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Resposta cultural na Escola Pires de Lima avança independentemente do futuro do STOP

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O Executivo foi unânime na decisão de classificar o Centro Comercial STOP como edifício de interesse municipal. Na reunião desta segunda-feira, o presidente da Câmara esclareceu que o Município só agora pôde avançar para esta opção, terminado que está o prazo do processo de licenciamento de um projeto dos músicos. Rui Moreira assegura que a resposta cultural da autarquia na Escola Pires de Lima vai existir, independentemente do que vier a acontecer com o STOP.

"Se tivéssemos feito a classificação [nessa altura] teriam dito que estávamos a dinamitar o processo de licenciamento, que tínhamos objetivos obscuros", afirmou o presidente da Câmara, em resposta à vereadora do Bloco de Esquerda, Maria Manuel Rola, que acreditava que a classificação "já poderia ter sido feita há muito tempo".

Certo de que colocar esta decisão sobre a mesa poderia "ter inviabilizado o projeto" dos próprios músicos, Rui Moreira lembrou como a autarquia tentou várias opções, inclusive junto do Governo para que o Município pudesse intervir nos centros comerciais devolutos ou mesmo pagar as obras, mas são os "próprios músicos que não querem intervenção da nossa parte", porque, acusa, "estão muito mal aconselhados".

"É fácil não querer as coisas, é difícil é arranjar soluções", reforça o presidente, certo de que, com a classificação do edifício, "a Câmara conseguiu fazer o que o Governo não quis fazer", como, lembrou Rui Moreira, já havia feito em situações como no Vale Formoso ou no Teatro Sá da Bandeira. O autarca assegura que o Município "não vai avançar com o niilismo de nada querer fazer".

Por isso, está já em condições de arrancar com a elaboração do projeto para a Escola Pires de Lima. O vereador do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, adiantou que está "terminado o levantamento arquitetónico" e resolvidas "as patologias mais graves", nomeadamente ao nível de infiltrações de água.

"Temos material suficiente para trabalhar no projeto definitivo de todas as valências que se queiram levar a cabo", afirmou o vereador, acrescentando que a Câmara está a contar com aconselhamento dos músicos para identificação das necessidades técnicas do espaço para se transformar em salas de ensaio e gravação.

Questionado pelos jornalistas à parte da reunião, e mesmo que espere poder intervir caso venha a concretizar-se a mudança legislativa que permita ao Município fazer obras no centro comercial, Rui Moreira garante que a Escola Pires de Lima "não vai ser uma solução temporária, vai ser um projeto que vai ser desenvolvido".

"Nós vamos ter uma oferta 'Pires de Lima'. Há músicos que hoje dizem que não estão muito interessados, mas tenho a certeza que vão querer ir para lá quando estiver pronto", acredita o presidente da Câmara, reforçando que "isso não quer dizer que o STOP desapareça".

"Há lugar para as duas coisas e nós tudo faremos para viabilizar" a solução que for encontrada pelos proprietários e pelos músicos para o centro comercial, assegura Rui Moreira.

Solução para revitalizar ecossistema único no país

Para Rosário Gamboa, a "fundamentação dos critérios [da classificação] reforça a importância que o STOP tem". A vereadora socialista acredita que a Escola Pires de Lima "tem condições de albergar os músicos de forma provisória ou mesmo permanentemente", importando, essencialmente, que "não se perde esta riqueza única". Referindo como "muitas vezes as coisas se conseguem comprovar pela sua demonstração", a vereadora do PS considera que esta "é uma forma de revitalizar ou até potenciar este ecossistema".

Da parte da CDU, Ilda Figueiredo mostrou receio "de que fiquemos satisfeitos porque agora até se vai fazer uma classificação e esqueçamos tudo o resto, que é importante e é grave: o esmorecimento em torno do STOP, com a saída de muitos músicos".

No mesmo sentido, Maria Manuel Rola mantém a convicção de que "a solução para o STOP é o STOP" e de que "a legalidade [do edifício] poderia ser garantida através de obras coercivas".

Já a vereadora do Partido Social Democrata considerou que estava a ser feito "um aproveitamento de um assunto tão sério". Criticando as "informações falsas" divulgadas ao longo do processo, Mariana Ferreira Macedo sublinhou que "salvaguardar vidas não é uma birra política".