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Reconversão de antigo lavadouro na Vitória aumenta habitação apoiada no Centro Histórico

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Chama a atenção o espaço criado, os materiais, a nova cobertura verde, a sintonia com o meio envolvente e, claro, as vistas. Fruto da reconversão de um antigo lavadouro e balneários na Rua da Vitória, o Município do Porto aumentou a oferta de habitação apoiada com a disponibilização de quatro fogos em pleno Centro Histórico. O projeto da Domus Social, cujo investimento vive na casa dos 400 mil euros, foi escolhido para integrar o roteiro do 8.º Open House, que acontece este fim-de-semana.

A longínqua história do edifício ajuda a perceber o estado de degradação em que se encontrava quando, há dois anos, tiveram início as obras de reabilitação, seguindo o projeto do gabinete de arquitetura MAVAA.

A estrutura, datada dos anos 40, viu ali nascer a função que nunca lhe seria tirada quando, no final da década de 1980, o Comissariado para a Renovação Urbana da Área de Ribeira/Barredo construiu dois fogos para habitação apoiada, com lavadouro e balneários.

A obra agora terminada é, para o vereador da Habitação, “importante a vários níveis”. Por um lado, sublinha Pedro Baganha, “porque é um belíssimo projeto de arquitetura, que corresponde a um cuidado que, normalmente, as pessoas não associam à habitação social”, que, reforça, “não tem que ser de menor qualidade, muito pelo contrário”.

Para o responsável pela Habitação, a obra corresponde, também, “à materialização de um objetivo político que é a manutenção das populações a residir no Centro Histórico mas, mais do que isso, o reforço da função habitacional neste território”.

“Isto é um projeto que acontece no meio de um percurso, de um esforço continuado e quotidiano do Município na reabilitação do seu próprio stock habitacional”, afirma Pedro Baganha, lembrando o inventário concluído há cerca de dois anos, que referenciou quase 200 fogos municipais a carecer de intervenção, um trabalho que vem “acontecendo todos os dias”.

O vereador referiu como “a propriedade pública no centro da cidade está atomizada, dispersa no território”, em pequenos edifícios, uma realidade que o responsável pela Habitação considera “mais interessante do que ter grandes complexos residenciais porque permite uma integração social e arquitetónica, que é o que se deseja num território vivo, e não a criação de condomínios”. “A cidade é isto”, sublinha Pedro Baganha.

Lembrando como o Porto é “o município do país com maior número de fogos sociais per capita ou por área”, gerindo habitação para 30 mil pessoas, o vereador sublinhou a estratégia municipal de “investir constante e permanentemente na reabilitação do parque habitacional” em sintonia com “o investimento na construção de nova oferta”, também para arrendamento acessível.

Qualidade habitacional no Património da Humanidade

Carlos Machado e Moura, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, assume que as “preocupações fundamentais” se prenderam com a missão de “dar o melhor conforto, uma arquitetura de qualidade, uma atenção à escolha dos materiais, seja o mármore, o granito, a madeira, criando espaços que, mesmo sendo relativamente exíguos, tivessem espacialidades particulares”.

Recorrendo a materiais sustentáveis e de qualidade, pois “estamos em pleno Património da Humanidade”, e criando a “primeira cobertura verde da Domus Social”, a dupla da MAVAA Arquitetos procurou assegurar a sintonia com a paisagem, “para que o edifício seja visto enquadrado no local onde se insere”.

Casas estarão habitáveis este mês

Instalados os quadros elétricos, os quatro fogos – os dois T2 já existentes e os dois T1 criados - na Rua da Vitória estão prontos a receber os moradores: os que já ali moravam e quiserem voltar (depois de realojados durante o tempo de obra) e os novos, que cumprirem os critérios de atribuição de habitação social.

Pedro Baganha recorda que “a renda social tem sempre como referencial o rendimento dos agregados, não é o valor do imóvel a determinar a renda”, que poderá oscilar entre os 28 e os 240 euros mensais. A vista, essa, não tem preço.