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Rivoli apresenta um retrato do mundo por entre portas e espelhos

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"Umwelt” é o espetáculo que marca o regresso da coreógrafa Maguy Marin (e da sua companhia de dança) ao Teatro Municipal do Porto. Depois de ter apresentado “BiT” no DDD – Festival Dias da Dança 2017, regressa à cidade com a apresentação deste espetáculo, nos dias 24 e 25 de setembro, às 19,30 horas, no Rivoli.

Pode um espetáculo de 2003 manter a atualidade plena em 2021? O espetáculo que o Teatro Municipal do Porto apresenta, no final desta semana, é disso exemplo. Com 18 anos de diferença entre a estreia e a apresentação no Porto, “Umwelt”, da Compagnie Maguy Marin, esta nova versão do espetáculo apresenta ainda a atualidade no seu discurso coreográfico, com os temas presentes nas problemáticas inerentes ao pensamento da sociedade atual.

“Umwelt” é uma palavra alemã que significa “ambiente”, “arredores” ou “universo subjetivo”. Neste ambiente e universo humano que a coreógrafa Maguy Marin define em palco, feito de uma dança circular sem fim, ao som de uma música ensurdecedora composta por três guitarras, há uma parte da humanidade presente em poucos metros de diâmetro.

São homens e mulheres se que se movimentam, em gestos repetidos (e repetitivos), aparecendo e desaparecendo por trás de espelhos, em movimentos constantes, até todas as possibilidades (em palco e na vida) estarem esgotadas.

São cerca de 50 painéis e espelhos diante dos quais os nove intérpretes surgem e desaparecem, enredados pelos sons acutilantes das guitarras que, também elas, marcam os movimentos em cena.

Podem erguer um objeto, abraçarem-se, caminharem, comer ou, simplesmente, existirem num determinado momento. Dizem que “’Umwelt’ esvazia o futuro do nosso ambiente em toda a sua vaidade e fragilidade”. Como o retrato de um mundo em que vivemos.

Quem é Maguy Marin

A coreógrafa e bailarina Maguy Marin nasceu em Toulouse, filha de espanhóis fugidos do regime de Franco. Desde os anos 1970, cria as peças de dança com preocupações sociais que a tornaram numa das figuras mais importantes da nova dança francesa. É uma das coreógrafas francesas que alinha o ato de dançar com o ato de pensar a sociedade, criando peças que nos levam a questionar o quotidiano, que as tornam inesquecíveis.

Com este espetáculo, a coreógrafa relembra-nos a efemeridade da existência, ressalvando que somos criados como seres de passagem, mas que devemos vivenciar o que somos capazes de fazer através da transformação constante, tal como ela tem feito ao longo destes anos, criando objetos que esbatem fronteiras e que cruzam disciplinas numa busca e descoberta constante.