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Rui Moreira aponta "futuro profícuo" nas relações entre a cidade do Porto e Angola

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O Presidente da República de Angola, João Lourenço, visitou esta manhã a Câmara do Porto. Rui Moreira, que entregou ao Chefe de Estado angolano as chaves da cidade, justificou o gesto pela "vontade férrea dos nossos povos de construírem um futuro profícuo", já hoje visível no forte intercâmbio de pessoas, mercadorias e bens, estabelecido particularmente entre o Porto e Luanda. João Lourenço sublinhou que do nome Invicta sobressai "uma cidade de trabalho, vencedora quando se propõe realizar objetivos, dinâmica na forma como se apresenta ao mundo e pujante no desempenho das suas indústrias, no desporto, na cultura e noutros setores da vida nacional".

A visita de Estado do Presidente da República de Angola a Portugal começou com uma receção na Câmara do Porto, onde participou também o primeiro-ministro português, António Costa. Numa cerimónia reservada a convidados, João Lourenço recebeu de Rui Moreira o elogio "pelo caminho que tem trilhado", que honra o passado e a História. História essa, lembrou o autarca, que une Angola a Portugal há mais de 500 anos. "Nunca poderá ser reescrita", mas que "é com ela que devemos viver e conviver", admitiu.

A língua em comum, classificada de "extraordinário ativo" que une as duas culturas, é fator de aproximação. Também as novas gerações, observou, se interessam mutuamente pelo que passa em cada um dos países, disse o presidente da Câmara do Porto.

Há trocas económicas e investimentos cruzados que constroem riqueza em ambas as nações e famílias que se foram construindo, continuou o autarca. Todavia, reconhece Rui Moreira, "haverá quem não se conforme com esta nova ordem", quer porque tenha uma visão paternalista sobre o que se passa em Angola ou, por outro lado, porque mantenha algum ressentimento e desconfiança o que, de forma alguma, interfere naquilo que é a relação do Porto com o povo angolano.

"Vivemos como nossos os vossos sucessos e os vossos avanços"

Em nome dos portuenses, o presidente da Câmara do Porto elogiou o caminho de progresso que, paulatinamente, Angola tem sabido construir por seu próprio mérito.

E, especificamente falando da relação da cidade com Angola, afirmou: "Está, senhor Presidente, no Porto, cidade amiga. Com uma antiga, mas sempre atual cooperação com a cidade de Luanda que nos interessa, ainda e sempre, aprofundar [as cidades estão geminadas desde 1999]. No Porto, sempre houve uma comunidade angolana, entre os quais destaco os muitos estudantes que frequentaram e frequentam as nossas escolas, universidades e politécnico, e que se sentem em casa".

Também no Porto, referiu Rui Moreira, "os empreendedores e industriais olham para o mercado angolano com atenção e carinho", tendo dado como exemplo novos projetos cruzados, "como é o caso da Kinda Home", que visitou em Viana e que, depois das quatro lojas em Angola, inaugura, já na próxima semana, uma loja na Invicta "num investimento que excede os 20 milhões de euros".

A nível de transportes, o presidente da Câmara considerou que "o Porto de Leixões tem, no mercado angolano, um importante destino das suas rotas mercantes". Por outro lado, destacou a aposta da TAAG, companhia aérea do Estado angolano, na região. "Oferece um serviço de grande qualidade, com voos diretos ligando Luanda ao Norte do país e à Galiza".

A propósito, fez referência a um artigo recente do Jornal Porto. [ver página 18], "que é o resultado de uma visita tendo por meio de transporte a TAAG, o seu conforto, a sua simpatia, o seu sotaque e o seu empenho em manter-nos ligados". Nesse artigo, adiantou, "espelha-se uma relação que, provavelmente, alguns portugueses ainda desconhecem. Uma relação bem resolvida e que tem, além de outros laços, uma ligação cultural indesmentível", como aquela que se sente quando se visita o Museu da História Militar de Angola, onde é possível observar "tanto carinho e amor pela nação lusa".

Na "terra vermelha angolana" cuida-se de todo esse espólio da portugalidade que, segundo informou, "foi recentemente restaurado por uma empresa portuguesa, do Norte, com fortes ligações ao Porto". Esta intervenção, de acordo com Rui Moreira, "é uma prova de maturidade democrática e civilizacional que, como outras, nos deixa muito esperançados e confiantes no futuro".

"A história heróica da vossa cidade tem paralelo com a de algumas cidades de Angola"

O Presidente da República de Angola agradeceu a "calorosa receção" que teve no Porto, considerando que esta cerimónia abriu as portas "a um futuro promissor de cooperação e intercâmbio em todos os setores", bem como ao aprofundamento das relações bilaterais.

Olhou igualmente ao passado para estabelecer um paralelismo entre o Porto e algumas cidades de Angola, "onde também os seus habitantes souberam, com estoicismo, lutar pela defesa dos valores das suas cidades, pela sua liberdade e pela salvaguarda de importantes conquistas alcançadas com esforço, empenho e determinação".

Sentindo-se honrado com a visita a uma "cidade conhecida no mundo pela sua coragem" e pelos feitos da sua população, que lhe valeu o "título único de Invicta", João Lourenço afirmou ser "um motivo de orgulho, para mim e para os angolanos, receber hoje as chaves da cidade", tornando-se assim cidadão do Porto, como havia dito Rui Moreira. E aproveitou para manifestar "o profundo agradecimento pelo acolhimento e atenções que a cidade do Porto e os seus moradores dedicam aos angolanos".

Aquele ato simbólico, concluiu o Presidente da República de Angola, "ganhará expressão real nas conversações que dentro de momentos serão mantidas entre as delegações angolana e portuguesa, chefiadas por mim e pelo primeiro-ministro, António Costa".

Após a cerimónia protocolar, João Lourenço assinou o Livro de Honra na Sala D. Maria. À despedida dos Paços do Concelho foi novamente saudado pela Guarda de Honra do Corpo do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto.

Na visita à cidade do Porto segue-se uma reunião ministerial entre os governos de Portugal e Angola no Palácio da Bolsa, após a qual a comitiva irá participar na sessão de encerramento do Seminário Empresarial Angola-Portugal, na Alfândega do Porto. No mesmo local, João Lourenço almoça com empresários portugueses e angolanos, antes de regressar a Lisboa.