Economia

Região Norte mais resiliente à crise segura o nível de exportações

  • Isabel Moreira da Silva

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Miguel Nogueira

As empresas exportadoras da Região Norte estão a adaptar-se melhor aos constrangimentos criados pela pandemia, em alguns casos com “surpreendentes crescimentos”, como é o da Critical Software, instalada no Porto, que fecha 2020 com mais 11% de exportações, no volume de negócios global de 64 milhões de euros.

Em 2020, o Norte manteve um excedente comercial que ascendeu a 4,5 mil milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 128%, quando a média nacional se fixa 79,3%. Os dados são revelados na edição de hoje do Jornal de Notícias que, com base na Associação Empresarial de Portugal (AEP), informa que as empresas da Região, com forte pendor industrial e exportador, continuaram a vender, no ano passado, com quebras abaixo da média nacional, estando também sinalizados alguns exemplos de verdadeira expansão nos mercados externos.

E – dos setores tradicionais ao setor das TIC – há bons exemplos da capacidade de resiliência e reinvenção. “Só no Norte, mais de 16 mil empresas exportadoras estiveram expostas aos impactos do combate à Covid-19 no ano passado. A maioria conseguiu reagir, reinventar-se, em alguns casos, e procurar novas rotas, noutros. Setores tradicionais, como o têxtil, deram a volta à quebra nas encomendas de moda e dedicaram-se às máscaras certificadas, aumentando o peso nas vendas para 18%. As tecnológicas deram resposta às necessidades de investimento no digital em todo o mundo e ampliaram negócios com o estrangeiro”, assinala o artigo.

Um desses casos assentou arrais no Porto há quatro anos. A Critical Software – empresa portuguesa que tem a NASA como um dos seus principais clientes – conseguiu consolidar-se lá fora, fruto de uma estratégia de exportação de serviços, na ordem dos 85%, para duas dezenas de mercados, sendo os mais relevantes o alemão (29%) e o britânico (26%). Ao JN, o diretor financeiro, Pedro Murtinho, explica que embora não tenham passado incólumes à crise, sentindo o impacto em mercados como a da aviação, houve “outros que trabalharam bem, como os transportes (temos projetos da ferrovia no Reino Unido, EUA, Alemanha, Suíça, Suécia), a energia, a banca e seguros e telecomunicações”.

Ainda no grupo da Critical Software, a empresa Critical TechWorks, que resulta de uma aliança com a gigante automóvel BMW, está também numa fase de franco crescimento, tendo apresentado, no verão do ano passado, uma duplicação da faturação para 57 milhões de euros, abrindo mais contratações de quadros especializados para o Porto, como noticiou o Porto.

Segundo uma análise mais abrangente, o artigo do Jornal de Notícias indica também, com base em que declarações da consultora Informa D&B, que a maioria das empresas exportadoras sediadas no Norte do país apresenta “um risco mínimo ou reduzido de cessar atividade nos próximos 12 meses sem pagar as suas dívidas (77%) e uma resiliência elevada a média (83%)”.

No entanto, muito se deve, também, à capacidade de sacrifício pessoal para manter os negócios, grande parte de cariz familiar, avaliam os especialistas, que consultados pela publicação consideram que a resistência à entrada de capitais externos pode ser uma desvantagem.

“Pessoas do Norte” fazem a diferença

Para o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, “as pessoas do Norte” constituem um dos principais fatores de competitividade das exportadoras da Região, cita o JN. A justificação, uma vez mais, recai em larga medida no “esforço dos empresários por manter as pessoas de que vão precisar para recuperar”, principal motivo, acima dos apoios governamentais, para que a taxa de desemprego apresentar a Norte valores mais baixos.

Recorde-se que no segundo trimestre de 2020, entre abril e junho, a CCDRN (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte) já dava nota dos bons resultados da Região Norte, documentando que as exportações estavam a disparar e já se evidenciavam no plano da média nacional.