moderado por Haris Piplas, especialista em design urbano e planeamento, contou ainda com a participação de Soraia Taipa, da LIPOR, Christina Salmhofer, especialista em sustentabilidade no Porto de Estocolmo, e Jaffer Muljiani, consultor para a sustentabilidade na BDP (Building Design Partnership). O fórum Urban Future 22 decorre até esta sexta-feira, dia 3, em Helsingborg, na Suécia.