Mobilidade

Reunião com governante sobre a VCI força tomada de decisão no mês de outubro

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Duas semanas após colocar o tema na agenda política, o presidente da Câmara do Porto logrou ontem uma posição pública dos governantes sobre a saturação da VCI. Da reunião havida entre Rui Moreira e o autarca da Maia, António Silva Tiago, com o secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, e com presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Laranjo, saiu a confirmação de que serão avaliadas medidas concretas já na segunda quinzena de outubro.

Para o presidente da Câmara do Porto, "é muito urgente" uma intervenção na VCI, tanto mais que a circulação automóvel no interior do concelho irá sofrer brevemente com o calendário de grandes obras. No final do encontro, reforçava essa mensagem à comunicação social. "Iremos ter um conjunto de obras na cidade do Porto que terão grande impacto no trânsito. Estamos a falar da construção da Linha Rosa [do Metro], que vai aumentar o problema em termos de mobilidade na cidade, e das obras no tabuleiro inferior da Ponte Luiz I", afirmou.

Argumentos que Rui Moreira tinha já invocado na proposta que levou a Executivo Municipal, no início de setembro, e que foi aprovada por unanimidade. O assunto, disse na altura, merecia novamente ser revisitado, uma vez que, dois anos depois de um estudo da Faculdade de Engenheira da Universidade do Porto (FEUP) apontar a pressão crescente naquela via, e de o Governo e IP se terem comprometido a tomar medidas, nada efetivamente foi feito. Ademais, o acentuar dos estrangulamentos na mobilidade da cidade vai ser agora por demais evidente, com o início das obras de expansão da Metro e da Ponte Luiz I, sustentou. Até porque, confirmou o autarca, em termos de transporte público, as alternativas não vão ser "imediatas".

Da reunião saiu também a organização de um grupo de trabalho, que as câmaras municipais de Vila Nova de Gaia e Matosinhos serão chamadas a integrar, para que já a meio do próximo mês sejam avaliadas medidas concretas em novo encontro.

Isenção total de veículos pesados de mercadorias na A41 continua a ser a solução preferida dos autarcas

Tal como defende Rui Moreira, também a maior parte dos autarcas acredita que só a interdição à circulação de veículos pesados de mercadorias na VCI (exceto aqueles que tiverem como destino a cidade do Porto), e a respetiva isenção de portagens na A41, também conhecida como CREP (Circular Regional Externa do Porto), pode resolver o problema crónico daquela via.

O presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago, salientou à comunicação social no final da reunião que, no seu concelho, o maior problema além da Via Norte são os pórticos da A41, "tendo-se mostrado confiante de que com esta abordagem o problema será resolvido", assinala a Lusa.
Recorde-se que o autarca tinha reunido com Rui Moreira, no início do mês de setembro, na Casa do Roseiral, precisamente para debater o tema da mobilidade.

Isto porque, ao final do encontro, o secretário de Estado admitia que a solução poderia ser outra, envolvendo a intervenção nos pórticos da A4, nomeadamente ao nível da "localização e deslocalização pórticos" que, em articulação com outras medidas, possam constituir uma alternativa à isenção de portagens, informa a mesma fonte.

No entanto, o caminho de avaliação está em aberto e o processo de diálogo que agora se desenvolverá decorrerá no seio do grupo de trabalho, obrigado já no próximo mês a sopesar estas e outras hipóteses.

"O problema da VCI carece de uma solução urgente, por isso ficamos satisfeitos com a resposta do Governo. A solução da A4 pareceu-nos uma boa ideia por ser uma paralela à VCI", partilhou o presidente da Câmara do Porto, citado pelo JN, na reunião em que se fez acompanhar pela vereadora dos Transportes, Cristina Pimentel.

Ainda assim, a isenção de portagens para os pesados de mercadorias na A41, como defende Rui Moreira e como exorta também a Assembleia Municipal do Porto, que aprovou nesta segunda-feira por unanimidade uma moção do grupo Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido, continua a ser a solução que mais agrada aos autarcas.

Ao JN, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, diz que "só a isenção total de taxas na A41 vai resolver o problema dos pesados na VCI e na Via Norte. De outra forma, estes veículos continuarão a optar por aquelas duas vias". Já o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, compreende "que não se possa isentar totalmente [a A41]", mas defende que é sobretudo necessário para os pesados.

O presidente da Câmara de Espinho, Pinto Moreira, assinala que "a A41 é uma via estruturante no contexto regional, mas também nacional. É de todo bom senso que não seja portajada para aliviar os acessos ao Porto". Uma visão ainda partilhada pelo presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, que declarou à mesma publicação que "não portajar a A41 seria a solução mais inteligente e até do ponto de vista económico mais eficaz".