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Rui Moreira: “A reabertura do Bolhão, a par do Terminal Intermodal de Campanhã, são dois momentos importantes para a cidade”

  • Paulo Alexandre Neves

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Miguel Nogueira

O presidente da Câmara Municipal do Porto fez hoje um balanço do primeiro ano do atual mandato. Precisamente um ano após ter tomado posse para o seu terceiro e último mandato, e em entrevista à TSF, Rui Moreira aborda vários assuntos, de índole político, mas destaca a reabertura do Mercado do Bolhão e a abertura do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) como dois dos principais acontecimentos que tiveram impacto na cidade.

“A reabertura do Mercado do Bolhão, a par da abertura do Terminal Intermodal de Campanhã, são dois processos importantes, de conclusão de alguma coisa que já estava a ser feito. Era um processo de continuidade, já há dois mandatos. Mas era bom saber como iriam funcionar”, destacou Rui Moreira, observando que “quer um quer outro – o Bolhão, como muito maior visibilidade, porque está e é o coração da cidade – são dois momentos muito relevantes para a cidade”.

No primeiro mês após a sua reabertura, o Bolhão ultrapassou a barreira das 600 mil entradas. O mercado tem vindo a registar uma média de afluência diária, nos dias úteis, sempre superior a 20 mil visitas e, aos sábados, de cerca de 30 mil visitas.

Relativamente ao futuro, Rui Moreira espera, nos próximos três anos, concluir outros projetos, como a reabertura do Batalha, já prevista para o dia 9 de dezembro, e, a nível de habitação, os do Monte da Bela e Lordelo do Ouro. “Gostava também de ver algumas obras do Estado central concluídas, como seja o caso do metro”, disse, até para cumprir as metas estabelecidas no Pacto para o Clima, que o Porto assinou conjuntamente com outras cidades europeias.

A vantagem de ser independente

Em pouco mais de 15 minutos, o presidente da Câmara do Porto aborda vários assuntos políticos. Por exemplo, em matéria de segurança, o autarca espera que o Ministério da Administração Interna (MAI) reforce os meios policiais na cidade. “A população sabe que, da parte do presidente da Câmara, tem alguém que tem insistido permanentemente junto do poder central no sentido de haver um reforço dos meios policiais que garanta a visibilidade e a presença das forças policiais, que hoje não está assegurada na cidade”, disse, reconhecendo que só por “razões políticas” não tem o apoio dos autarcas da região.

“A vantagem de ser independente também traz a desvantagem de, às vezes, ter que ser uma voz solitária”, nota.

Rui Moreira voltou também a deixar uma garantia: “Enquanto eu for presidente não tem retorno o regresso à Associação Nacional de Municípios. Daqui a três anos haverá um novo presidente, haverá um novo executivo e nunca sabemos o que acontece. Comigo, não voltaremos certamente”.

A decisão foi bastante ponderada. “Foi um momento pensado, não foi de precipitação. Não foi por uma zanga. Foi por entendermos que era a melhor estratégia para a cidade”, confessa.

Volvido todo este tempo, e face ao sucedido, nomeadamente em matéria de descentralização, Rui Moreira não tem dúvidas que a saída do Município do Porto da ANMP “acabou por ajudar a própria associação na suas negociações com o governo. A melhorar as condições, a atenuar a malignidade do processo”.

Insatisfação com o processo de descentralização

O presidente da Câmara do Porto continua insatisfeito com o processo de descentralização. E dá exemplos concretos: “Se olharmos para a educação, com quatro milhões e meio de euros, para as praias, com um montante superior a um milhão de euros, se pensarmos no que vem aí com a solidariedade social, que estimamos em qualquer coisa como dois milhões e meio de euros, estamos a falar, grosso modo, em dez milhões de euros de dinheiros que vamos ter que pôr para coisas que antes não púnhamos. Isto condiciona outras políticas do município, seja a título de investimento, seja a nível da despesa corrente para, por exemplo, acudir às famílias”.

Rui Moreira confessou não entender, por exemplo, as contas feitas pela Segurança Social. “Diz-nos que gasta por ano, no Município do Porto, cerca de 800 mil euros e pretende passar-nos qualquer coisa como 160 mil. Ou seja, já não cumpriam com aquilo que são os níveis civilizados como querem passar-nos mais um défice, superior a 600 mil euros”.

“O Estado persiste em varrer para as câmaras aquilo que não faz bem, pagando menos do que faz atualmente. É uma suborçamentação, é uma forma de se livrar daquilo que não quer, não sabe e que não gosta de fazer”, acrescentou.

Por fim, e sobre o futuro, pós 2025, Rui Moreira revela que quer fazer outras coisas: “Ainda tenho três anos pelo caminho. Quando acabar terei 69 anos: será uma boa altura para escrever memórias e olhar pelos meus netos e voltar a fotografar, que é uma coisa de que gosto muito”.