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Revisão dos mapas de ruído mostra “grandes zonas de sobre-exposição” junto à VCI

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A proposta técnica de revisão dos Mapas Estratégicos de Ruído do Município do Porto foi aprovada por unanimidade, na reunião pública do Executivo de segunda-feira. O documento mostra grandes zonas de sobre-exposição ao ruído nas envolventes à VCI, N14 (Via Norte) e A3, e será remetido à Infraestruturas de Portugal (IP), para que sejam adotadas medidas que permitam reduzir o impacto junto da população.

A proposta assinada pelo vice-presidente da Câmara do Porto e vereador do Ambiente e Transição Climática, Filipe Araújo, foi complementada por uma apresentação do professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Rui Calejo, especialista em Acústica. “As grandes zonas de sobre-exposição ao ruído” são as adjacentes à VCI, N14 (vulgo Via Norte) e A3, notou, acrescentando: “Houve benefícios relativamente aos mapas de ruído anteriores, com uma redução do número de pessoas sobre-expostas ao ruído. No centro da cidade, há situações muito pontuais. Não há, do ponto de vista do centro da cidade, grandes situações como acontece noutros municípios.”

“Da responsabilidade da Câmara estamos a falar de menos de 1%. A população sobre-exposta está nestas grandes vias”, reforçou Rui Calejo, em resposta a uma questão colocada pela vereadora do BE, Maria Manuel Rola. “Hoje em dia, a gestão do ruído urbano já não é uma questão de colocar barreiras ou mudar pavimentos”, acrescentou o professor especialista em Acústica.

Filipe Araújo frisou que o trabalho que o Município tem vindo a fazer contribuiu para reduzir o impacto do ruído na cidade: “Teremos uma nova linha de metro, temos o Terminal Intermodal de Campanhã. O problema está nas estradas geridas pela IP: VCI e acessos. Vê-se à vista desarmada”.

“É um problema de saúde pública. A IP tem de começar a olhar para este território como algo que atravessa uma cidade, e não uma autoestrada. A VCI é um grande cancro da cidade neste aspeto”, vincou o vice-presidente da Câmara do Porto.

Concordando com a sugestão de Maria Manuel Rola de enviar os mapas à IP no sentido de obter um compromisso para reduzir a expressão do ruído na cidade, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recordou uma reunião com representantes da ANTRAM – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias para perceber quais as condições das empresas para deixarem de utilizar a VCI como via de atravessamento.

“Disseram-nos que não se importam de usar a Circular Regional Exterior do Porto (A41), desde que sejam todos, excluindo os que entram e saem. A única condição seria o não pagamento de portagem. Comunicámos isso ao Governo, e até hoje estamos à espera. Era uma medida simples e eficaz, que não causava nenhum constrangimento aos operadores”, reiterou Rui Moreira.

Pelo PS, o vereador Jorge Garcia lembrou que o ruído está também relacionado com “a velocidade e tipo de transportes”. “Continuamos a permitir todo o tipo de veículos no centro da cidade”, acrescentou.

Vladimiro Feliz, do PSD, salientou a importância de uma “melhoria nos métodos construtivos ajudar ao conforto habitacional. Há problemas que a cidade enfrenta há muitos anos e são muito difíceis de resolver.”

Também a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, destacou a importância de o transporte público ser incluído nas zonas em causa, como na VCI, lembrando que também no centro da cidade “há muitas queixas de pessoas relativamente ao ruído.”