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Residência universitária gerida por estudantes vai surgir em pleno Centro Histórico

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O Centro Histórico da cidade vai receber uma injeção de sangue jovem com a instalação, num edifício propriedade da Câmara do Porto, na Rua da Bainharia, de uma residência universitária cuja gestão será partilhada entre a autarquia, a Federação Académica do Porto (FAP) e a Universidade do Porto.

O espaço acolheu os representantes das três instituições na manhã desta quinta-feira, numa espécie de pré-apresentação da estrutura residencial para estudantes que ali vai surgir já no próximo ano letivo. Referindo-se a esta valência como o “projeto-piloto de uma aliança estratégica entre as três instituições”, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, notou que “é muito importante para esta zona trazer para aqui uma população jovem. Aliás, isso insere-se na estratégia que tínhamos delineado.”

“Este edifício foi reabilitado pela SRU, no âmbito dos programas do Morro da Sé, para substituir o centro social existente. Por razões que temos de respeitar, o centro social nunca quis mudar para aqui. Compreendo que esta é uma rua que, em termos de acessibilidade, por exemplo para ambulâncias e tudo o mais, não é grande coisa. Mas, como tínhamos comprometimento relativamente a essa matéria, tivemos de aguardar estes anos para poder libertar este edifício para outro uso. O edifício está praticamente pronto a ser usado, tem algumas patologias que apenas resultam de ter estado fechado. Portanto, podemos avançar”, sublinhou o autarca, congratulando-se pelo entendimento alcançado: “É ótimo que haja esta inovação e empreendedorismo por parte da FAP, naturalmente com o apoio da Câmara do Porto e da reitoria.”

Rui Moreira lembrou ainda que o Município do Porto tem em curso outros projetos para dar resposta à carência de alojamento estudantil, nomeadamente o desenvolvimento, com a universidade, de uma residência para estudantes em Monte Pedral. “O edifício do quartel frontal será duplicado e isso será feito com a Universidade do Porto”, indicou.

No total, encontram-se em estudo, entre a Câmara e a Universidade do Porto, candidaturas conjuntas ao Plano de Recuperação e Resiliência, que possibilitem a mobilização de fundos comunitários para a construção em parceria de mais duas residências na cidade: no Morro da Sé (Centro Histórico), onde está prevista uma área de construção de 6750m2 e se estima um investimento de cerca de 7 milhões de euros; e no Monte Pedral (Constituição), onde a área de construção rondará os 5000m2 e o investimento estará entre os 6 e os 6,5 milhões de euros.

“Trabalho em rede”

“O problema do alojamento estudantil é crónico, e é por isso mesmo que a academia do Porto e a Câmara unem aqui esforços para prestar este novo serviço. É mais uma resposta face ao problema do alojamento estudantil, já no próximo ano letivo”, indicou a presidente da Federação Académica do Porto, Ana Gabriela Cabilhas, acrescentando: “Esperamos que este trabalho em rede da autarquia, de uma estrutura estudantil como é a FAP, e das instituições de ensino superior possa dar uma resposta adicional. A execução do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior tem ficado aquém das expectativas e estas iniciativas servem para complementar essa estratégia.”

A dirigente estudantil detalhou que estão previstos 20 quartos para o edifício na Rua da Bainharia. “O número de camas será posteriormente definido. Relativamente às candidaturas, este alojamento terá um leque de beneficiários os vários estudantes da academia do Porto, independentemente do subsistema de ensino ao qual estejam afetos. O processo de seleção terá sempre como base critérios, nomeadamente, de carência socioeconómica”, vincou.

“O modelo de gestão ainda está a ser trabalhado, mas a premissa-base será sempre alojamento a preços acessíveis e controlados, que os estudantes possam pagar. Será a primeira vez em que temos um serviço de alojamento prestado por uma estrutura estudantil, portanto a inovação passa por esta responsabilidade”, concluiu Ana Gabriela Cabilhas, agradecendo à autarquia pela “cedência em bom tempo” do espaço.

O reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira, salientou que este projeto-piloto permitirá “experimentar um novo modelo de governação para as residências que pode ser extremamente interessante para o futuro e vai naturalmente ser avaliado por nós, pela Câmara, pelos estudantes. Se tiver sucesso pode eventualmente ser estendido a residências universitárias de maior dimensão. A nossa expectativa é que isso venha a acontecer e seja possível prestar um bom serviço a toda a gente.”

“Temos perto de 6000 camas construídas nos últimos anos na cidade, em residências universitárias privadas, mas permanece uma falta de resposta estruturada para os estudantes de classe média e média-baixa. É para dar resposta às necessidades desses estudantes que foi desenhado este plano, que conta com residências a serem construídas pela universidade – aí estaremos a falar de qualquer coisa como 400/450 camas adicionais – residências a serem construídas em consórcio com a Câmara do Porto – que andará na ordem de mais 300 camas – e este projeto-piloto”, explicou.

Reabilitações em curso

À margem da visita à futura residência universitária da Rua da Bainharia, a comitiva – que incluiu a equipa de vereação da Câmara do Porto e os órgãos sociais da empresa municipal Porto Vivo, SRU – ficou a conhecer o andamento dos trabalhos de reabilitação de um imóvel ali ao lado, na Rua de Sant’ana, destinado a arrendamento acessível.

“Temos vindo a fazer um grande esforço, aqui no Centro Histórico, para colocar casas à disposição da população. Neste edifício vão ser construídos 14 apartamentos”, detalhou Rui Moreira, acrescentando: “Há muito mais procura do que oferta. Estamos a colocar as casas abaixo do preço de mercado, e com muito melhor qualidade – nestas que estão a ser construídas, vão ali ser colocados T2 à volta dos 500 euros, com elevador, com todas as acessibilidades e tudo o mais. As pessoas, mesmo aquelas que têm casa, prefeririam as casas da SRU, porque as casas da SRU são melhores e a um preço acessível.”

O trabalho prosseguirá para dar resposta às situações mais prementes, concluiu o presidente da Câmara do Porto: “Não temos uma varinha mágica. Nós não vamos conseguir resolver o problema de toda a gente, vamos resolvendo. Isto é um processo que vai decorrendo, e nós temos muitas outras reabilitações para fazer.”