Mobilidade

Rui Moreira defende fim das portagens na CREP para alivar pressão na VCI

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O presidente da Câmara do Porto afirmou hoje que as conclusões do estudo encomendado pela Associação Comercial do Porto, relativo à Gestão da Rede Rodoviária Nacional, que foi produzido por especialistas independentes, vão de encontro ao que já defende há muito tempo sobre a mobilidade na Área Metropolitana do Porto: a sobrelotação da VCI, que tem como consequência direta o aumento de trânsito na cidade, só se resolve com a extinção das portagens na CREP (Circular Regional Externa do Porto). 

A Associação Comercial do Porto promoveu esta manhã um seminário sobre a "Gestão da Rede Rodoviária Nacional", para apresentar um estudo realizado por um conjunto de renomados técnicos e especialistas das áreas da mobilidade e dos transportes, e convidou Rui Moreira para comentar as conclusões vertidas no documento, num painel em que também participaram o ministro do Planeamento, Pedro Marques, e o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde.

Elogiando o trabalho da Associação, "que desde 1834 faz uma coisa rara: pensa o país a partir do Porto", promovendo importantes debates nacionais, de que são exemplo os que realizou sobre o aeroporto ou o TGV, o autarca admitiu que as conclusões deste estudo não o surpreenderam, sobretudo porque ao nível da Área Metropolitana do Porto (AMP) há muito que estas preocupações são acompanhadas.

"Não é mais suportável que se exija ao cidadão comum que trate bem do ambiente, que contribua para a descarbonização, quando as decisões políticas tomadas em matéria de transportes vão exatamente em sentido contrário", afirmou.

Referia-se Rui Moreira à decisão de portajar a CREP, que tem como consequência, como indica o estudo, que milhares de transportes de mercadorias utilizem diariamente a Via de Cintura Interna (VCI) apenas para atravessamento, como forma de fugir ao pagamento das portagens, contribuindo assim, de forma indelével, para criar graves constrangimentos de trânsito no Porto.

"Portugal deve ser o único país no mundo em que se penalizam as circulares e se subsidiam as radiais", continuou.

Nesse sentido, o presidente da Câmara do Porto defende como solução imediata a extinção definitiva das portagens. "A primeira solução passa por incentivar a utilização da CREP e esse objetivo só se consegue com o fim das portagens". Só depois de aplicada esta medida, acrescentou, poderão ser equacionadas outras medidas complementares (e se necessárias) restritivas do atravessamento da AMP de veículos pesados que nada têm a ver com a atividade económica relacionada com a cidade.

"A CREP lembra-me a minha rua quando era pequenino. Podem lá pôr-se quatro pedras e jogar futebol porque ninguém a utiliza", brincou.

Movimentos pendulares prejudicados por tráfego de atravessamento

No período pós 25 de Abril, Rui Moreira reconhece um forte investimento do país na construção de uma grande rede rodoviária, ao invés do que aconteceu com a rede ferroviária que, na sua opinião, estagnou.

Ora esse desenvolvimento, para além de incentivar ao uso do transporte individual, porque não teve um serviço de transportes públicos rodoviário que competisse ao mesmo nível, levou à construção das "necessárias radiais, à medida que as Áreas Metropolitanas ganharam expressão".

Fruto desse contexto, a VCI está hoje diariamente sobrecarregada, principalmente nas horas de ponta, e não existe um único dia em que não haja registo de acidentes que acabem por comprometer o trânsito no interior da cidade, constatou. Como consequência, "os cidadãos demoram mais tempo nas suas deslocações", para além do grave impacto ambiental que esta sobrelotação está a causar, por mais medidas que a Câmara do Porto esteja a tomar, quer ao nível da política de mobilidade e de estacionamento, quer ao exemplo que deu com a aquisição de uma frota elétrica ou a substituição de luminárias por LED.

"Com certeza que isto tem um custo", concluiu Rui Moreira, desafiando a IP - Infraestruturas de Portugal a fazer uma análise do custo-benefício da medida privilegiando a componente socioeconómica.

Ao nível municipal, Rui Moreira destacou como positiva a criação do Terminal Intermodal de Campanhã, o novo modelo de gestão da STCP e o avanço aguardado da linha do Metro do Porto, mas deixa como aviso que tanto o transporte público rodoviário como o ferroviário têm de se adaptar às necessidades da população, com preços competitivos e um serviço de qualidade, para que possa ser induzida uma alteração de comportamento. Mas também notou que a solução passará por um plano mais vasto. "Estamos a avaliar custo metropolitano do transporte público", clarificou.

No mesmo painel, moderado por Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, reconheceu os méritos do estudo. Já o ministro do Planeamento, Pedro Marques, admitiu que será necessário encontrar planos para melhorar a VCI, mas não se comprometeu em extinguir as SCUT urbanas.