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Retrospetivas e ciclos temáticos: os próximos meses do Batalha prometem tudo isto

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Guilherme Costa Oliveira

As retrospetivas dedicadas a Melvin Van Peebles, André Gil Mata, Zacharias Kunuk e Yugantar Film Collective, o ciclo temático Domesticidade(s), o filme-concerto “Os Faroleiros e o projeto Batalhawood, realizado com os moradores do Porto com raízes no Bangladesh, são alguns dos destaques. Os bilhetes encontram-se à venda online e na bilheteira.

O programa inicia com a primeira retrospetiva em Portugal dedicada à obra de Melvin Van Peebles, pioneiro do cinema independente afroamericano e do movimento da Blaxploitation.

Com um estilo vibrante, de gatilho rápido na montagem e carregado de groove, o cinema de Van Peebles influenciou várias gerações de cineastas.

Apresentada entre 3 e 16 de fevereiro, a retrospetiva inclui uma seleção dos filmes do cineasta e um documentário, cujo argumento escreveu, sobre a representação da comunidade afroamericana no cinema.

Segue-se a retrospetiva integral dedicada a André Gil Mata, de 9 a 23 de fevereiro — com a antestreia nacional de “Pátio do Carrasco” (2023) e o lançamento de uma monografia, editada pelo Batalha, dedicada à obra e prática fílmica do realizador portuense.

Em março, entre os dias 11 e 26, destaque para a retrospetiva da obra, inédita em Portugal, do realizador, artista e caçador inuíte Zacharias Kunuk. Pioneiro na realização de cinema inteiramente falado na língua inuíte, o cineasta, premiado em Cannes, explica, através dos seus filmes, as tradições desta cultura e especula sobre os seus ritos e mitologia no tempo atual.

Cinema como “casa”

Domesticidade(s) é o novo ciclo temático do Batalha. Apresentado entre 8 e 31 de março, aborda o espaço doméstico a partir das diferentes vivências que nele podem ocorrer, focando-se nas suas ruturas e possibilidades afetivas, num convite ao espectador a refletir sobre a ideia de “casa”.

O ciclo inclui filmes de Chantal Akerman, Pedro Almodóvar, Ousmane Sembène, Jafar Panahi, Martha Rosler, Dóra Maurer, Fronza Woods, Catarina Alves Costa e Susana Nobre, entre outros cineastas.

No contexto do projeto Vizinhos, desenvolvido este semestre em colaboração com os vizinhos do Batalha com raízes no Bangladesh, são apresentados dois filmes onde se cruzam universos predominantes Dhallywood, indústria de cinema com sede na capital do Bangladesh.

As obras — que cruzam música, dança e cinema de ação — foram escolhidas após um trabalho apoiado em visitas, inquéritos e encontros com a população Bengali e a Associação Comunidade do Bangladesh. A 21 de fevereiro, o Centro de Cinema assinala o Dia da Língua Materna, data com especial interesse histórico para a cultura e língua Bengali, num evento que inclui a atribuição dos Prémios Interculturalidade 2022.

Nas noites de Lua Nova, o Batalha apresenta a obra de nomes emergentes no cinema português. A sessão de fevereiro é dedicada ao trabalho das realizadoras de animação Alexandra Ramires e Laura Gonçalves e a de março à artista visual Helena Estrela.

No programa Coletivos, é exibida, a 19 de março, a filmografia de Yugantar Film Collective, o primeiro coletivo de cinema indiano fundado e constituído exclusivamente por mulheres.

Filmada em contexto laboral ou familiar nos anos 80, a obra de Yugantar versa sobre o papel da mulher trabalhadora indiana, oferecendo registos do processo de ganho de consciência política e de luta coletiva por melhores condições.

Cinema nacional em destaque

A 22 de março, é apresentado o filme-concerto “Os Faroleiros”. O restauro desta raridade do cinema mudo português é exibido em estreia, com uma nova composição sonora encomendada pelo Batalha a Daniel Moreira e interpretada ao vivo pelo quarteto de cordas The Arditti Quartet. O filme, de Maurice Mariaud, foi restaurado no âmbito do FILMar, projeto operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa.

Dedicado ao cinema português, Seleção Nacional continua até março com a Constelação #1, que revisita as décadas de 80 e 90 da sociedade portuguesa, as suas transformações e o seu desejo de futuro. Segue-se a Constelação #2: El Dorado, apresentada a partir de março, que dá enfoque à problemática relação do cinema português com África.

Quinzenalmente, aos domingos, as Matinés do Cineclube incluem uma seleção de filmes que, entre fevereiro e março, recorda a história do Cineclube do Porto e o seu percurso até à sessão inaugural no Batalha, em novembro de 1947.

A inaugurar o ciclo de palestras A Minha História de Cinema, o Batalha recebe, a 14 de março, Manthia Diawara, para uma conversa e a apresentação, em estreia nacional, do seu filme A Letter from Yene. O investigador, escritor e realizador natural do Mali tem desenvolvido um prolífero trabalho no campo dos estudos culturais negros, com enfoque na diáspora africana.

Entre 10 de fevereiro e 23 de abril, a Sala-Filme e os foyers do Batalha acolhem a exposição Pedro Huet: Croma, o sono. O artista residente no Porto, centra o seu trabalho na imagem em movimento, imagem digital, fotografia e escultura. Esta é a primeira exposição a solo de Huet num centro de arte.

O programa completo está disponível em www.batalhacentrodecinema.pt