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Rui Moreira acusa o Governo de fazer da TAP uma “companhia regional” de Lisboa

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Miguel Nogueira

Perante nova decisão de corte na operação da TAP a partir do Porto, Rui Moreira acusa o Governo de estar a transformar a transportadora num “companhia regional” de Lisboa. O presidente da Câmara do Porto não tem dúvida de que “este grande revés” é “péssimo para a cidade, para a região Norte, para a nossa indústria exportadora”.

De acordo a notícia avançada pelo Jornal de Notícias este sábado, a transportadora aérea nacional vai operar menos sete rotas e oferecer menos 705 mil lugares a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro do que aquilo que oferecia em 2019.

Para Rui Moreira, esta decisão é mais um sinal de que a TAP está a “abandonar mais uma vez” a cidade do Porto para se concentrar em servir o “hub” de Lisboa. Em declarações à Lusa, o autarca não se mostra, no entanto, surpreendido. “Eu tenho vindo a afirmar, há muito tempo, que o único propósito do Governo é transformar a TAP numa companhia regional para servir o ‘hub’ de Lisboa e Vale do Tejo”, disse.

“É tempo de juntar esforços”, o que significa apelar ao PS/Porto para que “puxe dos galões” e diga “se concorda com isto, se é cúmplice desta situação ou se está disposto a fazer barulho”, acrescent Rui Moreira.

Mas o repto é lançado também às “pessoas do Norte”, para que “percebam que o ‘hub’ Lisboa, da forma que está a ser feito, é altamente prejudicial à nossa economia e que também procurem através disso escolher alternativas e também que façam as suas escolhas”.

O presidente da Câmara do Porto questiona “se todos os portugueses se sentem bem em pagar a fatura desta empresa que, de facto, só serve Lisboa e Vale do Tejo como se fosse uma empresa de transportes regionais”.

Já por diversas vezes Rui Moreira se tem vindo a pronunciar sobre a falta de investimento da TAP nas rotas a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, reafirmando a reivindicação de apoios nacionais à atração de outras companhias aéreas de forma a trazer não só turistas, mas também exportações e investimento estrangeiro para a região.

Perante este novo corte, e ao financiar a TAP com quatro mil milhões de euros, está-se a “criar uma distorção no mercado” ao “subsidiar uma companhia que tenta atrair para Lisboa” rotas que de, outra maneira, viriam para o Porto.

“Estamos, portanto, a reduzir a competitividade do nosso aeroporto e a limitar também as companhias aéreas que gostariam de vir ao Porto e que poderiam vir, não fosse essa concorrência desleal”, alertou Rui Moreira.

A decisão da transportadora nacional voa em sentido contrário ao de outras companhias aéreas que, nas últimas semanas, têm demonstrado interesse na operação a partir do Porto, como a KLM, a United, e Easyjet ou a Ryanair.